Criar redes para fomentar blockchain é aposta inteligente, aponta IBM

Para especialista no tema, iniciativa acelera projetos na área. Executivo citou uma série de exemplos na América Latina

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1:23 pm - 08 de junho de 2018

Pesquisa da consultoria IDC revela que os gastos globais para desenvolvimento de produtos e serviços que têm como base o blockchain chegarão a US$ 9,2 bilhões em 2021. Para 2018, a projeção é de US$ 2,1 bilhões. Os benefícios da tecnologia, como vantagem econômica, estabelecimento de um círculo de confiança e aprendizado rápido, atraem os olhares das companhias e os investimentos, portanto, começam a ser feitos na tecnologia.

Martín Hagelstrom, líder da Blockchain da IBM para América Latina, abriu o segundo dia do IT Forum Latam, encontro realizado pela IT Mídia de 7 a 10 de junho, em Miami (EUA), ressaltando que a melhor forma de começar iniciativas com base na tecnologia é criando redes de negócios. “Por rede de negócios, digo bancos que trabalham entre si, um varejista que trabalha com empresas de distribuição, um provedor, uma empresa de seguros”, explicou.

Apesar de a afirmação parecer óbvia, na prática, a ideia não é tão simples de ser implementada, pois depende da colaboração de muitos atores para funcionar. Um estudo da IBM reforça a questão. Segundo Hagelstrom, o levantamento, que ouviu empresas que exploram tecnologias emergentes, identificou que oito a cada dez empresas não colaboram com competidores. Além disso, cinco de dez empresas não têm rede de negócios.

Diante do quadro, o executivo alertou que há quatro formas de começar projetos de blockchain com base no conceito de rede. A primeira delas é montar uma rede liderada por um agente. Assim, essa empresa inicia o projeto e convida demais membros para participar do ecossistema.

A segunda é o modelo de joint-venture, no qual duas ou mais companhias criam uma organização para liderar a iniciativa. A terceira, por sua vez, diz respeito à uma rede de consórcio. Nela, um consórcio é criado em uma indústria ou setor específico. Já a última, envolve o estabelecimento um ecossistema de negócios, no qual um consórcio atua em múltiplas indústrias e setores.

Na prática

A IBM, de olho nos benefícios do modelo, portanto, criou em 2014 uma rede para acelerar iniciativas de blockchain. “Vimos que se fizéssemos sozinhos, não funcionaria”, contou. A Big Blue, então, doou seu código de blockchain à Fundação Linux e criou o Hyperledger Fabric, que hoje conta com 230 empresas participantes. “Há empresas que nos complementam, competidores, startups, companhias do varejo e aviação, para citar apenas algumas. Tudo para criar um padrão de blockchain para empresas, pensado para elas.”

Nessa mesma linha, a IBM aliou-se à Maersk, atuante do setor de transporte e logística, para formar uma rede de blockchain que funcione não apenas para a marca, como para toda a indústria. Segundo o executivo, cada container da marca conta com 20 documentos associados. A falta de um deles pode atrasar em um mês a importação de produtos. Ao digitalizar a documentação e manter um fluxo de aprovação digital, usando blockchain, os problemas acabam.

Outra rede global que a IBM trabalha é de rastreabilidade de alimentos. Tudo começou com a gigante varejista Walmart, que queria identificar em toda a sua cadeia, do produtor até a gôndola, alimentos que pudessem causar problema de saúde. Antes do blockchain, a companhia consumia quatro dias no processo. Agora, o tempo caiu para dois segundos. Fazem parte da rede marcas como Unilever, Nestle, Dole e Kroger.

Outro exemplo é a Asociación Mexicana de Instituciones de Seguros (AMIS), que conta com uma série de seguradoras associadas e que, juntas, passaram a usar blockchain para registrar certificados e eliminar fraudes.

No Brasil, Hagelstrom citou a Belagrícola, que oferece soluções para o produtor rural da escolha da semente até a comercialização da safra. A empresa combinou blockchain com outras tecnologias, como internet das coisas (IoT), para disponibilizar informações confiáveis e de qualidade para os clientes na cadeia de grãos de soja e milho.
“Mais de 20% das maiores organizações da América Latina vão usar blockchain em 2021. Seu potencial é enorme e a pergunta que fica é: você vai liderar essa onda ou ficar para trás”, finalizou ele.

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