Propósito entre fundadores de startups e a evolução da governança

Saber onde se situa a startup no âmbito dos pilares da governança representa grande trunfo para os fundadores

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10:14 am - 29 de abril de 2022
startups

A Nova Economia, apesar de ser um conceito apresentado ainda na década de 80, é de fato extremamente atual. Até hoje gera mudanças nos mercados e empresas e, mais recentemente, tem sido impulsionadora da transformação digital. Nesse contexto, tornou-se também uma das principais fomentadoras da criação de startups nos mais diversos setores, alguns deles inimagináveis poucos anos atrás.

Vale ressaltar que o sucesso das startups depende de diversos fatores: inovação, capacidade dos fundadores para materializar a ideia, atração de investidores, demanda do mercado, alinhamento de propósito entre os fundadores e a Governança Corporativa, dentre outros. Não teríamos neste artigo como tratar todos esses. Portanto, vou ater-me a explorar um pouco mais os fatores Alinhamento de Propósito e Governança Corporativa.

O alinhamento de propósito entre os fundadores de startups,  pela minha experiência, é um dos principais fundamentos para o sucesso  do negócio. Para que ocorra, vários tópicos devem ser discutidos entre os criadores da empresa, ainda que no estágio inicial (Fase de Ideação, vide Caderno de Gorvernança Corporativa para Startups & Scale-ups do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

Eis alguns exemplos dos temas a serem abordados nessa etapa: valores pessoais; crenças sobre o mercado e a empresa; quanto cada um está disposto a se dedicar  à startup; envolvimento de familiares no negócio; capacidade de aporte de recursos (financeiros, operacionais, humanos, etc.); riscos aceitáveis; responsabilidades legais; transparência; habilidades e características pessoais e sua utilização na empresa; expectativa futura de venda ou manutenção do negócio; estar aberto a pivotar; ESG e diversidade.

Essa discussão é extremamente relevante para promover o  alinhamento de  propósito e não pode ser deixada em segundo plano. Deve ser encarada de frente, com maturidade e transparência. Se os fundadores não se sentirem confortáveis ou não conseguirem estruturar esse debate, podem recorrer a um auxilio externo para mediar, como, por exemplo, a busca por mentorias.

Naturalmente, a discussão dos tópicos sugeridos acima gerará substância para a preparação ou ajuste do acordo de sócios, instrumento fundamental para regular a relação entre os fundadores e que representa uma pedra fundamental na estruturação da Governança Corporativa da startup. A questão, portanto, deve ser tratada com a relevância  necessária.

Ressalto, então, a importância da prática para as startups, independentemente do estágio em que elas se encontrem (vide caderno anteriormente citado, para mais informações). Sua implementação  não deve ser vista como uma trava à evolução do novo negócio. Ao contrário,  deve ser vista como uma ferramenta que proporcionará harmonia na relação entre os fundadores, e entre estes e os demais stakeholders.

Pode surgir então a pergunta por parte dos fundadores: “Quando e quanto de Governança Corporativa devo implementar na minha startup na fase em que se encontra?”. A pergunta não possibilita uma resposta direta, única e definitiva, mas pode ser perfeitamente endereçada usando-se a Ferramenta de Métrica de Governança Corporativa para Startups e Scale-ups desenvolvida pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, a partir do caderno já mencionado. A utilização dessa ferramenta proporcionará aos sócios fundadores a oportunidade de fazer um autodiagnóstico do estágio de amadurecimento quanto à Governança Corporativa no qual a startup encontra-se. Também permitirá visualizar a trilha sugerida a ser seguida.

Saber onde se situa a startup no âmbito dos pilares da Governança Corporativa representa um grande trunfo para os fundadores, já que serão naturalmente demandados sobre esse tema, à medida que evoluam no desenvolvimento do negócio.

Aprofundar-se sobre o assunto propiciará uma visão mais ampla da Governança Corporativa e ajudará a traçar o caminho a percorrer, para que a empresa tenha um ambiente interno seguro para os fundadores e colaboradores, atrativo para novos sócios (investidores anjos, gestores de venture capital, etc.) e transparente para os demais stakeholders.

* André Luiz Paraná Ferreira é sócio da Exata Consultoria Empresarial, investidor em startups, membro de conselhos de administração e consultivos e membro da Comissão de Startups e Scale-Ups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

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