99 quer 10 mil carros elétricos rodando no Brasil até 2025

Projeto iniciado em SP quer ter 300 veículos até o fim de 2022. Empresa formou aliança para tentar facilitar acesso de motoristas

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2:08 pm - 18 de agosto de 2022
99, B1, carro elétrico O B1, veículo elétrico chinês feito pela DiDi e pela BAIC. Foto: Marcelo Gimenes Vieira, IT Mídia

Dez anos após iniciar operações no Brasil, a nova fronteira de crescimento da 99 é a mobilidade elétrica. A empresa anunciou a nova fase de um projeto em São Paulo cujo objetivo é ter 50 carros elétricos rodando na cidade pela plataforma a partir da próxima semana – chegando a 300 até o fim desse ano, e a 10 mil até 2025.

O anúncio foi feito pela 99 em celebração de aniversário de 10 anos nessa quinta (18) na capital paulista. Os primeiros 50 carros rodando na cidade serão locados pela Movida, após um piloto feito com apenas dois veículos no primeiro semestre. O projeto quer facilitar o acesso dos motoristas a veículos elétricos e, aos poucos, replicar por aqui um modelo já avançado na China.

Para viabilizá-lo a 99 formou, com outros players do mercado de automóveis – além de locadoras, instituições financeiras e indústrias químicas, entre outros – uma “aliança” cujo objetivo é reduzir custos. Afinal, o acesso a veículos elétricos no Brasil ainda é bastante caro, mesmo no modelo de aluguel.

Segundo Hipólito, o carro elétrico é capaz de reduzir em até 80% o custo operacional dos motoristas, chegando a uma economia efetiva de 25% – esse último número considera o valor elevado do aluguel para esse tipo de veículo, que atualmente chega a ser o dobro do cobrado por um convencional à combustão.

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Apesar disso, a aposta no modelo de adoção via locadoras se dá porque a compra de um modelo elétrico ainda é considerada muito cara. O mais acessível, diz o diretor da 99, ainda custa cerca de R$ 140 mil. Enquanto o gasto no aluguel de um Nissan Leaf, modelo atualmente no portfólio da Movida dentro da parceria, gira em torno de R$ 4 mil.

Objetivos sistêmicos

O plano das empresas da aliança também inclui a instalação de 10 mil pontos de recarga públicos espalhados pela cidade, item considerado fundamental para que o modelo seja viável e que exige conversas em instâncias governamentais. A empresa também pretende contribuir nacionalmente com uma meta de vendas de carros elétricos, hoje em 1% do total, e alcançar 10%.

Além da Movida, primeira parceira de locação de veículos, também fazem parte da aliança fabricantes como a Caoa Cherry e instituições financeiras como o Banco BV.

“Estamos anunciando a entrada do BV para ajudar no financiamento do carro ou em produtos específicos para motoristas de aplicativo, como instalação dos carregadores nas casas do motorista. São objetivos de médio e longo prazo”, ressaltou Thiago Hipólito, diretor de inovação e do DriverLab da 99.

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A empresa, que acabou de aderir aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), também está testando modelos elétricos oriundos de uma joint venture firmada em 2019 pelas DiDi Chuxing (dona da 99) e a BAIC, atualmente a maior fabricante desse tipo de automotor no mundo.

O D1 [na foto em destaque] foi desenhado especificamente para ser um carro elétrico para motoristas de aplicativo.

“Não é um carro com velocidade final muito grande. Ele tem eficiência maior, o que aumenta [o tempo de] utilização da bateria. Ele roda de 370 a 380 quilômetros por carga”, assegurou. “Temos um carro para testes já na mão de um motorista. E temos planos para ter mais carros BYD rodando.”

Balanço da década

A 99 também aproveitou a celebração para fazer um balanço dos seus 10 anos de atuação no Brasil. Atualmente são 750 mil motoristas cadastrados distribuídos em 1.600 cidades brasileiras. Diogo Souto, diretor de políticas públicas e relações governamentais da empresa, destacou a nova edição de um estudo feito com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), e que estima que a plataforma injetou R$ 54,2 bilhões na economia durante a última década, sendo R$ 45,8 bilhões nos últimos três anos.

“Em 10 anos foram gerados 1,2 milhão de empregos indiretos. Por isso a gente tem olhado cada vez com mais carinho e cuidado para o motorista. É uma comunidade que traz transformação e impacto positivo”, disse Souto.

Priscila Ferreira, diretora de operações de experiência do consumidor da 99, deu outros números: 20 milhões de usuários do aplicativo, 3,7 bilhões de corridas, 28,7 bilhões de quilômetros rodados. Números superlativos inclusive no enfrentamento a desafios de negócio como o da segurança de motoristas e passageiros.

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Da esquerda para a direita: Priscila Ferreira, Diogo Souto e Thiago Hipólito, executivos da 99. Foto: Marcelo Gimenes Vieira, IT Mídia

“Atualmente temos 50 funcionalidades de segurança ativas em diferentes momentos da jornada. Antes do embarque são 33 ativas, durante o trajeto outras 10 tanto para o passageiro como o motorista. E mesmo no fim da corrida outras 10 ficam disponíveis”, ressaltou a executiva. “No primeiro semestre de 2022 tivemos redução de 22% no total de incidentes na plataforma. Nos crimes contra motoristas tivemos redução de 38%.”

Segundo Priscila, o número de mulheres dirigindo carros na plataforma da 99 subiu 22% entre 2020 e 2022 em boa parte graças a esses incrementos de segurança. Nos últimos 90 dias, por exemplo, é feita uma corrida a cada cinco minutos usando o “99 Mulher”, serviço em que as motoristas podem escolher apenas passageiras.

A executiva diz que, desde 2020, foram feitos R$ 70 milhões em investimentos em novos produtos de segurança na plataforma da 99.

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Marcelo Gimenes Vieira

Editor do IT Forum. Jornalista com 12 anos de experiência nos setores de TI, telecomunicações e saúde, sempre com um viés de negócios e inovação.

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