SXSW 2019 e a busca por uma tecnologia mais humana

Tornam-se necessárias as discussões relacionadas ao uso ético das diferentes tecnologias

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7:27 pm - 11 de maio de 2019

O SXSW – como é conhecido o South by Southwest – é um conjunto de festivais de cinema, música e tecnologia que acontece toda primavera em Austin, Texas, nos Estados Unidos. Considerado o maior evento mundial sobre inovação, o festival começou em 1987 e desde 2011 tem dez dias de duração. O formato aberto permite uma programação recheada de temas transversais e inspiracionais. Neste ano reuniu um público recorde de 80 mil participantes. Foram três mil palestras, que incluíram exibições de filmes, arte e premiações, que nos ajudam a entender melhor o presente e fazer questionamentos sobre o futuro.

Em uma programação tão diversificada, impossível esgotar todas as possibilidades de discussão no espaço deste artigo. Alguns destaques, no entanto, merecem nossa reflexão. Um deles foi a questão da privacidade online e o tratamento ético dos dados pessoais. O modelo de negócios que sustenta gigantes como Google e Facebook – a venda de informações pessoais de usuários para empresas terceirizadas – esteve sob forte questionamento. O desafio de combinar as tecnologias inteligentes e a internet das coisas (IoT) com medidas regulatórias que resguardem os dados do cidadão de maneira satisfatória, permanece no horizonte, sem perspectiva de soluções definitivas.

A revolução mais recente da acelerada história do marketing digital  e a inteligência artificial (IA) , não podia estar ausente. Em pauta, a necessidade de fazer com que máquinas sejam capazes de responder também às nossas reações emocionais e os bots adquiram uma interface mais amigável, tornando-se mais inteligentes e menos artificiais. O ‘machine learning’, ou o uso de dados e algoritmos para tornar as máquinas cada vez mais inteligentes e capazes de executar tarefas pré-determinadas, também se insere nessa discussão.

Também esteve em debate a importância de tornar os algoritmos livres de padrões de reconhecimento facial racistas, bem como habilitá-los para a identificar linguagem sexista, sem esquecer de questionar quem são as pessoas que desenvolvem esses algoritmos e como isso é feito. As implicações do desenvolvimento da inteligência artificial  (IA) mudam toda a indústria, exigindo mais dos profissionais envolvidos, e cobram melhor desenvolvimento humano e tecnológico.

A tecnologia é desenvolvida por pessoas e desempenha um papel importante na introdução de mudanças em nossa cultura e na expansão das possibilidades de interação humanas. Assim, precisa espelhar melhor nossos anseios éticos e possibilitar que suas potencialidades sejam usufruídas de maneira segura. Os escândalos recentes envolvendo o Facebook, a Apple, Microsoft e Google dão apenas uma mostra do quanto precisamos evoluir nesse sentido. Essa discussão, aliás, permeou o SXSW este ano e tudo indica que prosseguirá com força nas próximas edições. Seguiremos atentos participando do debate.

*Ricardo Inforzato é diretor de Planejamento e Estratégia da agência de Marketing Pílula Criativa

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