Design Sprint 2.0: como agilizar a validação e teste de novas ideias?
O tempo em que era mais do que suficiente ter apenas um produto bom passou, agora é preciso ter o produto certo.
Não basta ter um produto de boa qualidade. O tempo em que era mais do que suficiente ter “apenas” um produto bom passou. Agora, além disso, é preciso ter o produto certo. Perceba que existe uma diferença entre uma coisa e outra.
Sabe aquela história de que hoje em dia falar inglês ou ter uma graduação não é um diferencial? Pois é, ter um produto de qualidade, apenas, não basta para que sua empresa se destaque nessa selva chamada mercado. Pense em seus concorrentes. Com toda certeza, pelo menos um deles tem um produto tão bom quanto o seu. Por esse motivo, a sutil linha que divide o sucesso e o fracasso de um negócio está nas palavras: ter o produto certo.
E o que significa “ter o produto certo”? De uma forma bem resumida, seria oferecer ao seu público exatamente o que ele precisa. Aí é que entro em uma outra questão: como saber o que seu público quer? A resposta que menos custará (tempo e dinheiro) ao seu negócio está no Design Sprint.
Uma pincelada sobre o Design Sprint
Criado pela Google Venture, uma divisão da renomada Google, o Design Sprint busca validar um negócio ou produto antes que a organização precise investir uma alta soma.
Para isso, o processo tem 5 dias e inclui fases de desenho, prototipagem e teste de ideias. A metodologia é centrada no usuário, tem em sua essência o Design Thinking, além de prática, iterativa e colaborativa.
A ideia do Design Sprint é: ao invés de gastar horas e horas de desenvolvimento para lançar um produto e só depois entender se a ideia é boa ou não, a metodologia oferece um atalho de aprendizado. O método tem tudo a ver com o Lean Startup porque parte da premissa que hipóteses devem ser testadas para acelerar o aprendizado.
O Design Sprint é comprovado e realmente funciona. Mas, como tudo evolui, já podemos falar em uma versão 2.0. Para falar sobre isso, apresento o Design Sprint 2.0.
O que é Design Sprint 2.0?
Em primeiro lugar, a ideia do Design Sprint 2.0 é a mesma do Design Sprint: validar uma ideia rapidamente e de maneira efetiva. Em outras palavras, começar com uma ideia vaga e após um curto espaço de tempo ter algo tangível graças a feedbacks reais. Mas, para entender o que realmente significa o design Sprint 2.0, acho importante apresentar duas grandes diferenças entre ambas as versões:
- O processo de Design Sprint 2.0 leva 4 dias (e não 5 como na primeira versão);
- Na primeira versão do Design Sprint busca-se a participação de: stakeholder (pode ser o CEO, patrocinador do projeto, dono da ideia, proprietário do negócio ou tomador de decisão), o product manager ou product owner, um designer, um desenvolvedor para definir questões técnicas do protótipo, facilitador e participantes opcionais. No Design Sprint 2.0 o time completo só será necessário durante dois dias, e não mais em todo o processo.
Para entender um pouco mais, no Design Sprint (versão 1.0) os dias são divididos conforme abaixo:
- Dia 1 – Mapeamento/Entender
- Dia 2 – Elaborando Propostas
- Dia 3 – Decisão e Priorização
- Dia 4 – Protótipo
- Dia 5 – Teste
Durante o processo você precisará ter especialistas nos três primeiros dias, pelo menos, sendo que o ideal é contar com eles também nos quarto e quinto dias.
Já o Design Sprint 2.0 seria assim:
- Dia 1 – Mapeamento/Entender e Elaborando Propostas
- Dia 2 – Decisão e Priorização
- Dia 3 – Prototipar
- Dia 4 – Teste
Perceba que a prototipagem e a validação continuam a ter um dia só para elas. Essas duas fases não são mais realizadas com a participação de todo o time convocado para compor a equipe de Design Sprint. Já os dias 1 e 2 são divididos em duas partes, manhã e tarde.
Como funciona o Design Sprint 2.0 na prática?
No primeiro dia, os exercícios que seriam feitos durante o dia inteiro na versão original, são quebrados em duas partes no Design Sprint 2.0, sendo que:
- Mapeamento/Entender na parte da manhã
- Elaborando propostas na parte da tarde
Perceba que dessa maneira, no mesmo dia a equipe analisa detalhadamente o problema e elabora as soluções potenciais. Se pensarmos em produtividade, faz mais sentido manter as duas atividades no mesmo dia.
O segundo dia do Design Sprint 2.0 seria como o terceiro da primeira versão. A diferença é que como a decisão é tomada já no dia 2 e as priorizações também são definidas no mesmo dia, não precisaremos mais envolver toda a equipe do Design Sprint nas duas fases finais.
No terceiro dia, o da prototipagem, contamos com a presença apenas dos profissionais envolvidos na tarefa. Importante ter em mente que o protótipo deve ser desenvolvido da maneira mais fiel possível.
Isso significa que nos dois primeiros dias uma equipe entendeu o problema, elaborou ideias de solução e optou por uma alternativa, enquanto que no terceiro dia os designers criaram um protótipo. Como a ideia do Design Sprint (seja qual for sua versão) é focar na experiência do usuário – afinal, é ele que utilizará o produto -, então é preciso testar o protótipo.
Assim, no quarto dia, temos o teste do usuário. Essa é a hora de ver como o público que realmente utilizará o produto irá reagir. Em caso de feedback positivo, a ideia segue adiante e o projeto é desenvolvido. Do contrário, volta-se para a etapa de prototipação para os ajustes necessários.
O Design Sprint 2.0 é para sua empresa?
O Design Sprint 2.0 é altamente recomendável para um número variado de projetos. Apesar de ter uma “fórmula pronta” você não precisa ficar preso a ela. Sou adepto da ideia de que adaptações podem – e DEVEM – ser feitas sempre quando necessário. Cada empresa tem uma particularidade e cada caso é um caso.
Ao falarmos de Design Sprint 2.0 é importante entendermos que ele é realizado em quatro dias, e que, portanto, se antes já era necessário foco dos participantes, nessa nova versão é ainda mais essencial que toda a equipe esteja focada e 100% comprometida no projeto.
Ter um facilitador é fundamental, pois ele que direcionará os presentes e garantirá que o foco não se perca.
*Por Marco Antonio Silva, cofundador do Garage Criativa. Marco Antonio é cofundador do Garage Criativa, laboratório de inovação que ajuda instituições de diferentes segmentos em suas jornadas de transformação digital por meio da aplicação de design thinking e do Human Centric Design (HCD). Atua como Mentor e Facilitador de Aprendizado em projetos de tecnologia da informação, transformação digital, inovação e empreendedorismo e também como palestrante de eventos que fomentam o conhecimento nas respectivas áreas de atuação.