Aqui estão algumas buzzwords mal utilizadas na TI para serem evitadas

Indústria de tecnologia está repleta de jargões exagerados. Aqui, líderes de TI discutem termos muitas vezes mal aplicados por fornecedores e colegas

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10:06 am - 29 de janeiro de 2021

Talvez mais do que qualquer outro setor, a indústria de tecnologia sofre com a sobrecarga de jargões, com fornecedores e consultores constantemente promovendo soluções e estratégias com frases destinadas a capturar uma onda hype, ou seja, em alta. Tais esforços às vezes acertam o alvo, descrevendo adequadamente uma solução ou uma corrente importante no setor, mas com muita frequência os termos e frases usados nas reuniões são definidos vagamente ou mal aplicados por causa do departamento de vendas e de marketing.

Quando uma ideia pega fogo, os fornecedores agarram-se a eufemismos vagos para apresentar aos líderes de TI sua solução como a próxima melhor coisa. Quem já ouviu falar “Somos como o Netflix de…” ou “Oferecemos nuvem como uma plataforma de inovação”? E, claro, os fornecedores fazem tudo por meio de um “único painel de vidro”. Como se isso deixasse as coisas muito mais claras.

“Buzzwords [ou seja, palavras ou termos que viraram moda], que se tornaram populares começam como ideias poderosas”, diz Matt Seaman, que em sua função como Diretor e Head de Data e Analytics de Operações Corporativas da Lockheed Martin viu sua parcela de soluções de ciência de dados que fazem tudo que, na verdade, não fazem tudo. “Só depois de serem mal usados e diluídos é que se tornam um problema”.

Os CIOs são igualmente culpados de aplicar conceitos incorretamente. Por exemplo, alguns líderes de TI dizem que estão agilizando ou aplicando machine learning (ML) quando na verdade não estão, ou pelo menos não de uma forma que satisfaça a definição.

Aqui, os líderes de TI lamentam os nomes errôneos, as denominações equivocadas e o uso liberal de jargões para descrever tecnologias, processos de TI e outros termos abrangentes irritantes.

Transformação digital

“Transformação digital” é a frase que os CIOs adoram odiar, porque muitas vezes é apresentada como uma panaceia para a modernização de empresas legadas. Você já ouviu falar dessa nova solução SaaS? Ela “facilita a transformação digital”.

A transformação digital também é problemática porque implica implementar tecnologia em prol da tecnologia, quando os líderes de TI devem se concentrar no fim do jogo: transformação de negócios possibilitada por pessoas, processos e tecnologia, diz Mark Bilger, CIO da One Call, um intermediário para reivindicações de compensação de trabalhadores. “As soluções digitais não transformam o negócio magicamente”, diz Bilger. “Um idiota com uma ferramenta ainda é um idiota”.

Gerenciamento de mudanças

Frequentemente citado como o maior desafio da transformação digital, o gerenciamento de mudanças irrita Jenny Gray, Diretora Sênior de Desenvolvimento de Aplicativos da Power Home Remodeling. Gray diz que a noção de que as empresas exigem grandes programas e estratégias de gerenciamento de mudanças é antiquada em um momento em que as mudanças deveriam ocorrer de forma constante e incremental nos negócios.

“A mudança é constante e a força de trabalho deve ser flexível, reconhecendo que hoje não é o mesmo que amanhã”, diz Gray.

Agile

O desenvolvimento agile oferece um modelo para construir software rapidamente, permitindo que o negócio seja ágil. Mas Bilger, do One Call, estima que apenas cerca de um terço das equipes que afirmam ser ágeis estão fazendo certo; o restante funciona em alguma construção híbrida que não é nem agile nem em cascata e, muitas vezes, ineficaz.

“Eles estão fazendo suas próprias coisas – em grande parte, sem documentar”, diz Bilger.

DevOps

DevOps, que envolve estreita colaboração entre desenvolvimento de software e operações, sofre de um problema de identidade, diz Brittany Woods, Engenheira de Automação de Nuvem da H&R Block. Com muita frequência, Woods vê as organizações agruparem o DevOps na migração para a nuvem sem executar a mudança e os processos associados à combinação de desenvolvimento e operações.

