“e² + g² = s²”: a fórmula para o sucesso de uma startup
O primeiro passo é saber que empreendedores excepcionais são a chave para o sucesso de um negócio

Foram alguns dias pensando em um título provocador para este artigo. Queria tratar os temas de governança e empreendedores excepcionais, que mencionei em meu artigo de 13 de julho. E, com esta alquimia, poder descrever o quanto esta combinação é valiosa para o sucesso de uma startup.
Então resolvi fazer uma analogia ao Teorema de Pitágoras para o tema – “a resultante da soma de um empreendedor excepcional (e2) a uma boa governança (g2) é uma startup de sucesso (s2).”
Falemos do primeiro elemento da equação. Empreendedores Excepcionais são a chave para o sucesso de um negócio. Após tantos anos neste meio, aprendi muito com eles. Ou seja, devo ter conhecido e conversado com algo próximo de mil empreendedores, talvez mais. Há pouco mais de uma semana, um dos primeiros que tive a oportunidade de conhecer apareceu na mídia especializada por ter fechado uma rodada de captação série B com uma gestora de Venture Capital internacional.
Um a conversa e uma reflexão
Eu o conheci bem no início de minha jornada neste mundo das startups, em 2014, quando tinha recém-saído da carreira executiva. Ele foi ao meu escritório e contou sua história e aonde pretendia chegar. Assim, foram quase três horas de conversa. À noite, conversando com minha esposa, comentei sobre o quão impressionado eu havia ficado com ele, e concluí dizendo a ela: “Quero que nossos filhos tenham um pouco deste rapaz quando crescerem”.
A conversa com esse empreendedor foi o ponto de partida para uma reflexão. As grandes mentes recém-saídas das faculdades estavam migrando das carreiras convencionais para empreender. Este pensamento evoluiu para a tese de que o empreendedor é o principal critério para a tomada de decisão de um investimento. Não é o único, importante deixar claro, mas o principal, na minha visão.
Desde aquele momento, passei a desenvolver uma lista de habilidades que busco identificar quando converso com empreendedores. Portanto, ela continua a ser uma “work in progress list”: energia, carisma, coragem, perseverança, resiliência, curiosidade, capacidade de aprender e capacidade de execução. Por hábito e vício da época de minha carreira anterior, pontuo estes itens após uma primeira conversa e daí prossigo.
Da lista, um item ao qual dou atenção especial é a coragem. Tenho estampadas na parede de meu escritório duas frases que me levam a isso, de duas referências em épocas distintas: “A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras” (Aristóteles) e “Todos os nossos sonhos podem se tornar realidade se tivermos a coragem de persegui-los” (Walt Disney).
Mesmo tendo aprimorado modelos e critérios de avaliação de investimentos ao longo destes anos, ainda acredito que o principal determinante da decisão é sair de uma primeira conversa com o empreendedor ávido pela próxima. Empreendedores excepcionais provocam nossa curiosidade, fazem-nos querer conhecê-los mais e entendê-los melhor, encantam-nos com seu sonho. Ou seja, empreendedores excepcionais, como já mencionado, “movem montanhas”.
E a boa governança?
Como ela compõe esta equação? Em sua tradução mais simples, a governança trata do ato de governar, dirigir, ter mando e dar direção.
Assim, a governança é construída tijolo a tijolo. A boa governança se dá pela capacidade do empreendedor de dosar as boas práticas de forma adequada ao momento da empresa, os tijolos certos bem assentados e nos lugares certos, nem mais nem menos. Como mostra o guia Governança Corporativa para Startups e Scale-ups, saber balancear os pilares da governança ao momento de maturidade do negócio.
A junção das competências do empreendedor às boas práticas de governança cimentadas tijolo a tijolo na dose necessária e no momento adequado é o que chamamos no mundo dos negócios de perfect fit.
A fórmula do sucesso de uma startup aparentemente é simples. No entanto, ela é muito complexa porque depende de habilidades que não se aprendem somente nos livros. É aí que a mágica acontece entre o empreendedor e a governança.
* Giancarlo Berry é sócio da AcNext Capital e membro da Comissão de Startups e Scale-Ups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
* Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC