SXSW focado em IA, IA, IA…
Tema foi predominante entre as palestras do SXSW
Quem já participou de alguma edição do SXSW (South by Southwest) sabe o quão disruptivo é o evento. Uma mistura de conferência e festival que aborda tecnologia, inovação, música, filme, educação e cultura. Para quem nunca esteve lá, recomendo que se programe para estar em Austin, nos Estados Unidos, em 2025.
Quero dividir aqui as minhas impressões sobre a edição deste ano. Esta foi a segunda vez que participei do SXSW e novamente saí com mais perguntas do que respostas, com mais vontade de estudar e aprender.
Como esperado, o tema Inteligência Artificial (IA) dominou as conversas – tanto nas palestras e debates quanto nas conversas do “café” e happy hours nos lindos rooftops de Austin. E está cada vez mais claro que este é um caminho sem volta, que já está transformando a nossa sociedade e o mundo dos negócios.
Na palestra “Design in Tech Report 2024”, apresentada pelo John Maeda, VP de IA da Microsoft, ouvi muitas informações relevantes. Mas foi da plateia o grande exemplo de como a IA já faz parte das nossas vidas. Na cadeira da frente, um rapaz estava com o laptop aberto assistindo a mesma palestra sendo transcrita em real time para o japonês e desenhando um mindmap automaticamente!
Leia mais: O que os modelos de linguagem de grande escala podem fazer pelo seu negócio
Uma das apresentações mais interessantes foi a do futurista Ian Beacraft, que mostrou que a IA não é mais um diferencial competitivo das empresas, e sim algo esperado pelo mercado. O verdadeiro diferencial, segundo ele, está em criar sistemas que possam aproveitar todo o potencial dessa tecnologia. Saí do auditório com a certeza de que resistir à IA não é opção.
Por mais que ainda se discuta se a Inteligência Artificial vai substituir as pessoas no mercado de trabalho, minha percepção é que essa tecnologia vai, claro, transformar as relações de trabalho, mas principalmente vai acelerar nosso aprendizado. O impacto exponencial da IA vai exigir uma nova gestão, que combine a tecnologia com as nossas experiências e com uma liderança mais humanizada.
A palestra “Renascença robótica: o amanhecer da inovação humanoide”, de Yemi A.D., da Moonshot Platform, foi particularmente interessante para mim, que atualmente trabalho no Grupo Elfa, uma empresa de soluções logísticas na área de saúde. Ele falou sobre como os robôs humanoides não só podem revolucionar setores como a logística, manufatura e saúde, mas também têm o poder de transformar a maneira como nos relacionamos com a tecnologia e uns com os outros.
É tanta coisa acontecendo simultaneamente, que certamente cada participante saiu de lá tendo assistido a um evento diferente.
Eu poderia aqui escrever em detalhes a aguardada – e brilhante – palestra da futurista Amy Webb, CEO da Future Today Institute. Pelo 17º ano consecutivo ela apresentou o seu famoso report. O de 2024 traz 695 tendências, 95 cenários, 16 seções e 979 páginas!
Ou quem sabe contar mais sobre a apresentação de Peter Deng, líder da equipe que desenvolveu o ChatGPT. Poderia, talvez, falar do painel com o CEO do Uber, Dara Khosrowshahi, e o prefeito de Austin, Kirk Watson. Ou mesmo contar como foi a participação da atriz e ativista Jane Fonda, que esteve lá para defender o uso da tecnologia em prol do combate às mudanças climáticas.
Ao invés disso, prefiro dividir aqui quais foram as minhas lições do SXSW 2024:
1. Adaptar-se é palavra de ordem
As empresas precisam integrar novas tecnologias em seus modelos de negócios. Isso será o básico para manter a competitividade e aproveitar as novas oportunidades de mercado.
2. IA: caminho sem volta
A tecnologia veio para ficar. Não adianta resistir. Agora é entender como usar a tecnologia e extrair o máximo valor dela.
3. Comunicação e tecnologia
A diferenciação continua sendo fator relevante no mercado. A mensagem que fica é de que uma história por si só não sustenta o produto. Nem mesmo um bom produto se sustenta sem uma boa história.
4. Diversidade
A diversidade desempenha um papel crucial não apenas na geração de uma ampla gama de ideias, mas também na garantia de que os novos produtos ou serviços tenham uma representatividade genuína no mercado.
5. Biodiversidade e responsabilidade
Empresas não podem mais se eximir da responsabilidade em torno da sustentabilidade. É preciso criar ações para reduzir impacto no meio ambiente. A tecnologia está aí para ajudar.
6. Medicina personalizada
A IA remodelará a entrega da educação médica, pois defende que os médicos devem combinar empatia com treinamento em tecnologia.
7. Superciclo tecnológico
Um período de demanda crescente que eleva os preços dos ativos às alturas sem precedentes. Ao contrário dos ciclos tecnológicos anteriores, desta vez três tecnologias estão impulsionando isso: IA, ecossistema conectado de coisas e biotecnologia.
8. Propósito
A nova geração de talentos se preocupa com o tema. O mercado nos Estados Unidos é desafiado por encontrar profissionais a não ser que a empresa mostre que seus valores estão alinhados aos do candidato
Fica aqui a reflexão para que a tecnologia seja uma grande alavanca para o crescimento do Brasil e que paremos com a resistência ao novo. Como destacou Amy Webb, a transformação já está em curso e é preciso surfar essa onda. Basta cada empresa encontrar seu caminho.
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