Transformação digital na mineração cobra cuidado com a terra e as pessoas

Nova Zelândia lidera desenvolvimento de tecnologias com foco no ESG

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1:01 pm - 28 de setembro de 2022
Imagem: Shutterstock

O setor de mineração tem sido impulsionado pela transformação digital nos últimos anos. A adoção de tecnologias para melhorar processos busca atender às exigências do ponto de vista econômico, mas também às crescentes preocupações ambientais e sociais. Uma pesquisa conduzida pela EY, em parceria com o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), aponta que entre as principais preocupações das mineradoras brasileiras em 2022 estão o ESG e a descarbonização.

O que se concluiu, a partir da pesquisa que ouviu as principais mineradoras no Brasil, reforça uma tendência global: o ESG se tornou mais presente na agenda dessas empresas com o avanço da pandemia e a sigla ganhou mais peso como parte do negócio. Mudanças no campo regulatório, crise ambiental e o aumento da consciência ao redor das indústrias, entre outros fatores, cobram uma postura mais ativa e preventiva.

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Conversando com empresas da Nova Zelândia que oferecem soluções para o setor, é possível entender como tecnologias que vão desde a comunicação via rádio, passando desde tecnologias de nuvem, soluções de segurança, velocidade de operações, automatização de processos, até inteligência artificial, podem elevar a produtividade, evitar o desperdício, otimizar práticas, salvar vidas e poupar o planeta. Estas práticas e facilidades contribuem para o que o mercado vem chamando de “better mining”: a mineração mais eficiente, barata e sustentável. A computação em nuvem, por exemplo, tem sido vista como uma plataforma para acelerar a inovação, com o uso de outras tecnologias habilitadas pela nuvem, mas também um meio para apoiar metas de neutralização de carbono.

Dados de comunicação seguras, monitoramento remoto e modelagens precisas acessíveis a qualquer colaborador habilitado, independente da sua localização, implica em menos deslocamentos, reduzindo a pegada de carbono, mas também permitindo uma colaboração mais eficaz, levando a decisões mais rápidas. São esses ganhos incrementais que aceleram e simplificam o processo de exploração, reduzindo o impacto ambiental por meio de uma exploração melhor focada e com menos desperdício.

Apesar da tendência à transformação digital, o setor de mineração ainda se encontra em um relativo estágio inicial quando comparado aos seus pares. Pesquisa recente da Accenture indica que há um bom espaço e oportunidades para a digitalização. De acordo com a consultoria, para uma empresa de mineração média com receita na casa dos US$ 40 bilhões, um programa holístico de transformação digital, com elementos básicos habilitados para nuvem, pode gerar ganhos de receita de 15% até 20% do total de gastos de TI durante o período de investimento.

Prova de que há bastante oportunidades para melhorias é outro dado que diz respeito a uma das principais dores do setor: o gerenciamento de dados geológicos. Segundo o Geoscience Data Management Report 2021, os geocientistas podem gastar mais de 30% do seu tempo de trabalho gerenciando dados. Ao mesmo tempo, o gerenciamento de dados de geociência continua sendo pelo menos um dos cinco principais problemas para mais de 80% das organizações, mas menos de um terço usa uma estrutura estabelecida em seus processos de gestão.

O aumento do conhecimento da geologia baseado em dados reduz as incertezas e melhora a precisão, o que aumenta a eficiência das operações e reduz custos, levando a uma maior vantagem competitiva. Quanto mais detalhados, atualizados, holísticos e perspicazes forem os modelos geológicos, melhor direcionada poderá ser uma perfuração, ajudando a reduzir custos e auxiliando na sustentabilidade.

Com uma tradição de mais de 100 anos no setor de mineração, a Nova Zelândia tem liderado o desenvolvimento de tecnologias que endereçam as necessidades e desafios da indústria, tornando-se um parceiro estratégico para os principais nomes da mineração mundial como é o caso da Austrália, Canadá e África do Sul e cada vez mais presente com tecnologias que apóiam parceiros na América Latina como Chile, México, Peru e Brasil.

Assim como nesses países, a mineração é parte importante na economia da Nova Zelândia, representando mais de 40% do PIB de sua costa oeste e contribuindo com 6,2% das exportações do país. Há no país a consciência de que o better mining é uma abordagem que faz bem não só ao futuro da Nova Zelândia como também do mundo.

Sabemos que o futuro da tecnologia e, consequentemente, dos negócios depende também dos minerais que a atividade coleta. Por isso, soluções que possam orientar uma mineração mais verde e comprometida com o social serão boas não só para os negócios quanto para o futuro do planeta.

*Beni Iachan é Gerente de Desenvolvimento de Negócios da NZTE (New Zealand Trade & Enterprise) para o Mercosul em São Paulo, onde atua como responsável pelas áreas de Recursos, Energia, Defesa e Segurança. Anteriormente trabalhou por mais de 13 anos no setor privado, como Gerente de Negócios Internacionais, atuando sobretudo em negociações B2B e B2G em mais de 50 países. Graduou-se em Relações Internacionais e possui MBA em Comércio Exterior pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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