Cesar Gon: ‘Devemos estar menos presentes na perspectiva de M&A em 2023’

Executivo faz balanço sobre o primeiro ano de IPO aberto e conta os planos para os próximos meses

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3:16 pm - 03 de fevereiro de 2023
Cesar Gon, CEO da CI&T. Foto: Divulgação

Em novembro de 2021, a CI&T abriu capital na Bolsa de Nova Iorque (Nyse). Após pouco mais de um ano da decisão, a companhia coleciona aquisições não apenas no Brasil, mas nos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido – um foco estratégico para diminuir gaps em sua internacionalização.

Em entrevista ao IT Forum, Cesar Gon, CEO da empresa, conta detalhes de um ano que poderá ter 51% de crescimento em receita e alerta: apesar de olhar para o mercado de M&A, 2023 será mais discreto em relação ao ano que passou.

“No quesito estratégico, a gente conseguiu executar em uma velocidade maior do que achávamos preencher gaps da nossa estratégia global principalmente fora do país. Agora a gente precisa, no fundo, digerir e acelerar o crescimento em cima dessas plataformas. Então passa a ser um jogo mais nosso, de crescimento orgânico.”

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Confira os melhores momentos da entrevista:

IT Forum: Qual o balanço de vocês no primeiro ano após IPO, principalmente após tantas aquisições?

Cesar Gon: As aquisições foram a agenda pós-IPO. O plano era acelerar e compor a nossa história de crescimento orgânico com aceleração por meio de aquisições em mercados específicos que achávamos que tinham espaços mais promissores. Logo antes do IPO, fizemos a aquisição da Dextra, que deu uma escala importante para a gente. Depois fizemos na Inglaterra, Austrália e, por fim, uma empresa em uma vertical de serviços financeiros nos Estados Unidos. E no meio disso tudo a gente fez a aquisição da Box1824 que é uma empresa de tendências, comportamento, que eu acho que adiciona à nossa perspectiva estratégica.

Foi um ano fantástico na perspectiva estratégica e de crescimento. Temos a expectativa de crescimento de 51% em receita em 2021/2022 [os resultados sairão no início de março], em um ano complexo do ponto de vista geopolítico.

E a gente projeta uma agenda nova para 2023. Eu diria que devemos ser menos presentes na perspectiva de M&A. Acredito que a gente fez os grandes movimentos que queríamos e, claro que vamos continuar olhando o mercado. Entretanto, tínhamos essas lacunas para Ásia, que precisávamos de uma estratégia mais consistente para a Australia. Europa a gente tinha uma obsessão para avançar na Inglaterra e os Estados Unidos é o grande mercado do mundo, então a gente precisava também. Serviços financeiros é o maior mercado global da CI&T e não era tão significativo nos EUA, então agora a gente preenche essa lacuna vertical.

Nós já fizemos toda a troca de branding. Todas as empresas já se tornaram CI&T. A única que será mantida com identidade própria é a box.

IT Forum: Por que vocês tomaram essa decisão?

Cesar Gon: A Box é uma empresa que tem um modelo de negócios, uma lógica e um posicionamento complementar à CI&T. As outras eram empresas de tecnologia, digitais. Na nossa análise, a gente teria que fazer uma transição para dar tempo de capturar a reputação local de cada uma dessas empresas. Elas navegaram alguns meses como “part of CI&T family” para dar tempo de nos apresentarmos para os clientes, mas em seguida fizemos a unificação global das marcas. Foi o ano de fazer a alavancagem dessas plataformas e terminar o processo de integração.

IT Forum: Quais foram os principais desafios nesse último ano?

Cesar Gon: O dia a dia da empresa de capital aberto tem uma governança, uma série de protocolos mais incorporados do que a empresa de capital fechado. Você passa a ter dezenas de acionistas e uma lógica de comunicação com o mercado que estamos aprendendo.

Nós éramos uma empresa que a vida toda cresceu organicamente. Mas eu falo que a CI&T quando decide fazer alguma, faz com intensidade. A gente sai do crescimento orgânico para uma empresa que consegue conciliar com o novo. Então fizemos 5 aquisições nos últimos 14, 15 meses. É um movimento fantástico, mas demanda muito esforço e muito desenvolvimento. E trouxe muito aprendizado.

Além disso, temos que ajudar os clientes nessa virada no momento econômico atual. Nós vivemos muitos anos de abundância econômica global, veio a pancada da pandemia e agora vivemos essa sobreposição de crises pós-pandêmicas com o tempero de uma guerra na Europa. Isso muda bastante o contexto de negócio e eu acho que a gente está se adaptando rápido para conseguir ajudar nessa nova agenda dos nossos clientes, que na perspectiva digital passa por esse foco em eficiência e é uma preparação para conseguirem tirar proveito de um novo conjunto de possibilidades de tendências e tecnologias.

IT Forum: Qual o novo momento da CI&T em 2023?

Cesar Gon: No quesito estratégico, a gente conseguiu executar em uma velocidade maior do que achávamos preencher gaps da nossa estratégia global principalmente fora do país. Agora a gente precisa, no fundo, digerir e acelerar o crescimento em cima dessas plataformas. Então passa a ser um jogo mais nosso, de crescimento orgânico. Porém, como temos essa competência e a empresa de capital aberto tem uma estrutura que permite que ela seja mais agressiva em M&A, vamos continuar olhando o mercado, talvez mais de maneira oportunista do que estratégica.

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