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A carreira do seu futuro começa agora

“Os dias são longos, mas os anos são curtos” é uma expressão usada nos Estados Unidos para explicar como as demandas do dia podem nos fazer esquecer de pensar o futuro de forma estratégica. Esse conceito se aplica tanto na relação com a família como na manutenção dos laços de amizade. E, é claro, gestão da carreira. 

Há pelo menos 20 anos, sumiu da concepção do mercado a noção de que era possível ter um emprego só na vida e que a gestão do futuro corporativo estava muito mais nas mãos das companhias do que dos funcionários em si. Muito por conta da competitividade proporcionada por aspectos como tecnologia e globalização dos negócios. 

Por conta desses fatores, o planejamento de carreira vem tomando cada vez mais importância dentro do mundo corporativo como uma ferramenta-chave que pode ser utilizada para encarar os anos de trabalho com um pouco mais de certeza sobre a direção seguida.  

E a necessidade de se atentar esse aspecto cresce bastante quando se fala sobre as profissionais do sexo feminino, já que seis em cada dez mulheres não possuem um plano de carreira dentro da empresa em que trabalham, de acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de benefícios Alelo.  

Apesar de, no melhor dos cenários, essa preocupação existir desde os tempos de estágio, nunca é tarde para entender o que pode ser feito para te direcionar para a melhor rota possível 

Pensando à distância

Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da Robert Half, acredita que a falta de qualificação está longe de ser um obstáculo quando se fala em planejamento de carreira. “As mulheres estão dominando o mercado. Tem muita profissional se capacitando, indo atrás do que é necessário para se especializar”, explica. 

A questão principal, de acordo com a especialista, na maioria das vezes recai no fato de que os profissionais (de ambos os gêneros) não reservam um tempo para pensar onde querem estar no médio e longo prazo.  

“As pessoas estão tão corridas, elas não pensam no que elas podem aprimorar, qual seria o próximo passo a ser tomado etc. Isso é importante até para saber se a empresa onde se está agora é de fato o lugar que vai fazer com a carreira chegue onde se deseja”. 

Feedback pessoal

Apesar de não existir uma receita de bolo explicando que ajude a delinear um bom futuro corporativo, Silveira apontou algumas habilidades que são essenciais para que as pessoas possam encontrar seu caminho dentro do mundo dos negócios. E desenvolver o autoconhecimento faz parte dessas habilidades. 

“O autoconhecimento não tem nada a ver com autoajuda, mas sim com entender o que te motiva e o que você deseja para a sua vida. Você precisa ter clareza sobre esses pontos para saber quais decisões tomar em momentos como oferta de empregos ou sentimento de estagnação”, resume a gerente. 

Para desenvolver essa competência, todas as profissionais entrevistadas pela Computerworld citaram a importância de se realizar um trabalho junto com um profissional de coaching que auxilie a definir com mais precisão os desejos a médio prazo e os passos que precisam ser executados para se chegar no objetivo definido. 

Apesar de não se restringir ao mesmo propósito, a terapia também foi citada como uma atividade que pode contribuir para o desenvolvimento do autoconhecimento. 

E esses caminhos não são os únicos. Para Gisselle Ruiz Lanza, atual Diretora Geral da Intel Brasil, seu processo de autoconhecimento esteve ligado à busca de referências que influenciaram de forma direta na sua formação profissional 

“Tive uma rede de suporte muito grande de pessoas do trabalho, da minha família e de amigos que foram primordiais durante os meus momentos difíceis e que atuaram como mentores para minha profissional e pessoal. Essa rede de apoio, aliada ao suporte e ajuda de mentores e coaches, são fortes aliados no processo de autoconhecimento, para nós, mulheres, e todo e qualquer profissional”, explica. 

Trilhando a estrada

Desenvolver o autoconhecimento também é importante pois ajuda a revelar outro aspecto essencial: o propósito, que também pode ser definido como objetivo de vida.

Para Lanza, descobrir o que a motivava fez a diferença dentro da sua jornada profissional. “Acredito que todo o planejamento de carreira só terá sucesso se formos perseverantes e seguirmos nossos propósitos”. 

A descoberta do propósito também foi importante na vida de Lilian Casagrande Elias, que trabalha como Diretora de Engenharia de Software na Gympass.

