Cobit e ITIL matam a inovação na TI, acredita head de P&D da Porto Seguro
À frente da área de Pesquisa e Desenvolvimento da seguradora e Oxigênio, Maurício Martinez indica que empresas precisam se reinventar na nova era
Com mais de 30 anos de experiência em tecnologia, Mauricio Martinez tem passagens por empresas tradicionais como GM, Bancoc Chase, EDS e Natura. Mas foi na Porto Seguro que encontrou um caminho totalmente diferente para inovar. Há quase seis anos na seguradora como gerente de pesquisa e desenvolvimento (P&D) Digital da empresa, o executivo é responsável por revolucionar produtos e serviços.
“Logo quando entrei, surgiu uma provocação na TI para a criação da área de pesquisa e desenvolvimento como agente de apoio à inovação para as áreas de negócios. Nessa jornada, fomos desafiados a ser tão rápidos quanto os negócios. Foi quando surgiu a ideia de trabalhar como uma startup e, então, montamos a Oxigênio”, conta o executivo, referindo-se à aceleradora da Porto Seguro.
A história da criação da Oxigênio, revela Martinez, é curiosa. Em uma rápida conversa com o CEO da Porto Seguro, ele comprou a ideia mesmo sem um plano de negócios e em 60 dias o espaço já estava de pé com startups sendo recebidas.
“Mudar é um processo demorado, então montamos a aceleradora para nos aproximar do ecossistema de startups, inspirar e ajudar”, resume. A proposta, indica ele, não é absorver as startups, mas ajudá-las no desenvolvimento dos negócios. “Não adianta tentar engolir, pois corremos o risco de matar a startup”, reflete.
Agora, já no segundo espaço físico e em sua sétima aceleração, três startups participam da fase atual: a Keep Clear, plataforma de automação de due diligence e compliance que busca minimizar os riscos de empresas; a PopSpaces, marketplace para aluguel de espaços, e a Refinaria de Dados, especializada em coleta e análise de dados que conecta organizações ao público de seu interesse.
Virada na carreira
A mudança na forma de atuar da Porto Seguro também foi uma virada na carreira da Martinez. “A TI tradicional me frustrava. É, geralmente, uma organização avessa ao risco, em que processos falam mais alto”, observa e completa: O “Cobit e o ITIL mataram a inovação da TI. Entendo o motivo, mas é preciso se reinventar”. Quando surgiu a oportunidade na seguradora, o executivo viu uma chance inovar na TI e, de fato, transformar a área.
Ele revela, contudo, que seu background tecnológico foi fundamental para conduzir esse processo de mudança. “Se eu não tivesse visão clara de como uma empresa opera e dos potenciais e carências da área de uma empresa tradicional, nós não conseguiríamos ter atuado nas necessidades”, acredita.
O primeiro passo na jornada do executivo foi criar uma cultura de P&D com estrutura e um dos projetos foi a Oxigênio, mas há outras iniciativas correndo no paralelo, como hackathons e incentivo ao desenvolvimento de ideias dos próprios funcionários. Nesse programa, colaboradores podem tirar uma licença de três meses para colocar em prática negócios inovadores.
Além disso, há um Fab Lab, que reúne tecnologias de ponta, como impressora 3D e robôs, para frequentadores e funcionários testarem ideias na prática, além de palestras sobre inovação e empreendedorismo.
Vírus da inovação
Martinez acredita que a grande atribuição da Oxigênio é oxigenar a empresa com inovação e novos modelos de negócios. Uma espécie de vírus que se alastra de forma apositiva pela companhia.
Esse espírito é tão verdadeiro que o executivo indica que hoje praticamente todas as estruturas de negócios da Porto procuram a área de pesquisa e desenvolvimento em busca de inspiração de como melhorar seus produtos ou usam uma das startups do ecossistema Oxigênio para isso.
“Isso mostra uma preocupação legítima de aprimoramento dos processos e produtos internos em uma velocidade maior do que a permitida pelos processos tradicionais”, orgulha-se ele. Martinez acredita que na área de seguros a tecnologia é chave e o P&D apresenta-se como um grande laboratório para experimentar novas opções sem descontinuar o que a TI já oferece.
Expectativas
O executivo adianta que novos desafios virão muito em breve na área de P&D da Porto Seguro e na Oxigênio. A próxima fase de aceleração promete novos modelos de atuação. Também estão no forno várias ações para fomentar mais inovações, como gincana robótica, e ações educativas para fomentar temas como inteligência artificial (AI).