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Como o BBB colocou a Globo no ‘paredão’ e acelerou sua migração para a nuvem

Historicamente, a Globo, principal grupo de mídia do Brasil, sempre apostou na operação e manutenção de uma infraestrutura de tecnologia proprietária para suportar suas operações. Em 2019, no entanto, essa estratégia começou a mudar.

De olho no avanço das plataformas digitais pelo mundo, a companhia desejava se aproximar de seus consumidores no mundo digital, e começou a considerar investimentos na nuvem como forma de dar mais escala à sua tecnologia.

“A mudança para a nuvem tem muito a ver com essa nova estratégia de um relacionamento direto com o consumidor através de produtos e plataformas digitais”, contou Raymundo Barros, CTO da Globo, durante uma apresentação no Google Cloud Summit, evento realizado nesta semana em São Paulo.

Durante a sua fala, Barros confessou que a relação de uma empresa de mídia com as grandes plataformas de tecnologia nem sempre foi das melhores – o clima sempre foi de cooperação e competição, em uma dinâmica de “frenemies”. Os interesses da Globo acabaram se alinhando com as ofertas do Google Cloud, que foi escolhido como parceiro de migração.

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Um dos motivos para a escolha, contou Barros, foi a expertise da plataforma de nuvem da Google com dados. “Nós somos uma empresa muito verticalizada. A Globo faz ‘from glass to glass’ – da lente da câmera à tela do consumidor. Poucas empresas de mídia têm uma integração como essa”, explicou o CTO da Globo. Por conta dessa dinâmica, os volumes de dados produzidos no ecossistema da Globo são gigantescos.

Em 2019, por exemplo, a companhia tinha 40 milhões de brasileiros registrados na sua plataforma de identificação Globo ID. Hoje, esse número saltou para 140 milhões de pessoas. “Nós hoje registramos cerca de 10 bilhões de pegadas digitais diárias que esse mais de 100 milhões de consumidores fazem hoje dentro do nosso ecossistema digital”, explicou o CTO.

O grande responsável por acelerar essa migração, no entanto, foi o Big Brother Brasil. Apresentado todo início do ano pela Globo, o reality show atrai uma das principais audiências da empresa no ano e cria um enorme volume de tráfego. “Quando a gente termina o programa no ar, milhões de pessoas saem no mesmo minuto da TV aberta e vão para o Globoplay para seguir acompanhando o BBB”, pontuou Barros. “É impossível a gente suportar uma operação com essa variação de demanda com capacidade própria”.

A edição do programa de 2020, contou o executivo, foi particularmente “complicada”. Exibido no início da pandemia da Covid-19, o programa foi acompanhado por milhões de espectadores que estavam isolados no lockdown.

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“Globo sofreu para suportar a demanda do programa em sua infraestrutura própria, em especial durante os “paredões” de eliminação. Naquela edição, em um único paredão, a companhia precisou processar 1,5 bilhão de votos no ambiente on-premise.

“Em 2020 nós fomos pegos de calça curta. Foi muito difícil suportar em uma infraestrutura própria o fenômeno que foi esse BBB, dividido entre ‘Pipoca’ e ‘Camarote’”, confidenciou. “Ali foi decisivo para tomarmos a decisão de migrar a operação para um ambiente escalável. O BBB foi, sim, quem derrubou qualquer resistência que a gente poderia ter tido de embarcar em uma jornada na nuvem.”

Desde então, a adoção da nuvem continua. Na cobertura das eleições do ano passado, a companhia utilizou sistemas de automatizados de inteligência artificial em nuvem para gerar mais de 5 mil páginas individualizadas para apuração dos resultados em cada município brasileiro. Neste ano, cerca de 10% dos 3 mil eventos esportivos anuais da companhia serão feitos 100% na nuvem.

“É esse o tipo de colaboração que queremos. Nós estamos só no início dessa jornada, a gente tem certeza que vamos transformar a indústria de mídia”, finalizou o executivo.

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