A cientista de 29 anos por trás do algoritmo que permitiu ‘enxergar’ um buraco negro
Katia Bouman era estudante do MIT quando surgiu com a fórmula que sustentou o registro de um objeto a 50 milhões de anos-luz da Terra
Um grupo de cientistas revelou nessa quarta-feira (10/04) a primeira imagem capturada de um buraco negro. Um feito complexo que envolveu uma rede de telescópios ao redor do mundo e 200 cientistas empenhados em um trabalho de mais de uma década. Mas o que pouca gente sabe é que a “fotografia” desse massivo buraco negro só foi possível devido a um algoritmo criado por uma jovem cientista de 29 anos, a americana Katie Bouman.
“Observando, incrédula, a primeira imagem que eu já fiz de um buraco negro que estava em processo de reconstrução”, escreveu Katie em um post compartilhado no seu perfil do Facebook após a foto do objeto ter se tornado pública.
Cientista da computação e doutora em engenharia elétrica, Katie liderou o desenvolvimento do algoritmo que permitiu a astrônomos “capturarem” o registro de um fenômeno teorizado por Albert Einstein há mais de 100 anos, como parte da Teoria da Relatividade.
Em 2016 durante uma palestra no evento TEDxBeaconStreet (assista abaixo), Katie explicou como os algoritmos sustentam a captura de um objeto que está a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra.
“Assim como um artista forense usa descrições limitadas para formar uma imagem usando seu conhecimento sobre o formato do rosto, os algoritmos de imagem que eu desenvolvi usam nossos dados limitados de telescópios para compor uma imagem”, explicou a jovem.
Katie era estudante de pós-graduação do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) quando, em 2016, surgiu com a fórmula para o algoritmo. Ela tinha na época 27 anos. Durante esses últimos três anos, Katie integrou a equipe intitulada Event Horizon Telescope Colaboration, responsável pelo feito.
Como cientistas conseguiram capturar a imagem do buraco negro?
Observar um objeto que está em outra galáxia exigiu um grande aparato tecnológico. Os oito telescópios utilizados estão espalhados ao redor do mundo, do Polo Sul ao Havaí, passando também pelo Chile e Espanha. Com eles, os cientistas conseguiram aplicar uma técnica chamada interferometria e coletar 5 trilhões de bites de dados. Mas, entre tantos dados, existia muito ruído. E aí entram as soluções matemáticas de Katie para ‘limpar’ os dados e preencher as lacunas de dados surgidas, como o atraso inevitável de ondas de rádio na atmosfera terrestre. Seu trabalho também inovou na forma de combinar dados para recompor uma imagem.
O MIT saudou Katie pelo feito e comparou a cientista com outra mulher determinante na história espacial. Margaret Hamilton, que também foi estudante da mesma universidade, escreveu o código crucial que permitiu à Nasa concluir com sucesso a missão que levou o homem à Lua. Em sua conta oficial no Twitter, o MIT compartilhou a foto de Katie, com pilhas de discos rígidos de dados de imagem de buracos negros, ao lado de uma foto de Margaret com pilhas de papel onde seu código foi desdobrado.
Além de liderar a equipe responsável pela criação do algoritmo utilizado para “fotografar” o buraco negro, Katie é professora associada da renomada Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) e atualmente faz pós-doutorado.
“Nenhum de nós poderia ter feito isso sozinho”, disse Katie à CNN. “Eu gostaria de encorajar todos vocês a saírem e ajudarem a ultrapassar os limites da ciência, mesmo que a princípio pareça tão misterioso para você quanto um buraco negro.
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