Inteligência Artificial na nova era Covid
No ambiente digital, melhores decisões dependem da combinação inteligente de habilidades humanas e inovação tecnológica
Para ser mais eficaz nos negócios, é preciso escolher criteriosamente a melhor forma de usar tecnologias de inteligência artificial (IA) e de análise de dados (Analytics) para ajudar no processo de tomada de decisão humana.
Uma recente pesquisa do Gartner descobriu que 65% das decisões tomadas atualmente no planeta são mais complexas – ou seja, envolvem mais partes interessadas e tipos de escolhas – do que as que tínhamos há dois anos. Isso quer dizer que nossa capacidade de fazer escolhas já não consegue acompanhar o ambiente atual, que muda cada vez mais rapidamente.
Especialmente em tempos de negócios digitais, com novas dinâmicas e complexidades, precisamos melhorar nossas habilidades e decidir corretamente no menor tempo possível, conscientes dos riscos, de forma consistente e, ao mesmo tempo, adaptável para cada situação. Além disso, as decisões que tomamos hoje não podem ser baseadas nos registros históricos do passado. Elas devem refletir o aqui e o agora.
A automação de decisão é aquela na qual a Inteligência Artificial faz uma escolha usando análises prescritivas ou análises preditivas. Seus benefícios incluem velocidade, escalabilidade e consistência. Já na decisão humana aumentada por tecnologia existem sistemas que recomendam ações ou várias alternativas para uma decisão final humana. Seus benefícios estão na sinergia entre o conhecimento humano e a capacidade da Inteligência Artificial de analisar rapidamente grandes volumes de dados e lidar com a complexidade.
A categoria de suporte à decisão, por sua vez, permite maior interação humana. Nela, os executivos decidem sobre algo, apoiados por análises descritivas, diagnósticas ou preditivas. O principal benefício reside na aplicação combinada de percepções baseadas em dados e conhecimento humano, experiência e bom senso, incluindo intuição e emoções.
Com diferentes papeis e intensidades, a tecnologia passa a participar das decisões. Questões mais simples podem ser automatizadas para serem definidas pelo computador em alguns segundos. O uso de tecnologias aumentadas, como a simulação de cenários, é uma opção para decisões complicadas ou que precisam ser feitas em minutos, em vez de horas. Para decisões complexas ou mesmo caóticas, os líderes podem explorar os recursos da tecnologia para optar por caminhos com melhores probabilidades de acerto.
Sem dúvida, a Inteligência Artificial se aplica a todas essas situações. Contudo, conforme a tecnologia avança, os líderes podem esperar que os limites do que pode ser automatizado de forma viável avancem ainda mais ao longo do eixo da complexidade. E isso nos leva de volta à questão de saber se a Inteligência Artificial tem um lugar nas decisões sobre questões do dia a dia como, por exemplo, definir o quanto a empresa paga para cada funcionário.
As remunerações, geralmente, refletem as definições estruturais feitas pela administração, métricas de desempenho e as contribuições intangíveis avaliadas pelos gestores. No entanto, apenas 40% dos funcionários acreditam que seu salário é realmente justo.
É fato que definições salariais não são urgentes. Os líderes têm dias ou semanas para definir as premissas. Isso coloca muitas decisões de salário na zona de suporte à decisão, embora a experiência e a melhoria contínua possam dar às organizações a confiança para automatizar algumas decisões de aumento salarial para alguns funcionários baseadas em parâmetros de avaliação pré-definidos.
De acordo com uma pesquisa do Gartner, uma em cada três companhias já estão usando Inteligência Artificial para tomar algumas decisões sobre salários. Como resultado, 79% relataram uma melhor padronização de salários e mais da metade indica melhora nos esforços para relacionar pagamentos com desempenho nas diversas funções.
Em um ambiente cada vez mais dinâmico e complexo envolvendo os negócios, não é de se espantar que tomar a melhor decisão possível e no menor tempo tem se tornado um dos principais desafios para os executivos e líderes do mundo atual. Sem dúvida, a experiência humana é fundamental para o sucesso empresarial, mas a tecnologia pode definitivamente ajudar nessa jornada.
Pesquisas mostram que no novo ambiente digital que vivemos, a melhor resposta deverá surgir a partir de uma combinação inteligente de competências, potencializando a sinergia entre as habilidades humanas e a inovação tecnológica. Para tomar decisões de negócios mais eficazes, o grande segredo do sucesso será saber quando, onde e por que complementar o conhecimento humano com o poder da tecnologia.
Mas há uma decisão definitiva que precisa ser tomada agora. Todas as empresas, para serem competitivas no futuro, precisam adotar a Inteligência Artificial. Não é mais uma opção. Inteligência humana e Inteligência Artificial caminharão lado a lado no mundo pós-Covid 19. Mas a maneira de alavancar essa parceria de sucesso depende de percepção, inspiração e criatividade, características muito humanas.
* Cassio Dreyfuss é vice-presidente de pesquisa do Gartner