China intensifica críticas a chips dos EUA e afirma que não são confiáveis

Indústrias chinesas alertam para riscos em adquirir chips norte-americanos em meio às crescentes tensões comerciais entre China e EUA

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5:20 pm - 04 de dezembro de 2024
Imagem: Shutterstock

As tensões comerciais entre China e Estados Unidos continuam a crescer com uma nova ofensiva da China contra a compra de chips americanos. Na terça-feira (3), quatro das principais associações industriais chinesas emitiram um alerta raro e coordenado para que empresas chinesas evitem a aquisição de semicondutores dos EUA, afirmando que eles “não são mais seguros” e sugerindo que comprem chips produzidos localmente ou de outros países.

Segundo informações publicadas pela Reuters, essas declarações vieram em resposta às recentes restrições americanas sobre a indústria de semicondutores chinesa, mostrando uma clara escalada na disputa econômica entre as duas maiores potências do mundo.

Essas advertências fazem parte de um movimento que se intensificou após os Estados Unidos, na segunda-feira (2), anunciarem a terceira rodada de restrições em três anos contra a indústria de chips chinesa.

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As novas sanções visam exportações para 140 empresas, incluindo a fabricante de equipamentos para chips Naura Technology Group. Com isso, as associações da China alertaram para o risco que empresas enfrentam ao adquirir semicondutores de gigantes como Nvidia, AMD e Intel. A sugestão de mudar o fornecimento para chips produzidos localmente ou por outras regiões do globo visa fortalecer a independência da China em relação aos Estados Unidos.

“Os chips dos Estados Unidos não são mais seguros nem confiáveis”, afirmou a Associação de Comunicações da China. Embora as declarações não tenham detalhado os motivos específicos pelos quais esses chips não seriam seguros, o tom sugere que a medida é uma resposta direta às crescentes sanções dos EUA contra a indústria chinesa.

Tom Nunlist, diretor associado da consultoria Trivium China, comentou que esses alertas podem ser vistos como um conselho brando — as empresas chinesas podem ouvir, mas o mercado determinará se seguirão essas recomendações. “O verdadeiro impacto é a proibição de exportação de minerais críticos, que é muito mais significativo”, acrescentou Nunlist.

Exportação de metais raros

Em meio às tensões, Pequim também anunciou que proibirá a exportação de minerais raros utilizados em aplicações militares, células solares, cabos de fibra ótica e outros processos de manufatura. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca afirmou que os EUA continuarão tomando as medidas necessárias para impedir a “coerção” por parte da China e diversificarão suas cadeias de suprimento para reduzir a dependência do país asiático.

A Associação da Internet da China também encorajou as empresas domésticas a pensarem cuidadosamente antes de comprar semicondutores dos EUA, sugerindo que ampliassem a cooperação com empresas de chips de outros países e regiões fora dos Estados Unidos. Além disso, a associação incentivou as empresas a utilizarem, de forma proativa, chips produzidos por empreendimentos tanto nacionais quanto estrangeiros instalados na China.

Segurança

A Associação de Empresas de Comunicações da China acrescentou que não vê mais os chips dos EUA como produtos seguros ou confiáveis e instou o governo chinês a investigar a segurança da cadeia de suprimentos da infraestrutura crítica de informação do país. A preocupação sobre a segurança dos chips também levou ao recente apelo para uma revisão de segurança dos produtos da Intel na China, alegando que a fabricante de chips dos EUA tem constantemente prejudicado a segurança nacional chinesa.

A Associação da Indústria de Semicondutores dos Estados Unidos, que representa as principais fabricantes de chips, rebateu as afirmações das associações chinesas. “Apelos coordenados na China para limitar a aquisição de chips dos EUA são inúteis, e qualquer alegação de que chips americanos não são mais seguros ou confiáveis é simplesmente imprecisa”, afirmou o grupo em comunicado.

A associação reiterou sua crença de que “os controles de exportação devem ser estreitos e direcionados para atender a objetivos específicos de segurança nacional” e pediu que ambos os governos evitem uma escalada ainda maior das tensões.

O que diz o mercado?

A reação da China também é vista como parte de um esforço mais amplo para fortalecer suas próprias indústrias e reduzir a dependência de tecnologia estrangeira, particularmente em setores considerados estratégicos, como o de semicondutores. Apesar das restrições, empresas como Nvidia, AMD e Intel continuaram vendendo produtos no mercado chinês, mas enfrentam crescentes desafios diante da pressão do governo para localização da produção.

A batalha tecnológica entre EUA e China está longe de ser resolvida, com os dois países impondo sanções e restrições visando proteger seus interesses nacionais. O presidente-eleito Donald Trump, que retornará ao cargo em janeiro, prometeu retomar a guerra comercial com a China, impondo tarifas elevadas sobre produtos importados chineses.

A postura de Trump deve intensificar ainda mais as tensões, e ambos os lados parecem determinados a proteger seus setores tecnológicos em um momento em que a indústria de semicondutores se torna cada vez mais crítica para a segurança nacional e o crescimento econômico.

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Redação

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