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O burnout materno: a força do cuidado, o peso da sobrecarga

O esgotamento materno se inicia ainda durante a gravidez, quando a mulher geralmente precisa manter sua jornada de trabalho, estudos e vida familiar e ainda lidar com os preparativos para a chegada de um bebê, além das mudanças hormonais e físicas que seu corpo passará ao longo da gestação e puerpério.

O nascimento da criança marca um momento intenso, feliz, mas ao mesmo tempo cansativo para a mãe. E tudo bem ficar cansada, pois não é fácil, nem simples cuidar de um bebê. A coisa pararia por aí, se não fosse a sobrecarga gerada por duplas ou triplas jornadas que carregamos.

Leia mais: Katia Ortiz, VP da ServiceNow, conta como equilibra carreira e maternidade 

Historicamente, elas assumiram a maior parte das responsabilidades de cuidado dentro das famílias e comunidades e todos os dias meninas e mulheres ao redor do planeta dedicam mais de 12 bilhões de horas ao cuidado não remunerado, segundo pesquisa da Oxfam Brasil. Isso inclui o cuidado de crianças, idosos, doentes, bem como as tarefas domésticas.

Embora essas atividades sejam essenciais para o funcionamento da sociedade, ou seja, fazem o mundo girar, elas têm sido frequentemente subvalorizadas e invisibilizadas no contexto econômico tradicional.

A pesquisa Tempo de Cuidar, da Oxfam Brasil, constatou que se esse trabalho fosse contabilizado e pago, ele representaria mais de 10 trilhões de dólares anuais – cerca de três vezes o valor que a indústria de tecnologia injeta da economia mundial  a cada ano e se fosse um país, seria a 4ª maior economia.

Essas horas trabalhadas e não remuneradas relacionadas ao ato de cuidar de outras pessoas e do ambiente são chamadas de “Economia do Cuidado”, um conceito que tem ganhado destaque nas discussões econômicas e sociais contemporâneas. E ele geralmente recai de forma desproporcional sobre as mulheres, impactando significativamente suas vidas e, consequentemente, sua saúde mental. A sobrecarga de trabalho pode levar à exaustão física e emocional, aumentando o risco de estresse, ansiedade e depressão.

Além disso, a falta de reconhecimento e apoio para essas tarefas podem minar a autoestima e a autonomia das mulheres, prejudicando ainda mais seu equilíbrio emocional. Diante de todo esse cenário, há  alguns anos começaram a surgir discussões sobre a semelhança do esgotamento materno com aquele observado nas atividades de trabalho formais e remuneradas e atualmente já se fala em burnout materno.

Trata-se de uma condição de esgotamento físico, emocional e mental semelhante ao que acontece nas situações de trabalho formal causado por uma sobrecarga de responsabilidades e estresse. Ela pode levar a uma série de problemas como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático.

É válido destacar que essa condição não é sinal de fraqueza ou causada pela maternidade em si, mas pelo modo como a mulher está vivendo esse momento e o quanto de ajuda ela recebe, ou seja, é uma resposta natural a uma carga excessiva de responsabilidades e pressões.

O burnout materno pode se manifestar de várias formas, incluindo fadiga crônica, mesmo após dormir o suficiente, irritabilidade, com uma agressividade que não é habitual, falta de motivação, sentimentos de desesperança e isolamento social. As mães ou outras pessoas envolvidas em cuidados podem se sentir constantemente esgotadas, e enfrentar dificuldades para encontrar alegria nas atividades que antes traziam satisfação.

Aqui estão algumas ações que podem ser tomadas para reduzir o risco de burnout e outros transtornos mentais em pessoas envolvidas em cuidados:

● Garantir que o trabalho de cuidado seja distribuído de forma mais equitativa entre os gêneros;

● Ampliar as discussões sobre licença parental, creches acessíveis e serviços de cuidado de longo prazo;

● Reconhecer e valorizar o trabalho de cuidado não remunerado.

● Criar espaços de apoio, serviços de aconselhamento e programas de educação sobre saúde mental;

Ao tomarmos medidas para apoiar as mães, estamos investindo na saúde e no bem-estar de toda a sociedade.

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