‘Carros voadores’ e o futuro da mobilidade urbana

Com 830 encomendas no Brasil, eVTOLs enfrentam desafios regulatórios e de infraestrutura para decolar

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8:40 am - 08 de agosto de 2024
Carlos Mello, CSO da Vertical Connect e Emerson Granemann, CEO da MundoGEO. Fotos: divulgação.

Os “carros voadores”, também conhecidos como eVTOLs (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical), estão se aproximando rapidamente de se tornarem uma realidade nas grandes cidades, com investimentos significativos de empresas de tecnologia e startups de aviação.  

Embora essa ideia possa evocar imagens dos Jetsons, o conceito está longe da ficção. Empresas como Uber e Volocopter estão liderando a corrida para desenvolver um sistema de transporte aéreo urbano eficiente e acessível, funcionando como uma extensão do transporte público. A Uber já realizou testes com o serviço Uber Air, enquanto a startup alemã Volocopter desenvolve táxis aéreos urbanos. 

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No Brasil, a EHang, uma empresa chinesa, apresentou seu eVTOL no início deste ano. Recentemente, tornou-se a primeira fabricante de eVTOL a obter certificação do tipo para aeronaves não tripuladas, permitindo voos com passageiros sem um piloto a bordo, após um processo de quase três anos com a Administração de Aviação Civil da China (CAAC). 

A Eve, subsidiária da Embraer, também está investindo no desenvolvimento de eVTOLs. Até maio deste ano, a Embraer anunciou a venda de cerca de 3.000 “carros voadores” para empresas internacionais, com entregas previstas para começar no final de 2026. Cada veículo, avaliado em cerca de R$ 15 milhões, promete ser um avanço significativo na mobilidade urbana. 

Além disso, a startup brasileira Vertical Connect, com sede no Ceará, apresentou o Gênesis-X1, o primeiro eVTOL 100% brasileiro. Com capacidade para transportar duas pessoas, a Vertical Connect busca reafirmar o protagonismo brasileiro no setor de aviação, homenageando Santos Dumont, o pai da aviação.  

Carlos Mello, CSO da Vertical Connect, explica que a ideia surgiu após a pandemia, com o objetivo de desenvolver aeronaves menores e menos poluentes. “Começamos com a ideia de criar aeronaves para o setor agrícola e expandimos para eVTOLs”, afirma Mello. 

Apesar dos desafios enfrentados, como a falta de apoio financeiro governamental e de investidores, a empresa avançou com a colaboração de uma equipe qualificada, que investiu recursos próprios para manter o projeto em andamento. 

Para o futuro, o executivo tem metas ambiciosas. “Nos próximos cinco anos, planejamos iniciar a produção de aproximadamente 200 a 300 aeronaves para o setor agrícola, aumentando a produção gradualmente. Esperamos também que o processo de certificação e homologação do nosso modelo Gênesis esteja em andamento, com uma previsão de certificação até 2027”, revela.

O desafio regulatório 

No Brasil, a expectativa em torno dos carros voadores é alta devido aos desafios de mobilidade urbana enfrentados por cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que estão entre as mais congestionadas do mundo. A introdução de veículos aéreos poderia transformar o transporte urbano nessas metrópoles. 

No entanto, a regulamentação ainda é um desafio significativo. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e outros órgãos reguladores estão desenvolvendo diretrizes para o uso de eVTOLs, focando em questões de segurança, impacto ambiental e integração com o espaço aéreo existente. 

Nesse contexto, Emerson Granemann, CEO da MundoGEO e organizador da Expo eVTOL em São Paulo, sugere que futuras regulamentações considerem grupos de aeronaves com características semelhantes. “A ANAC está correta em exigir habilitações específicas para cada modelo, pois as empresas estão desenvolvendo eVTOLs de maneiras distintas. No futuro, veremos esses modelos agrupados de forma similar”, diz Granemann. Essa abordagem pode facilitar a adaptação e a aceitação das novas regras por parte das empresas. 

Enquanto isso, segundo a Vertimobi Infrastructure, os eVTOLs, que ainda estão em fase de certificação, já receberam 830 encomendas de oito empresas de aviação comercial e táxi aéreo no Brasil, o que revela um grande interesse dos investidores na inovação. 

Entretanto, existem fatores que podem influenciar o desenvolvimento desse mercado, como a regulamentação da ANAC sobre a construção de vertiportos (aeroportos de eVTOLs) e a possibilidade de resistência dos consumidores em adotar essa nova tecnologia. A aceitação do público será um aspecto crucial para o sucesso dos eVTOLs como alternativa de mobilidade. 

“Por ser algo novo, há resistência e ceticismo. Estamos cientes do desafio de educar o mercado e acreditamos que os eVTOLs são o futuro da mobilidade urbana”, afirma o CSO da Vertical Connect.  

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Pamela Sousa

Redatora no IT Forum, é graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria, RS. Com 2 anos de experiência em produção de conteúdo, concentra-se na elaboração de reportagens e artigos jornalísticos.

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