Quais as reflexões da UNESCO e o papel de quem está desenvolvendo e aplicando novas soluções de IA na educação?

Publicação lançada recentemente vem para apoiar profissionais no uso das ferramentas de IA na educação de forma segura, eficaz e ética

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10:00 am - 07 de novembro de 2024
Imagem: Shutterstock

No ano em que a discussão sobre inteligência artificial (IA) está onipresente em diferentes áreas – e com a educação não é diferente – a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) lançou a publicação AI competency framework for teachers (na tradução livre, “Competências em inteligência artificial para professores”). O objetivo é apoiar profissionais no uso das ferramentas de IA em suas práticas de ensino de forma segura, eficaz e ética.

Nesse guia de referência, a UNESCO reforça o papel de destaque do educador, com uma abordagem centrada no ser humano para a IA na educação. Mas como podemos nos comprometer com o desenvolvimento de uma IA humana e respeitosa com professor e alunos? De que forma essa tecnologia pode ser uma aliada num universo ainda desconhecido e complexo?

Segundo o documento da UNESCO alerta, a inserção da IA na educação vai além das tecnologias anteriores, uma vez que a ferramenta pode esbarrar na autonomia e competência dos professores. Diferentemente das tecnologias passadas, que auxiliavam nas tarefas rotineiras, a IA tem potencial para tomar decisões baseadas em previsões de padrões, o que levanta preocupações sobre o risco de um excesso de dependência. Para que os riscos sejam mitigados, a organização ressalta que os educadores precisam estar devidamente capacitados a compreender as implicações sociais e éticas da IA garantindo que seu uso seja responsável e crítico dentro do ambiente educacional.

A UNESCO também recomenda que não apenas os educadores precisam estar capacitados para usarem essas ferramentas de IA de forma responsável, mas, também, agências reguladoras em todos os países devem “cooperar com instituições educacionais, sindicatos de professores e associações de pais para definir e aplicar métodos de validação relevantes para ferramentas de IA inclusive por meio de testes, simulações e abordagens centradas em modelos”.

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O fato é que, apesar da rapidez com que a IA vem sendo adotada, apresentando grandes desafios, essa tecnologia também oferece oportunidades. De acordo com Omar Abbosh, CEO da Pearson, a velocidade na qual a IA vem se espalhando no mundo da educação e do trabalho é uma das maiores tendências convergentes da nossa área. Para ele, mesmo que estejamos em uma bolha de hype agora com a IA, ela terá implicações profundas nos próximos 10 anos em como vivemos e trabalhamos.

No mundo corporativo, especialmente entre empresas de educação, precisamos também nos implicar na construção e uso da IA de forma responsável. Há muitas maneiras que podemos atuar eticamente. Uma delas é assumir uma escuta ativa de consumidores e educadores enquanto projetamos ferramentas e soluções baseadas em recursos de IA. É possível realizar enquetes, grupos de trabalho, teste dos produtos e fazer avaliações cuidadosas sobre suas implicações e efeitos.

A verdade é que professores e alunos também estão preocupados em manter princípios essenciais, como o desenvolvimento do pensamento crítico e o respeito às pessoas e à diversidade. É por isso que estamos construindo ferramentas que ajudem as pessoas a aprender, não apenas dar a elas respostas. Isso é se manter comprometido em desenvolver produtos de IA que irão melhorar a sociedade por meio do aprendizado ao longo da vida.

A possibilidade de usar ferramentas como a Inteligência Artificial para personalizar o aprendizado também significa que seremos capazes de adaptá-lo cada vez mais ao aprendiz, a fim de alcançar melhores resultados de aprendizagem.

Além disso, é também papel dos educadores e empresas de educação, ajudar pessoas a desenvolver habilidades para se manterem atualizados com os avanços em tecnologia e IA, construindo uma educação que prepare futuros profissionais conscientes de quais habilidades podem ser automatizadas ou facilitadas pela IA, enquanto desenvolvem outras que não serão substituídas pela tecnologia.

Por fim, é preciso estar aberto e ativamente envolvido em diferentes fóruns de discussão, e em contato com diferentes stakeholders, de forma a entender as mais variadas perspectivas sobre tais questões. Nesse sentido, a Pearson no Brasil tem estimulado a discussão sobre o impacto da IA na educação em uma parceria recente com a Agência Lupa. Estão sendo publicados conteúdos para uma newsletter voltada aos educadores, com o objetivo de promover uma reflexão responsável e comprometida sobre a experiência de ensino e de aprendizagem sob influência de IA.

A própria UNESCO destaca, em suas considerações finais, que stakeholders envolvidos no desenvolvimento profissional de professores são incentivadas a se envolver e compartilhar suas experiências, com o objetivo de cocriar iterações subsequentes ao documento recém-lançado. O caminho só está começando, mas já sabemos que deve trilhado de forma colaborativa e centrado em pessoas.

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