Airbnb inicia processo para abertura de capital
Companhia obteve lucro de US$ 219 no último trimestre; ações serão divididas em três categorias, contemplando anfitriões
A startup Airbnb, famosa por sua plataforma que permite realizar reservas de imóveis ou mesmo experiências, enviou na segunda-feira (16) à SEC, órgão dos EUA que regula o setor econômico, o formulário S1, conhecido como o documento que formaliza o pedido de abertura de capital de uma companhia, para isso apresentando com mais detalhes informações como faturamento e inscritos.
De acordo com a companhia, o ano de 2019 contabilizou 4 milhões de anfitriões (como são chamadas as pessoas que disponibilizam sua casa para aluguel na plataforma) e 54 milhões de pessoas agendando locais dentro da plataforma. Desde o início da companhia, em 2013, foram registrados 825 milhões de chegadas de hóspedes cadastrados no Airbnb.
A empresa também apresentou dados financeiros: no último trimestre, a empresa obteve US$ 219 milhões de lucro, vindos de uma receita que totalizou 1,34 bilhão. Apesar do número positivo, a média da marca é fechar os trimestres ainda no vermelho: o balanço de 2019 foi de perdas de US$ 674 milhões perante uma receita de US$ 4,81 bilhões.
Apesar de prejuízo nunca ser algo positivo, vale destacar que os números da companhia estão muito mais atraentes do que os de outras startups que também optaram pelo IPO (leia-se Uber).
Fomento ao ecossistema
A empresa apresentou um esquema de classificação de ações que catalogam seus papéis em três classes: ações classe A, que darão ao acionista um voto por ação; ações classe B (reservada para os fundadores e investidores iniciais) que terão peso de 20 votos por ação; e ações classe H, que não tem poder de voto, mas serão entregues aos anfitriões que estão há mais tempo na empresa — para os hosts, a companhia pretende emitir 9,2 milhões de ações, além de um fundo de doação.
O aspecto de comunidade foi bastante destacado pela empresa em seu documento de prospecção. “Nossos convidados não são transações – eles estão engajados, contribuindo com membros de nossa comunidade”.
O desejo da empresa em fomentar um bom relacionamento entre as duas do serviço explica-se não só pelo fato de aumentar sua credibilidade e base de usuários, mas também pelo trabalho proativo de quem já usa o serviço em alimentar informações que auxiliam na decisão de outras pessoas em utilizar o Airbnb.
“Os hóspedes são altamente engajados e contribuem com valor para os anfitriões e outros hóspedes: mais de 68% dos hóspedes deixaram comentários sobre suas estadias em 2019 e, coletivamente, os anfitriões e convidados escreveram mais de 430 milhões de comentários cumulativo em 30 de setembro de 2020”, informou na empresa em seu S-1, “Muitos deles os hóspedes retornam à nossa plataforma; durante 2019, 69% da nossa receita foi gerada por estadias de hóspedes repetidos”
Reforço aos negócios
A abertura de capital do Airbnb era uma das mais esperadas dentro de Wall Street pelo fato de a empresa sempre ter compartilhado informações que indicavam que o negócio já era capaz de alcançar margens de lucro, mesmo que instáveis.
O processo estava marcado para ter início ainda em 2019, mas a empresa decidiu esperar por conta dos IPOS de empresas como Uber e Lyft e da tentativa de abertura de capital do WeWork, que deixaram o mercado com o pé atrás quando se fala em investir em startups.
E 2020 trouxe consigo a Covid-19, que impactou diretamente o negócio principal da plataforma, que demitiu cerca de 25% de sua força de trabalho global e levantou US$ 2 bilhões com investidores para garantir a manutenção do negócio enquanto a vacina não chega.
E a paciência da empresa em esperar o momento propício deve render uma valorização significativa nos papéis da empresa, que conseguiu manter seu negócio apesar de ele estar dentro de um dos setores mais afetados.