BS2 quer ser um dos maiores bancos PJ com compra de startup
Hub de tecnologia agora está em Israel e BS2 acredita que intercâmbio cultural é positivo para a empresa
A Weel nasceu há aproximadamente sete anos com o foco de trabalhar em crédito digital para PMEs no mercado brasileiro, com um time de desenvolvimento em Israel. Com um histórico de diversidade, é uma empresa que veio de um ambiente amigável para judeus ortodoxos e com a maioria de seus programadores mulheres, em 2021 foi adquiria pelo Banco BS2.
A transação consolidou a estratégia do banco de criar uma oferta de valor integrada para PMEs, unificando jornadas de serviços financeiros e crédito. O hub de tecnologia continua em Israel, com um time formado por mais de 30 profissionais, além dos 300 que trabalham no Brasil.
“A negociação trouxe um complemento para a infraestrutura e para os produtos que o banco já tem, além do mindset de uma startup, com tecnologias internacionais que complementam aquilo que já estava sendo feito. O banco não estava estagnado, já estava em um caminho importante de estrutura, muita coisa já estava sendo feita e continuamos nessa jornada”, explicou Shmuel Kalmus, CTO do BS2 e um dos fundadores da Well.
Para ele, a troca de cultura entre os dois países tem dois lados: desafio e enriquecimento. O desafio principal não é cultural, mas a geografia e o fuso horário. Mas todo M&A tem o seu desafio natural. “A nossa fase inicial está praticamente conquistada e conseguimos criar uma ligação onde temos departamentos diferentes trabalhando junto nas integrações para que seja um sistema completo. Para o usuário final não importa onde a gente se encontra e desenvolve os produtos.”
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Já os benefícios das transações se tornaram claros para a empresa. Por um lado, o banco tem o conhecimento bancário e um caminho de tecnologia que se une à startup que já possui produtos de crédito, além de tecnologias de Machine Learning e Inteligência Artificial para ajudar nas decisões de crédito.
“Os dados são o novo petróleo e o open finance será a gasolina que vai alimentar o que temos para oferecer. A dificuldade para fazer com que as pessoas possam sentir o valor daquilo que eles estão abrindo é um jogo que não vai ser de imediato. Aqueles que não têm o que esconder vão entrar mais facilmente nesse plano e, a partir daí, veremos mais informações fluindo. Para conseguirmos fazer disso algo produtivo precisamos ter um número de informações mais significativo dentro da base do próprio cliente ou cross”, revela Shmuel.
Hoje, o BS2 possui uma base de 200 mil clientes PJ e vem reforçando sua base com o lançamento de novas soluções de crédito. Além disso, a carteira de crédito PME está em R$ 900 milhões.
“Vamos ser o maior banco PJ do Brasil e queremos ser a escolha óbvia de toda empresa PJ que vai querer trabalhar com crédito e com solução bancária. Seja por meio de APIs para clientes ou em câmbio e crédito, e criar um ecossistema para o cliente onde conseguimos entendê-lo melhor e poder oferecer para ele o produto certo na hora certa”, promete Shmuel.
Ao ser perguntado de uma possível presença no mercado de Israel, o especialista explicou que o mundo israelense é baseado em vender para o mundo todo e não em israel. O mercado é relativamente pequeno em comparação ao Brasil, Estados Unidos ou Europa. A decisão do banco de ir para fora, como qualquer empresa que vê um target claro em outros mercado, é algo pensado. Ainda assim, não é um processo que está acontecendo atualmente.
“Nós temos várias vantagens de Israel: é um hub de tecnologia em várias áreas, não só no que já trabalhamos no time, mas em outros setores. Mas também precisamos da massa crítica no Brasil porque os clientes estão lá. É um complemento importante de gerenciar esse limite entre os dois países e aproveitar o melhor dos dois mundos”, equilibra o CTO.