Perdendo o medo e adotando o smartphone BlackBerry Bold 9700

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1:21 pm - 02 de maio de 2010

Sou um amante da tecnologia, afinal é o meu trabalho. Mas no aspecto comunicação sempre fui meio relutante. Acho que temia ter minha privacidade invadida ou abalada. Sempre foi assim. No começo dos anos 90 clientes me pediam para adotar o “pager”. Para quem não sabe, não chegou a ver, o tal aparelho, era um dispositivo com tamanho semelhante a uma caixa de fósforos para o qual recados podiam ser enviados, geralmente demandando minha presença ou alguma intervenção na empresa. Demorou, mas me rendi e adotei um Mobitel, o mais usado na época.

Mesma coisa aconteceu com o telefone celular. Também relutei para adotar um. Incrível, mas é verdade. Também achava que haveria pessoas me ligando freneticamente em horários pouco agradáveis e de forma mais intrusiva ainda que o Pager. Claro que a tecnologia venceu e no final dos anos 90 adotei a solução da primeira empresa a atuar na “banda B” digital (nem se fala mais isso hoje), a antiga BCP (hoje Claro).

A última “barreira” a ser transposta era adotar um smartfone. Acreditava que ter acesso instantâneo a e-mails ali no meu bolso seria insuportável, pois seria uma ansiedade constante. Mas quis o destino que eu tivesse a oferta para testar um aparelho BlackBerry o qual utilizei por quatro semanas. A RIM (Research in Motion), fabricante do aparelho me emprestou o modelo Bold 9700 o qual era até aquele momento o mais sofisticado da empresa.

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Ligeiramente maior que o meu atual aparelho, embora mais fino (109mm x 60mm x 14,1 mm-peso 122 g), mas com um conjunto imenso de recursos, além de minhas expectativas, fui surpreendido. Preciso deixar claro que jamais pensei em analisar telefones celulares ou smartfones, assunto este que nossa amiga Elis Monteiro dá um show. Mas não é este o objetivo deste texto. Vou comentar os aspectos e recursos que gostei, mas o destaque mesmo é a minha visão de usuário relutante a usar este tipo de aparelho e o resultado da experiência em diversas situações de uso.

O Bold 9700 usa tecnologia 3G para acesso a Internet e por isso logo de cara quis configurar meu e-mail. Tenho um servidor de e-mail próprio (Microsoft Exchange). Sem consultar muita documentação achei bastante simples configurar o acesso IMAP ao meu servidor. Em poucos segundos já estava ouvindo alguns “blins” acompanhados pela luz vermelha que se acende no topo do aparelho assim que e-mails chegam. Além de IMAP, pode-se usar acesso direto a Exchange, Lotus Notes, POP, ou acesso corporativo via Blackberry Enterprise Server (mais detalhes oportunamente). A cada vez que e-mails chegavam, eu não agüentava a curiosidade. Era isso que mais temia. Mas percebi o imenso benefício. Aprendendo a ignorar alguns e resolvendo instantaneamente outros assuntos, comecei a pensar de uma forma um pouco diferente. De fato antecipei a solução de problemas em algumas horas só pelo fato de poder responder mesmo que brevemente um e-mail recebido “no bolso”.

Um pequeno, mas importante detalhe, o teclado do Bold 9700 é ótimo. Segue o padrão “qwerty” completo e muito fácil de usar. Cabe mencionar que no meu primeiro contato com o aparelho tentei usá-lo apertando no visor, mas este modelo não é “touch” como iPhone e outros, mas a RIM tem outros modelos como o STORM que funciona desta forma. Erro meu que não li o manual.Mas o sistema de navegação do Bold é ótimo, o TRACKPAD, superfície sensível ao toque com menus de contexto para cada situação.

Depois de destrinchar o uso de e-mail configurei o acesso Wi-Fi (802.11g). Uma vez configurada um ou mais redes sem fio o Bold 9700 é esperto a ponto de realizar o acesso à Internet pelo Wi-Fi e não pelo 3G (ou 2G se não há sinal mais avançado). A tela do aparelho tem resolução de 480×360 pontos (half VGA+) e a experiência de navegação é boa. Eu estranhei um pouco, pois uso óculos para enxergar de perto e tive alguma dificuldade de visualização, mas a função ZOOM me permitiu enxergar direito os sites.Isso obriga o usuário a usar com freqüência o “scrool” lateral para ver a parte esquerda ou direita dos sites. É um aprendizado, usar este dispositivo de uma forma diferente para acessar Internet quando comparado com um PC por exemplo. Mas passado o período de adaptação usava a Internet de forma ágil e confortável.

