Mais da metade dos brasileiros se diz “muito confortável” com novas tecnologias de pagamento

Pesquisa 'Hábitos do Consumidor', apresentada pela Mastercard, mostrou que Brasil tem avançado em novas modais de pagamento

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9:00 am - 11 de março de 2024
Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard Brasil (Imagem: Divulgação)

Mais da metade (53%) dos brasileiros se sente “muito confortável” adotando novas tecnologias de pagamento. O dado é da pesquisa Hábitos do Consumidor, divulgada pela Mastercard neste mês. Os dados apontam também que a confiança nas medidas de segurança é o principal motivo para o uso deste modal por 59% dos consumidores, e que, para 55% dos brasileiros, a adoção de pagamentos eletrônicos é motivada pelo ganho em conveniência.

Um dos exemplos disso é a tecnologia sem contato. Hoje, a Mastercard já registra 56% das transações no Brasil feitas através deste tipo de transação, seja em dispositivos celulares ou via cartões. “Essa modalidade cresce de forma vertiginosa. Nos próximos dois anos, isso deve chegar aos 70%. Em 2021, essa penetração não passava dos 20%”, explicou Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard Brasil, durante um evento de apresentação da pesquisa.

No total, 77% dos consumidores utilizaram pagamentos eletrônicos na América Latina no último ano. Também entre os latino-americanos, 64% utilizam cartão de crédito nas compras presenciais, enquanto 38% utilizam cartão de débito. “Os países da América Latina têm um perfil de utilização diferente. É uma questão socioeconômica e de costumes, mas o crédito é muito forte”, disse.

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A pesquisa apontou ainda que a segurança – e especificamente a preocupação com fraudes – é o principal fator que determina o comportamento do consumidor em relação aos métodos de pagamento que utilizam. Entre os brasileiros, 79% indicaram que a segurança é muito importante quando realizam um pagamento online, sendo que 49% afirmam que são extremamente cuidadosos com pagamento online e sempre escolhem o pagamento mais seguro disponível. O grau de importância se repete para compras presenciais (75%), com 48% dos consumidores escolhendo pagamentos que já estão familiarizados e 42% também considerando a conveniência na hora da compra.

Além disso, 74% afirmaram que privacidade é uma prioridade. A coleta de dados pessoais é uma preocupação de 98% dos entrevistados, e 41% deles não estão dispostos a compartilhar mais informações financeiras para ter experiências personalizadas.

“Sabemos que os ciberataques e casos de fraude são uma preocupação crescente em nossa sociedade. É por isso que a Mastercard está, continuamente, tomando as medidas necessárias e investindo para fortalecer a proteção dos nossos consumidores e clientes por meio de uma estratégia abrangente de cibersegurança e análise de dados”, explicou o presidente da companhia.

Pesquisa da Mastercard conduzida pela Payments and Commerce Market Intelligence. Os mercados estudados foram Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, México, República Dominicana, Jamaica e Porto Rico. A pesquisa ocorreu entre 1º de novembro de 2023 e 19 de novembro de 2023 e foi realizada com 9.489 adultos com 18 anos ou mais.

Cenário otimista em 2024

Apesar de alguns desafios macroeconômicos, o ano de 2023 foi positivo para a Mastercard no Brasil. O setor como um todo obteve um avanço no número total de transações de 13%, enquanto o volume do tíquete médio subiu em 10%. Para a companhia, o ano foi o de maior avanço em participação de mercado do último quinquênio. O Brasil é hoje o terceiro maior mercado da Mastercard no mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido.

O sucesso foi atribuído à estratégia de expansão de parcerias que a Mastercard tem empregado no país. Isso incluiu o avanço de acordos existentes, como com o Itaú e Nubank, mas também ações inéditas, como a oferta do primeiro cartão de crédito da Amazon Brasil, emitido pelo Bradesco, e do cartão de débito para Conta Global do Santander Brasil e da XP.

Durante todo o ano, a empresa também investiu US$ 7 bilhões em aquisições de empresas de tecnologia, que apoiam novos produtos como o Crypto Source, Crypto Credential, e ações no piloto do Real Digital (Drex), e conquistou novos negócios no setor. No Brasil, um dos principais foi a oferta do programa de fidelidade Meu Méqui, do McDonald’s, que utiliza tecnologia e plataforma Mastercard em sua base.

Segundo Tangioni, alguns desafios, no entanto, impactaram os negócios da Mastercard no Brasil. Um deles foi o reflexo do alto índice de inadimplência entre brasileiros. De acordo com o executivo, a indústria de cartões opera em “safras”, o que levou os efeitos da inadimplência de 2022 a serem sentidos com força em 2023.

“A inadimplência causa uma série de efeitos. Os bancos e emissores, que têm que lidar com perdas por conta da inadimplência, acabam adotando uma atitude mais conservadora do ponto de vista do limite de cartões. Isso também faz com que a emissão de novos plásticos seja muito reduzida”, explicou.

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Outro dos obstáculos foi a alta taxa básica de juros, que impactou negativamente o ritmo de compras dos consumidores nacionais. “Um dos instrumentos para conter a inflação é controlar o consumo. Isso acaba impactando os meios de pagamento”, disse. O teto de juros do crédito rotativo, que chegou no final do ano passado, também se fez sentir pelo segmento.

Para 2024, as perspectivas são otimistas. Para Tangioni, a queda da taxa de juros já alcançada até agora – e a tendência de que ela continue caindo ao longo do ano – é “positiva”, e ajuda o incentivo ao consumo do país. “A gente enxerga um cenário de queda de taxa de juros, que tire um pouco da pressão sob cima do consumo, e queda da inflação”, pontuou. “A inadimplência também já mudou de tendência e começamos a ver alguns emissores sendo mais flexíveis na política de limite e emissões de novos cartões.”

Ainda sobre a inadimplência, Marcelo citou o avanço do open finance como uma tendência que tem o potencial de impactar positivamente na sua redução do Brasil. “As pessoas se sentirem confortáveis a compartilharem seus dados, isso motiva bancos e fintechs a terem um conhecimento melhor de cada uma das pessoas, e oferecerem melhores condições, produtos e fazer um melhor gerenciamento de crédito. A melhor forma de educar é através da comunicação”, afirmou.

Para apoiar o crescimento deste ano, a empresa busca avançar além de suas ofertas tradicionais de pagamento. Isso inclui a expansão das soluções já validadas, como o débito online, e de novas ofertas com Click to Pay, que está em piloto com a Pague Menos e a Sympla. O Tap on Phone, que transforma smartphones em maquininhas, também é visto como uma oportunidade de crescimento, e já tem parcerias rodando com empresas como Stone e Magalu.

Um segundo pilar estratégico para 2024 são serviços, que respondem por cerca de um terço dos negócios da Mastercard no mundo. “Quando a gente fala de Brasil, a penetração de serviços no resultado da Mastercard é ainda maior”, explicou o executivo. “A gente tem a meta de chegar em 50% [de receita líquida] até 2025, a expectativa deste ano é de chegar até 48%. Esse é o quão avançados estamos no Brasil.”

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Rafael Romer

Rafael Romer é repórter do IT Forum. É bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Tem mais de 12 anos de experiência na cobertura dos segmentos de TI, tecnologia e games, com passagens pelo Olhar Digital, Canaltech, Omelete Company, Trip Editora e IG.

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