Como as venture builders se tornaram protagonistas na revolução digital
Startups já são uma realidade em todo o mundo, algumas são responsáveis por grandes inovações em diferentes setores, da hotelaria ao transporte.
As startups já são uma realidade em todo o mundo e algumas delas foram responsáveis por grandes inovações em diferentes setores, da hotelaria ao transporte, passando pelo financeiro, automotivo e varejo. O fato é que elas não estão sozinhas nesta caminhada. Pouco a pouco, um verdadeiro ecossistema se moldou ao entorno, garantindo a estrutura necessária para que este modelo de negócio crescesse e prosperasse. Agora, é um novo tipo de empresa que está adquirindo protagonismo, garantindo a inovação consistente em diferentes segmentos e promovendo a transformação digital: as venture builders.
O conceito aborda empresas que criam ou investem em novas startups e scale-ups (companhias mais maduras e consolidadas) por meio de seus próprios recursos, usufruindo de sua estrutura, rede e conhecimento compartilhado. O termo surgiu em 2011 pelo investidor-anjo norte-americano Nova Spivack. É uma proposta interessante, uma vez que praticamente três em cada quatro startups brasileiras (76,22%) não possuem investimento externo e estão em operação com reservas pessoais dos sócios, de acordo com a pesquisa Radiografia do Ecossistema Brasileiro de Startups, da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) com a Accenture.
O próprio movimento de transformação digital fez com que este ecossistema surgisse de forma natural. O avanço da tecnologia proporcionou o surgimento das startups e, na sequência, das incubadoras, investidores-anjo, aceleradoras e fundos de venture capital. Agora, é o momento de dar mais destaque ao venture builder no setor para superar um dos grandes desafios da empresa que vira scale-up: escalar o negócio sem comprometer a operação. É por meio deste modelo que se obtém um melhor resultado, já que une profissionais com muito conhecimento sobre negócios e relacionamento no mercado. Não se trata apenas de investimento, mas de mentorias técnicas e comerciais que identificam deficiências e oportunidades.
Dessa forma, essas empresas são atores importantes no processo de digitalização que o ambiente corporativo brasileiro enfrenta atualmente. Afinal, quase a totalidade das startups investidas são soluções que inovam o formato tradicional nos negócios com o conceito phygital – a união definitiva e inevitável entre os mundo offline e online.
Os builders normalmente são empresários com conhecimento de mercado e amadurecidos por meio de suas próprias experiências, tanto as de sucesso quanto as de insucesso, e podem colaborar a escalar essas companhias de forma saudável. Este ponto é, inclusive, um dos diferenciais que atraem os empreendedores e seus respectivos projetos.
A experiência, contudo, é apenas parte das vantagens de um venture builder no Brasil. Trabalho de mentoria com troca de conhecimento, aporte financeiro em alguns casos e, principalmente, apresentação à rede de relacionamento que possui são elementos que fazem a diferença para o sucesso de um negócio atualmente. Isso explica, por exemplo, porque existe um movimento das grandes corporações em busca de builders no momento de comprar ou investir em startups.
Com uma atuação próxima a de um advisor, eles aconselham essas organizações em todo o processo do negócio, evitando erros e apontando novas oportunidades em aquisições.
Hoje, mais do que ter aquela ideia inovadora, é preciso apostar no compartilhamento de conhecimento e no trabalho em conjunto para conseguir tirar o projeto do papel e levá-lo adiante. Em um mundo cada vez mais digital e conectado, são os parceiros que a empresa possui os responsáveis em garantir o sucesso do negócio. Juntos, todo mundo é mais forte e competitivo.
*Por Walter Sabini Junior, CEO da HiPartners Capital & Work