Banco do Brasil apoia agronegócio aplicando IA a imagens de satélite

Com projeto ‘Mappiá’, reconhecido no Prêmio Executivo de TI do Ano 2022, empresa criou plataforma aberta de dados para produtores rurais

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10:55 am - 20 de abril de 2022
Rodrigo Mulinari, Banco do Brasil Rodrigo Mulinari, CIO do Banco do Brasil. Foto: IT Mídia

O Banco do Brasil é um dos principais agentes financeiros que impulsionam o agronegócio do País. Na safra de 2020/2021, por exemplo, a instituição foi responsável por mais de 560 mil operações de crédito no setor, ou o equivalente a R$ 117,5 bilhões contratados. Diante desses números, o banco enfrenta um sério desafio de monitoramento dos contratos.

Em todas as operações de financiamento estão previstas, em contrato, visitas de técnicos agrícolas às lavouras para validação das informações de produção. A grande quantidade de lavouras financiadas pela instituição – além da limitação humana para realização da fiscalização –, no entanto, levava o banco a realizar visitas presenciais por amostragem. O resultado disso é que a média de operações de custeio fiscalizadas por safra era de apenas 17%.

Para enfrentar este desafio, surgiu o projeto ‘Mappiá’, aposta do Banco do Brasil no mapeamento de lavouras via satélite e no emprego de inteligência artificial para digitalizar seu processo de fiscalização. Liderado por Rodrigo Mulinari, CIO do banco, o projeto foi reconhecido no Prêmio Executivo de TI do Ano 2022, organizado pela IT Mídia, na categoria ‘Novos modelos de negócios – Faturamento acima de R$ 5 bilhões’.

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“Com o projeto nós conseguimos pegar praticamente o Brasil inteiro. Consigo ter uma escala maior, com custo menor, mais acurácia e melhor eficiência”, contou o executivo em entrevista ao IT Forum. “A visita física é sempre uma fotografia, o técnico não pode ir muitas vezes durante o plantio. [Com o Mappiá] eu posso ver se hora em hora, saber exatamente como está agora. Se deu um temporal, aconteceu uma geada. Eu tenho um filme da plantação”.

O Mappiá foi concebido na segunda metade de 2020 e, desde seu início, aplicou metodologias ágeis e UX para a elaboração da solução. Seu objetivo é a utilização de visão computacional, georreferenciamento e sensoriamento remoto para buscar lavouras financiadas pelo Banco do Brasil em imagens de satélites. A partir das imagens, a instituição é capaz de verificar se a área total contratada foi plantada e se as plantações correspondem à cultura contratada.

Construção

Por conta da complexidade e escopo da iniciativa, o banco buscou referências no mundo acadêmico e construiu novas soluções internamente, evoluindo a arquitetura, infraestrutura, recursos de Big Data, e os processos de negócio para integração de ambiente legado e distribuído. Um dos seus maiores desafios, conta Mulinari, foi desenvolver as competências para processamento dessas imagens dentro das equipes do banco.

“O primeiro desafio é a coleta da informação em si. Nós tivemos que cruzar satélites. Temos informações de mais de um satélite, temos áreas escuras, regiões que pegam nuvens durante muito tempo. Temos que coletar mais de um satélite em tempos diferentes”, explicou. “O segundo são os próprios modelos que temos que criar. Saber qual lavoura o cliente plantou, qual estágio ela está. Para isso são vários modelos de inteligência artificial, usando machine learning visão computacional, e técnicas bem avançadas para conseguir chegar ao resultado”.

O esforço já traz resultados positivos. Com a solução, hoje já é possível emitir alertas, caso encontradas irregularidades, para 99,84% das lavouras de soja financiadas e 94% das lavouras de milho. Isso representa um aumento em 454% das operações de soja monitoradas e 515% das operações de milho monitoradas, considerando dados da safra anterior, diz o Banco do Brasil.

Também já é possível utilizar a solução para auxiliar o direcionamento dos fiscais a campo, com potencial de melhoria operacional, melhor alocação de recursos e além de redução dos riscos de crédito e imagem para a instituição. Além disso, o projeto Mappiá também se tornou um novo ponto de informações públicas para produtores, que pode ser acessado por qualquer um – até não clientes do banco – para a tomada de decisão no planejamento de sua produção.

“Do ponto de vista do usuário final, a gente conseguiu distribuir essa informação de maneira gratuita de maneira assertiva e confiável. A gente percebe uma grande quantidade de acessos cada vez maior, o cliente vê valor naquilo”, pontuou o CIO do Banco do Brasil. “Nosso objetivo de democratizar a informação, a gente atingiu.”

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