A tecnologia é a culpada pela “Grande Renúncia”
Trabalhadores estão pedindo demissão em massa. Essa é a má notícia. A boa notícia é que a tecnologia pode consertar o que foi quebrado

Este artigo foi publicado originalmente em 06 de dezembro de 2021
Você já ouviu falar do êxodo de setembro? Mais de quatro milhões de americanos deixaram seus empregos naquele mês, quebrando o recorde de demissões estabelecido no mês anterior. Cerca de 40% dos funcionários restantes também estão pensando em pedir demissão, de acordo com um relatório da Microsoft.
A crise é ainda pior na tecnologia. TalentLMS and Workable relataram, recentemente, que 72% dos funcionários de tecnologia baseados nos Estados Unidos estão pensando em deixar o emprego nos próximos 12 meses.
Mas isso não é exclusividade dos Estados Unidos. A Grande Renúncia é um fenômeno global.
Os especialistas apontam para muitas causas para a tendência, desde benefícios governamentais ao aumento de trabalho remoto, da geração millennial até o estresse causado por uma pandemia.
Em geral, está claro que há uma incompatibilidade crescente entre a realidade e a expectativa da experiência do funcionário.
Para piorar as coisas: quanto mais pessoas desistem, mais difícil se torna a vida para aqueles que permanecem no emprego. Isso é especialmente verdadeiro para os trabalhadores de tecnologia. Os departamentos de TI têm sido notoriamente insuficientes e, à medida que a Grande Renúncia atinge cada vez mais os trabalhadores de tecnologia, todos os funcionários sofrem mais tempo de inatividade, ataques cibernéticos e lentidão na implementação de tecnologia.
Isto é uma emergência. Você precisa saber por que tantas pessoas estão renunciando ao cargo.
As muitas razões pelas quais as pessoas se demitem
Depois de revisar exaustivamente as entrevistas, pesquisas e relatórios, eu compilei uma lista das principais razões que as pessoas dão para desistir de seus empregos durante a Grande Renúncia. Estes são:
- Frustração com laptops, desktops, redes e sistemas que não funcionam bem, uma tendência exacerbada durante a pandemia, quando muitos funcionários remotos foram literalmente deixados por conta própria. Também há uma confusão generalizada sobre como proceder quando a tecnologia não funciona.
- Falta de controle sobre os espaços de trabalho e processos. Muitos funcionários sentem que têm muito a contribuir para a forma como o trabalho é feito, mas estão impedidos de se manifestar.
- Uma “mistura tóxica” de baixos salários, altas cargas de trabalho e uma falta de reconhecimento mais ampla. A observação vem do Congresso Sindical sobre funcionários do setor público.
- Falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional. O trabalho remoto conduzido pela Covid deu a milhões de funcionários o gostinho de se deslocar menos e de passar mais tempo com a família, e eles perceberam que poderiam manter isso com outro empregador.
- Inflexibilidade geral sobre como as coisas funcionam, como o trabalho é feito e quando.
- Falta de oportunidades de treinamento. Os trabalhadores de tecnologia, especialmente, querem mais oportunidades de treinamento – 91% disseram isso no relatório da pesquisa TalentLMS and Workable.
- Muitos estão parando porque estão física e emocionalmente exaustos. E a partida de tantos torna tudo ainda pior para aqueles que permanecem.
Embora esses motivos não sejam surpreendentes, é importante perceber o que todos eles têm em comum.
Isso é tudo sobre tecnologia… e cultura
Enquanto empresas de todos os tamanhos estão coçando a cabeça e tentando descobrir isso, a verdade é que nossos produtos de tecnologia e como eles são usados, além de nossa cultura em torno de gerenciamento e interação com os funcionários, é exatamente o que está levando as pessoas para a porta de saída.
A tecnologia está frustrando os trabalhadores, criando atrito e inércia, bloqueando o progresso e a autonomia dos funcionários, criando trabalho desnecessário e gerando uma sensação de isolamento e impotência.
A boa notícia é que uma tecnologia melhor é uma grande parte da solução. Aqui está o que você precisa fazer para começar a reter e atrair funcionários.