Com mais de 30 anos de carreira dentro da área de tecnologia, a profissional ocupou posições de coordenação durante boa parte do tempo, com um desenvolvimento maior nas habilidades de gestão durante seu período de trabalho na fabricante de cosméticos Natura.  

E foi nesta época, durante um programa de liderança de desenvolvimento de cultura, onde ela obteve as ferramentas que a ajudaram a absorver e aplicar seu propósito profissional.

“Eu sou uma pessoa que gosto muito de desenvolver outras pessoas, de gerar oportunidades através daquilo que eu faço.  Sempre penso em como que todas as pessoas envolvidas no projeto em que trabalho conseguirão desenvolver suas carreiras por meio dele.” 

Para Elias, essa descoberta foi essencial no direcionamento da sua carreira rumo a um objetivo que proporcionasse satisfação. “O meu propósito é o que me move. Lógico que continuo desenvolvendo minha carreira e buscando atualizações, mas as decisões que tomo na vida, como ir para a empresa A para a empresa B, são baseadas em quais as chances que eu terei para aplicar aquele propósito ao máximo”, completa. 

Aprendizado contínuo

Capacitação ao longo de toda a vida é outro aspecto crucial dentro de um planejamento bem-sucedido. Maria Eduarda Silveira, da Robert Half, comentou sobre um podcast gravado por ela com uma CEO sobre a importância de se preocupar com esse aspecto no médio e longo prazo 

“O mote do episódio era para ser algo como ‘Dicas da CEO’, mas a gente falou muito mais sobre como as pessoas precisam estar dispostas a conhecerem coisas novas e adquirirem novos conhecimentos ao longo da carreira. Quando você se preocupa em sempre desenvolver essas habilidades, muitas vezes a promoção é consequência.”  

Desenvolver essas habilidades parte da combinação entre saber o que se deseja — autoconhecimento, como já citamos — com uma visão sobre o que o mercado cobrará no médio e longo prazo. “Por exemplo”, contextualiza Silveira, “Se meu desejo é ser CEO, eu preciso olhar para as habilidades que um CEO demonstra ter e, ao mesmo tempo, olhar para as novas gerações e entender como eu preciso me preparar para ser um líder eficiente no futuro”. 

Foi esse o caminho seguido por Thays Vieira Bueno, que atua como Product Manager na startup de academias Gympass. Formada em Jornalismo, a profissional já entendeu durante a graduação que não teria perfil para o trabalho dentro de uma redação e procurou direcionar sua carreira dentro do ambiente empresarial 

“Sempre peguei estágios voltados para a assessoria de imprensa e fiz boa parte das disciplinas optativas da faculdade em conteúdos relacionados a administração e economia. Na época, eu tentava olhar de dois a três anos à frente, pois queria saber em qual posição eu poderia me encaixar dentro das empresas.” 

Ao longo da carreira, Bueno trabalhou em companhias como Apple, Amazon, Google, Mastercard e Walmart, direcionando seu trabalho para o setor de marketing, onde enxergava maiores oportunidades.  

Por conta do perfil tecnológico das empresas em que trabalhou, a profissional teve desde muito cedo contato com a área de gestão de produtos, mas como esse mercado ainda era muito incipiente e quase que exclusivo ao Vale do Silício, só foi possível se dedicar a essa área a partir de 2017, após um período sabático. 

“Fiz cursos de produtos, trabalhei como mentora de startups para ir me aproximando do ecossistema e conhecer as características de um gerente de produtos que eu precisaria desenvolver”, explica.

Atualmente no cargo pretendido, Bueno continua investindo em capacitação: tanto no aprimoramento de competências como análise de dados e maiores conhecimentos sobre o universo de produtos, como no desenvolvimento de soft skills nas áreas de liderança e influência. 

Além dos planos corporativos, a profissional também já pensa em como direcionar seu cotidiano levando em conta as mudanças que fatores como idade e envelhecimento irão impactar no seu dia a dia.  

“As mulheres precisam pensar no médio e longo prazo e não deixar de sonhar. Eu mesmo deixo de sonhar em algumas instâncias da vida e percebo esse erro, porque é importante continuar sonhando e planejando [o futuro]. Estou chegando nos 40 anos e já estou pensando em como será a segunda fase da minha vida. Acho que vai ser bem diferente, mas já estou preparando o terreno para essa segunda metade.” 

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