Brasileiros descobrem evidências de exoplaneta maior que Júpiter e com duas estrelas
Planeta gigante orbita duas estrelas em um sistema binário no qual uma delas está morta
Astrônomos brasileiros descobriram recentemente que um exoplaneta gasoso gigante, 13 vezes maior do que Júpiter, que provavelmente orbita duas estrelas. Mas como é possível ter dois sóis para um planeta? Os cientistas Leonardo Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e Augusto Damineli, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, responsáveis pela observação, têm algumas teorias interessantes para explicar.
KIC 10544976 é um sistema binário (composto por duas estrelas) de segunda geração, ou seja, bastante evoluído. Tanto que uma das estrelas está morta. De acordo com os pesquisadores, um planeta de segunda geração nasce após a morte de uma das estrelas do sistema binário, que se torna uma anã branca.
A equipe identificou algumas ocorrências orbitais curiosas no KIC 10544976 durante seis anos de estudos realizados com telescópios terrestres e com a sonda espacial Kepler, pertencente à Nasa. “Por meio desse satélite, hoje sabemos que é possível existir planetas ao redor de duas estrelas. Mas os sistemas descobertos, até então, eram compostos por estrelas vivas e que ainda queimam o hidrogênio em seu núcleo”, esclareceu Almeida em entrevista ao Jornal da USP.
Essas observações permitiram medir os períodos dos eclipses entre as duas estrelas, o que determinou a constatação da existência do planeta gigante gasoso. “Ele não pode ser visto”, ressaltou Damineli, mas os estudos dos ciclos de atividades magnéticas e de seu período orbital levaram à evidências da existência de um exoplaneta.
Representação artística do exoplaneta gigante. Crédito: ilustração de L. de Almeida (UFRN)/Reprodução
“O período orbital entre as duas estrelas é o espaço de tempo que uma leva para girar ao redor da outra. E quando uma passa na frente da outra, e vice-versa, ocorrem os eclipses em tempos bem determinados. Mas, se ao redor das estrelas tivermos um planeta, os eclipses acontecerão com avanços e atrasos”, detalhou Damineli.
Os pesquisadores acreditam que, se o planeta realmente existir, ele é mais antigo que o nosso sistema solar. Atualmente, os astrônomos não conseguem saber se as condições do planeta são compatíveis com a vida, mas novos telescópios terrestres com grandes espelhos, como o Telescópio Gigante de Magalhães, previsto para ser lançado no Chile em 2024, devem impulsionar os estudos dos mais de 4 mil exoplanetas que já foram descobertos no espaço.
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