- Transforme o treinamento. A tecnologia de aprendizagem adaptativa baseada em Inteligência Artificial (IA) pode tornar o treinamento de funcionários muito mais relevante, permitindo a aprendizagem orientada por funcionários com base no que a pessoa já sabe – acabando com a frustração com sistemas de treinamento semelhantes à sala de aula ou genéricos. Em geral, amplie o treinamento e o desenvolvimento de carreira. Promova de dentro, sempre que possível. Oriente os funcionários em sua trajetória de carreira, onde quer que seja, dentro da empresa. Assim como os produtos precisam de um roteiro, o mesmo acontece com cada funcionário.
- Permita conexões naturais entre os funcionários. As ferramentas de colaboração amigáveis ao usuário promovem a conexão e a cultura. Concentre-se não apenas em fazer o trabalho, mas na construção da equipe e na psicologia de cada funcionário que faz parte de uma equipe.
- Use tecnologia avançada para RH, mas comunique-se excessivamente com um toque humano. O RH automatizado está contribuindo para o problema de esgotamento. Quando se trata de mudanças no status do funcionário, salários, benefícios, supervisores e outros eventos pessoais que têm um impacto emocional no funcionário, a comunicação em torno disso deve ser sempre de pessoa para pessoa, não e-mails ou notificações automatizadas.
- Evite a vigilância de funcionários. Muitas empresas reagiram à pressa em trabalhar remotamente com software de vigilância de funcionários. Monitorar a atividade da tela, os movimentos do mouse, o tempo on-line e outras métricas são a maneira mais segura de afastar os funcionários. Ninguém quer que o Grande Irmão esteja sempre assistindo – especialmente dentro da própria casa. Desenvolva meios alternativos para medir e avaliar o desempenho dos funcionários. Seja orientado para os resultados e não classifique os funcionários com base na frequência com que o mouse se move. Isso é verdade para funcionários remotos, funcionários de escritório e todos na nova força de trabalho híbrida.
- Abrace a transparência, autenticidade e empatia. A maioria das mudanças na cultura empresarial acontece porque a cada ano um novo grupo de jovens entra no mercado de trabalho e um grupo mais velho se aposenta. Os funcionários mais jovens – aqueles que ingressaram no mercado de trabalho nos últimos 10 anos – têm expectativas muito diferentes sobre como seu empregador se comporta. Eles querem saber o que está acontecendo e trabalhar com seres humanos que se importam. Se os funcionários mais jovens se sentirem como uma engrenagem em uma máquina, é mais provável que eles façam as malas e partam.
- Adote agilidade e flexibilidade. A tecnologia que impulsiona a flexibilidade no trabalho híbrido, trabalho remoto, mudança de equipes e horários flexíveis contribuirá muito para melhorar a experiência do funcionário e a sensação de bem-estar.
- Desenvolva uma abordagem holística para a satisfação do funcionário. Com forças de trabalho remotas e híbridas, as empresas precisam ajudar os funcionários a lidar psicológica e emocionalmente com as realidades de locais e ambientes de trabalho díspares e mutáveis. No passado, bastava realizar exercícios ocasionais de formação de equipes e eventos externos. Agora, gerentes, supervisores e líderes devem ajudar os funcionários não apenas a se sentirem parte da equipe, mas também ajudando os funcionários a manter a saúde física e mental. Parte desse processo é tecnológico. Os sentimentos de conexão, envolvimento, senso de missão e equilíbrio entre vida pessoal e profissional podem ser ajudados – ou prejudicados – por escolhas de tecnologia, bem como por políticas de trabalho e abordagens de gerenciamento.
- Faça a prevenção do Burnout prioridade ao escolher a tecnologia. A cada mês que passa, a IA ganha espaço em tecnologia, por exemplo. Mas pode ter efeitos opostos, contribuindo para o esgotamento ou aliviando-o. IA que substitui a interação humana – por exemplo, RH excessivamente automatizado – pode deixar os funcionários frustrados e abandonados. A IA que aumenta o desempenho humano pode impulsionar os funcionários, fazendo-os sentir-se fortalecidos e apoiados. Também é verdade que a automatização de tarefas repetitivas pode liberar os funcionários para fazer coisas que apenas humanos podem fazer. A automação deve ser aplicada para ajudar e capacitar os humanos, não substituí-los.
As razões da Grande Renúncia são muitas. Mas é hora de reconhecer o papel que a tecnologia desempenhou em afastar os funcionários em massa – e o papel que pode desempenhar em trazer as pessoas de volta, criando um local de trabalho flexível, humano e capacitador que tornará os funcionários felizes, produtivos e investidos na missão da empresa.