Low-code e no-code revolucionam desenvolvimento de aplicações
Popularização do uso de código deve acelerar adoção da nuvem pelas empresas e transformação digital
Empresas como a Microsoft estão evoluindo muito suas plataformas de low-code ou no-code para que usuários sem conhecimentos específicos de TI possam construir suas próprias aplicações de forma simplificada. As tecnologias de pouco ou nenhum código diminuem ou eliminam o trabalho de programação para o desenvolvimento de aplicativos e programas. Podem ser consideradas inclusivas na medida em que permitem o amplo acesso – mesmo com pouco conhecimento técnico – a esses recursos que se mostram indispensáveis nos dias de hoje.
Essas plataformas vão revolucionar o mundo. Isso porque profissionais de outras áreas além de tecnologia poderão desenvolver seus próprios aplicativos de acordo com suas necessidades reais do dia a dia. Essa dinâmica, além de simplificar processos como os chamados “testes funcionais”, vai acelerar muito a transformação digital das empresas, uma vez que o usuário final, que é quem mais entende da necessidade do negócio, desenvolverá suas próprias soluções.
O que se observa atualmente é que as plataformas de low-code são buscadas especialmente por grandes organizações e médias empresas que têm alta demanda no desenvolvimento de soluções e precisam de agilidade nas entregas do dia a dia, utilizando, muitas vezes, essas plataformas como suporte ou aceleradoras para as equipes de TI, que podem assim ser mais produtivas.
Já as plataformas de no-code são mais usadas por profissionais sem nenhum conhecimento de código ou por empresas que normalmente não contam com departamentos internos ou parceiros de tecnologia, como os micros e pequenos empreendedores. Os pequenos negócios, de acordo com o Sebrae, representam 99% das empresas brasileiras e foram responsáveis, no primeiro semestre deste ano, pela criação de sete em cada dez empregos formais.
Essas empresas não costumam contar com profissionais de TI, terceirizando esse trabalho ou simplesmente não fazendo qualquer investimento. Mas, no mundo tecnológico de hoje, estão recebendo pedidos do mercado relacionados com o desenvolvimento de aplicativos ou demandas para a transformação dos seus processos internos para que possam trabalhar de forma mais eficiente. De alguma forma, a criação de aplicações é necessária, seja como suporte para o negócio, serviço ou produto ofertado, seja como solução principal disponibilizada no mercado. Há, portanto, enorme potencial para utilização do no-code por esses empreendedores.
Essas plataformas de low-code e no-code têm em comum o fato de serem rápidas e acessíveis, permitindo que seus usuários criem aplicações usando software de modelagem visual. Funcionam dessa forma como uma alternativa ao desenvolvimento de software tradicional.
A opção sem código usa programação declarativa, conforme explica a Microsoft, com foco em “o quê” e não em “como”. Você diz, portanto, ao sistema o que deseja, e ele cria o aplicativo. Esse “você diz” é literal, já que o usuário dita para o sistema aquilo que deseja, descrevendo as funcionalidades buscadas, e a Inteligência Artificial transforma a fala automaticamente em código. Essa evolução tecnológica foi destacada por Satya Nadella, chairman e CEO da Microsoft, durante o keynote do evento Inspire 2022, realizado recentemente pela empresa.
A popularização do uso de código vai acelerar a adoção da nuvem e a transformação digital nas empresas. A área de negócios/marketing, por exemplo, conseguirá escrever suas próprias aplicações – inclusive para testar hipóteses de mercado antes do lançamento de determinado produto ou serviço. Com o tempo, a tendência é que essas plataformas de low-code e no-code se tornem mais avançadas, elevando a complexidade desses códigos e, por consequência, as possibilidades de desenvolvimento de aplicações mais robustas. Isso fará com que a demanda por nuvem e outros serviços próprios da transformação digital cresça, levando as empresas, de variados tamanhos e atividades econômicas, a buscar/contratar parceiros de TI para atender às suas necessidades.
No Brasil, em um contexto crônico de falta de profissionais, essa movimentação é muito bem-vinda. Estudo da consultoria McKinsey mostrou que, enquanto a Índia forma um profissional de tecnologia para cada três administradores ou advogados, os Estados Unidos formam um para cinco, e o Brasil, um para 11. Já pesquisa da Brasscom constatou que, até o fim do ano passado, o Brasil tinha 159 mil postos de trabalho em aberto, mas só formou 53 mil profissionais na área de tecnologia. Ou seja, um déficit anual superior a cem mil profissionais.
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