Os fornecedores não ajudam a situação, lançando DevOps em uma caixa. “A definição é diluída”, diz Woods. “As pessoas precisam parar de usar DevOps no contexto errado”.

Minimal Viable Product (MVP)

O MVP – a frase favorita de todos para descrever como fazer os produtos chegarem ao mercado rapidamente – está pronto para uso indevido. Em muitos casos, o MVP é usado para descrever uma prova de conceito de tecnologia, diz Seaman, da Lockheed Martin. Embora seja importante criar algo rapidamente e colocá-lo nas mãos dos usuários finais, o MVP não está completo até que a empresa aprimore o produto com base no feedback do usuário. Também é um problema: muitas pessoas se concentram no custo para produzir um MVP, em vez do valor que um MVP oferece.

Inteligência artificial

Mike McNamara, CIO da Target, gostaria de aposentar o termo “inteligência artificial” (IA) porque não há nada de “inteligente” nisso. Embora a IA seja frequentemente sinônimo de máquinas sencientes dominando o mundo, o que a maioria das pessoas quer dizer quando se referem à IA é “apenas máquinas grandes e idiotas que são boas em somar e multiplicar”, diz McNamara, que prefere o termo “machine learning” para software inteligente que melhora a partir de dados de treinamento.

Machine Learning

O machine learning também é frequentemente mal utilizado, com muitas soluções comercializadas incorretamente como ML, quando na verdade são apenas automação inteligente, em vez de ferramentas que se treinam para melhorar com base nos dados que são alimentados. Aplicativos direcionados que podem gerar insights de negócios, no entanto, têm mérito, diz Bilger. Por exemplo, o ML pode analisar conjuntos de dados díspares e identificar o provedor de saúde mais econômico e que oferece a mais alta qualidade de serviço em mercados metropolitanos específicos.

5G

5G é particularmente propenso a hipérboles e uso indevido, diz Matt Clair, CIO da Clair Global, que fornece áudio, rede e outros serviços para eventos ao vivo. Existem tecnologias 5G, que os fornecedores construíram para facilitar os dados em alta velocidade e baixa latência, e padrões criados por organizações que definem protocolos para entrega de serviços 5G.

“Em nosso mundo, todo mundo está falando sobre 5G, mas 90% deles não sabem do que estão falando”, diz Clair.

Realidade estendida (XR)

A realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR) aparentemente não eram satisfatórias para descrever soluções que imergem as pessoas em mundos digitais ou sobrepõem informações no mundo físico por meio de software. A frase favorita do dia, realidade estendida, é frequentemente mal utilizada, diz Ben Harris, Arquiteto de Rede da Clair Global. Harris uma vez ouviu uma transmissão ao vivo de vídeo chamada de XR. “Uma transmissão ao vivo não é XR”, diz ele.

Tecnologias disruptivas

McNamara, da Target, está cansado de ouvir drones, direção autônoma, XR e blockchain caracterizados como “tecnologias disruptivas”.

“Não existe nenhuma tecnologia disruptiva por aí agora, porque o ponto principal da disrupção é que você não a vê chegando”, diz McNamara. Blockchain, por exemplo, provavelmente não transformará o setor de varejo da noite para o dia porque é evolucionário, não revolucionário, diz ele. “A mudança acontece mais lentamente do que as pessoas pensam”.

Separe o joio do trigo

Mentes razoáveis diferem sobre o que constitui aplicações legítimas ou incompletas da terminologia. Às vezes, 5G realmente significa 5G. XR pode incluir uma aplicação legítima de AR ou VR.

Andrew Carr, Chefe de Engenharia da empresa de tecnologia imobiliária SquareFoot, oferece uma solução potencial. Buzzwords servem bem para conversas quando você está descrevendo algo que já fez, diz Carr. Em outras palavras, é aceitável usar a transformação digital como um atalho para descrever como você alterou com sucesso os negócios por meio de pessoas, processos e tecnologia. Mas substituir “transformação digital” por linguagem simples antes de executar a estratégia aumenta a pressão sobre a organização para cumprir uma tarefa assustadora repleta de armadilhas. “Não funciona bem nas salas de tomada de decisão”, diz Carr.

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