China mira Nvidia com investigação antitruste
Última vez que a China iniciou investigação antimonopólio contra uma empresa estrangeira de tecnologia de grande porte foi em 2013
A China informou nesta segunda-feira (9) que iniciou uma investigação sobre a Nvidia, por suspeitas de violações da lei antimonopólio do país, em um movimento amplamente visto como um contra-ataque às mais recentes restrições de Washington ao setor de chips chinês.
Segundo a Reuters, o comunicado da Administração Estatal para Regulação do Mercado (SAMR) anunciando a investigação não detalhou de que forma a empresa norte-americana, conhecida por seus chips de inteligência artificial (IA) e jogos, poderia ter violado as leis antimonopólio da China.
A SAMR afirmou que a fabricante de chips dos EUA também é suspeita de violar compromissos assumidos durante a aquisição da empresa israelense de design de chips Mellanox Technologies, conforme os termos estabelecidos na aprovação condicional do acordo em 2020 pelo regulador chinês.
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A Nvidia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. As ações da empresa caíram 2,2% nas negociações de pré-mercado em Nova York após o anúncio do regulador chinês.
A investigação ocorre depois de os EUA terem lançado, na semana passada, seu terceiro ataque em três anos contra a indústria de semicondutores da China, impondo restrições de exportação a 140 empresas, incluindo fabricantes de equipamentos para chips.
Exportações
Como um sinal de que a China pretende contra-atacar com força as últimas medidas, logo após o anúncio de Washington, Pequim proibiu exportações aos Estados Unidos de minerais críticos como gálio, germânio e antimônio.
Pequim afirmou nesta segunda-feira (9) que está investigando supostas violações da lei antimonopólio do país.
No mesmo dia, quatro das principais associações da indústria chinesa emitiram uma resposta conjunta e incomum, dizendo que as empresas chinesas deveriam ter cautela ao comprar chips dos EUA, pois “já não são seguros”, e deveriam comprar localmente em vez disso.
Tensão EUA-China
A Nvidia foi uma das muitas empresas envolvidas nas tensões EUA-China. Uma rodada anterior de restrições de exportação dos EUA impediu a Nvidia de vender seus chips de IA mais avançados para a China, o que a levou a desenvolver novas versões específicas para o mercado chinês, em conformidade com os controles de exportação dos EUA.
A Nvidia dominava o mercado chinês de chips de IA, com mais de 90% de participação, antes dessas restrições. No entanto, atualmente enfrenta competição crescente de rivais domésticos, principalmente a Huawei. A China representou cerca de 17% da receita da Nvidia no ano encerrado em janeiro, uma queda em relação aos 26% de dois anos antes.
Em 2020, a empresa obteve uma aprovação fundamental da China para sua aquisição da Mellanox Technologies, apesar das preocupações de que Pequim pudesse bloquear o acordo devido às tensões comerciais entre EUA e China.
A aprovação chinesa impôs múltiplas condições à Nvidia e às operações da entidade resultante da fusão na China, incluindo proibições de venda casada forçada de produtos, termos comerciais abusivos, restrições de compra e tratamento discriminatório de clientes que compram produtos separadamente.
A última vez que a China iniciou uma investigação antimonopólio contra uma empresa estrangeira de tecnologia de grande porte foi em 2013, quando investigou a subsidiária local da Qualcomm por cobrança excessiva e abuso de posição dominante no padrão de comunicações sem fio.
Posteriormente, a Qualcomm concordou em pagar uma multa de US$ 975 milhões, o que na época representou a maior multa já aplicada pela China a uma empresa.
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