Atividades ilícitas representam 1% do mercado de criptomoedas no mundo

Crypto Crime Report 2022 revela que Brasil é o 14º país do mundo em adoção de criptomoedas

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11:35 am - 14 de março de 2022
Magdiela Núñez, gerente de marketing de Parceiros Globais da Chainalysis; Brianna Kernan, executiva de contas para o Brasil da Chainalysis

As atividades ilícitas de criptomoedas representaram apenas 1% de todas as transações no mundo em 2021, de acordo com o Crypto Crime Report 2022, levantamento realizado pela Chainalysis. Apesar da baixa porcentagem, os valores chegaram a US$ 14 bilhões, contra US$ 7,8 bilhões em 2020.

Além disso, desde 2017, US$ 33 bilhões em moedas criptográficas foram fruto de lavagem de dinheiro. Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime estima que o equivalente entre 800 bilhões e 2 trilhões de dólares em moedas criptográficas são lavadas a cada ano, algo semelhante a 5% do PIB global.

Apesar dos dados, Magdiela Rivas, gerente de marketing de Parceiros Globais da Chainalysis, é otimista. “Muitas pessoas pensam que é muito fácil lavar dinheiro porque você não sabe quem está por trás das transações, mas o blockchain é mais transparente do que o dinheiro físico. É mais fácil saber sobre a movimentação de criptomoedas do que fazer transação com o real, por exemplo”.

Outro crime destacado no relatório é o Ransomware. A maior parte dos golpes é motivada por retribuições financeiras, mas também pode ser motivada por metas geopolíticas. Desde 2020 foram identificados quase US$ 692 milhões de dólares em pagamentos de resgates. “Antes os criminosos de malware focavam em grandes empresas, mas nos últimos anos identificamos que esse tipo de ataque também está atacando indivíduos”, destaca Magdiela.

O crime mais comum na análise do relatório foi o golpe. Em 2021, US$ 7,7 bilhões em criptomoedas foram tirados das vítimas em todo o mundo. Isto representa um aumento de 81% desde 2020, um ano em que a atividade de fraude havia diminuído significativamente em comparação com 2019.

Mercado brasileiro

O levantamento também revelou que o Brasil está em 14º lugar entre 157 países em termos de adoção de criptomoedas, sendo a quarta presença mais expressiva na América Latina – atrás somente da Venezuela, Argentina e Colômbia.

O mesmo estudo concluiu que a América Latina tem a sexta maior economia de moedas criptográficas das oito regiões analisadas, com US$ 352,8 bilhões em moedas criptográficas recebidas entre julho de 2020 e junho de 2021. A região é responsável por aproximadamente 9% de toda a atividade transacional global.

De acordo com Brianna Kernan, executiva de contas para o Brasil da companhia, o Brasil recebeu US$ 140 bilhões de valor estimado em criptomoedas entre janeiro e dezembro de 2021.

Os serviços ilícitos e arriscados respondem por menos de 1% dos recursos recebidos no país e as principais categorias foram: mercados da dark web; lojas de fraude e golpes; trocas de alto risco; jurisdições de alto risco; e mixing.

Por fim, segundo a executiva, o Brasil teve uma participação menos na atividade P2P (quando o valor da criptomoeda é negociado entre as duas partes interessadas, sem um intermediário, como uma corretora), atingindo apenas US$ 90 milhões, sugerindo um cenário de intercâmbio centralizado mais forte.

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