Ser centrado no cliente (provavelmente) não significa o que você acha
Na minha experiência, não há termo menos compreendido do que “centrado no cliente”.
Ser centrado no cliente geralmente significa promover iniciativas de “Digital pra Fora”. Isso se traduz em equipes de UX, UI e CX focadas no app, landing page, site, etc. Ou seja, experiências envolvendo interações diretas com o cliente.
Para identificar empresas verdadeiramente centradas no cliente e suas estratégias, devemos ir além do discurso dos seus executivos e ver os números dos seus resultados.
Ontem o Banco Pan apresentou seus resultados de 2T22 com números impressionantes e que revelam um verdadeiro centramento no cliente. O que me diz de aumentar em 12 meses a sua base de clientes totais em +69%, o volume transacionado em +195% e ampliação do cross-sell em +83% ?
Digo aos meus alunos da FIAP que acompanhar CIO`s visionários é a melhor forma de aprender sobre tecnologia e negócios. Vale mais do que qualquer aula de MBA.
Leandro Marçal Araujo, CTO e COO do Banco Pan, é o executivo de tecnologia por trás desses números. Com 35 anos de idade e orgulhosamente de Santos, ele contrapõe a imagem que temos de um executivo de banco. É simples, informal e acessível.
Sob sua liderança a área de TI mais que dobrou de tamanho chegando a quase 1000 pessoas e hoje representa 1 ⁄ 3 dos funcionários do banco.
Conseguir aumentar o orçamento da TI de forma tão expressiva só é possível demonstrando e convencendo o board que tecnologia é investimento e não custo. A tão sonhada TI com drive estratégico, tecnologia como meio e não fim.
Sua principal estratégia de centramento no cliente contradiz o senso comum: Digital pra Dentro. Assim como Leandro, CIO`s de bancos devem repeti-la como um mantra.
Parece óbvio que num mercado onde a experiência de interações diretas com o cliente fica praticamente nivelada, é quase impossível se diferenciar pela UX e UI do app ou site.
Na estratégia Digital pra Dentro o foco de investimento não é mais no produto e venda, mas na digitalização das operações. É o nada sexy backoffice. É aquele pesadelo da malha interna de um banco para resolver um problema simples do cliente.
Trata-se de abstrair a complexidade na vida do cliente, onde não é mais necessário que alguém olhe, analise o pedido para resolver o problema e encaminhe para a área responsável.
Deixar o cliente resolver o seu próprio problema, sem precisar de uma ação do banco. Essa estratégia coloca o poder na mão do cliente. Isso é a verdadeira tradução de centramento no cliente.
Os times de UX que estão acostumados a pensar só no app, no Banco Pan pensam como os colaboradores terem uma experiência para resolver problemas de forma mais eficiente possível para os clientes. Segundo Leandro, isso muda o jogo!