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Estava eu na coletiva de imprensa da Gigabyte em meados de abril (sobre o novo centro de serviços e RMA) quando me deparei com a necessidade de registrar imagens do novo serviço da empresa e da solenidade de inauguração. Não tinha câmera, mas tinha o Bold 9700 comigo. Todas as fotos que ilustraram aquela matéria foram feitas com o Blackberry. Sua câmera tem resolução de 3.2 mega pixels, foco automático, estabilização de imagem, flash, zoom digital 2x (acionado pelo Trackpad) e gravação de vídeo. Para mim especificações não são tão importantes. O que importa é que em uma situação de necessidade REAL que tive, pude usar o Bold 9700 para tirar as fotos que precisei, com ótima qualidade (acima de minha expectativa ainda mais levando em conta ser uma câmera integrada a um telefone).

O Bold 9700 tem GPS nativo, mas precisa de um aplicativo de mapas para realizar navegação, rotas e caminhos, uso mais interessante. Nesta hora descobri que há uma infinidade de aplicativosdisponíveis para compra na APPSTORE da Blackberry, entre eles softwares sofisticados para navegação e rotas. Mas a GOOGLE tem um aplicativo gratuito para esta finalidade o qual após instalá-lo resolvi meu problema. Quando comparado com um GPS especializado (como um TomTom ou Garmin) senti falta da mensagens de voz orientando “vire a esquerda em 200 metros” (por exemplo), pelo menos na solução do Google isso não acontece. De toda forma com um Bold 9700 ninguém vai ficar perdido, pois seu GPS funciona muito bem. Um “extra” muito interessante é a marcação das fotos com as coordenadas obtidas pelo GPS. Assim as fotos passam a ter estes dados e visualizados com softwares apropriados, o local, mapa, etc. podem ser vistos junto com a foto. A propósito o próprio Bold 9700 tem esta funcionalidade “ver no mapa” ao rever as fotos tiradas pelo aparelho. Muito legal.

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A duração da bateria foi outro ponto de destaque. Ficava dias sem me preocupar com isso. Só precisava recarregar a bateria a cada 4 ou 5 dias. Na semana do feriado de páscoa como usei menos fiquei uma semana sem recarga. Isso apesar de tê-lo levado comigo em viagem para a praia (Ilhabela-litoral norte de São Paulo). E nesta ocasião também usei o Bold 9700 para acesso a Internet (em 3G) e também como “modem” ligado ao meu notebook, outra função muito útil para situações onde usar o notebook seja essencial. Tenho hoje um modem USB da HUAWEI. Desde que a operadora permita (pois é algumas têm restrições a este tipo de uso), eu poderia ter apenas um aparelho o Blackberry para acesso a Internet no notebook via modem 3G (o próprio aparelho). Claro que o Bold 9700 tem comunicação via Bluetooth (2.1) que pode ser usado para fones de ouvido, headsets, etc.

O sistema operacional do Bold é da própria Blackberry, versão 5.0, e conta com várias outras funcionalidades. Há um slot para cartão de memória microSD/SDHC de até 32 Gb no qual uma infinidade de dados podem ser armazenados. Traz a suíte DataViz® Documents To Go® já instalada que permite ver e editar arquivos do Microsoft® Word, Excel e PowerPoint, além de outras ferramentas de produtividade e organização, incluindo visualização de agenda livre/marcada, flags de email, controle de pastas de email do Exchange, visualização de anexos, etc. e encaminhamento de compromissos. O Midia Player permite que anotações de voz (gravadas no aparelho), músicas e vídeos possam ser usados no Bold 9700. O aplicativo BlackBerry Midia Sync faz a sincronização do Windows Media Player ou do iTunes com o aparelho (tanto PC como Mac). Também pode ser usado o aplicativo Roxio Media Manager no PC para transferir dados para o aparelho (bem como copiar arquivos direto para o cartão microSD).

No final do período de testes devolvi o aparelho. Foi difícil. Meu preconceito e minha reserva ao use de um smartfone se foi de uma vez. Não só isso, lamentei não tê-lo mais comigo. No começo do período do meu teste almocei com um amigo de infância que é também usuário de um BlackBerry. Usando suas próprias palavras o aparelho é para ele “ferramenta de libertação”. Ele explica, “muitas vezes estou no escritório e preciso me ausentar por uma ou duas horas, com o BlackBerry na mão faço isso sem reservas ou remorso pois sei se alguém precisar de mim, se chegar um e-mail importante posso resolver ou encaminhar o assunto instantaneamente” .No começo não entendi nem concordei direito com ele. Mas ao devolver o aparelho concordei integralmente com sua opinião.

Esta foi a minha história, minha experiência. Mudei minha forma de pensar. Mas tive a oportunidade de conhecer mais sobre o tema. Pude me aprofundar no assunto ao participar na última semana de abril do evento organizado pela RIM, o WES 2010 que reuniu milhares de desenvolvedores, parceiros e imprensa. Entendi o valor da solução integral do BlackBerry, seu uso corporativo que estende além de muitas fronteiras o valor da solução que não se limita a um “aparelho legal”.Este será o tema de minha próxima coluna na qual vou entrar bem fundo nas soluções, infra estrutura, e possibilidades do uso do smartfone BlackBerry no contexto corporativo. Tenho certeza de que vou surpreender você (como também me surpreendi). Fica o convite para me acompanhar nesta jornada na semana que vem.

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