5G: a mudança na comunicação e nas relações do ser humano com as máquinas

Além do backhaul da rede das operadoras, será preciso ter uma rede que funcione de forma eficaz e com alta performance na última milha

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9:38 am - 09 de setembro de 2022

O potencial de novos negócios e de atualizações na infraestrutura tecnológica, criados com a chegada da tecnologia 5G, tem causado grande frenesi na Indústria de Telecom. A tecnologia ativada em julho, em Brasília, e mais recentemente em capitais como Belo Horizonte, Porto Alegre, João Pessoa, São Paulo e outras mais (conforme obrigações e compromissos assinados pelas operadoras de telecomunicações no Leilão do 5G, junto à ANATEL), está gerando forte impacto com a possibilidade de dar um salto de evolução na maneira como nos comunicamos, com dados transitando em altíssima velocidade e baixa latência.

Para quem ainda não sabe, o 5G chega a ser 100 vezes mais rápida que o 4G. Além disso, permite que haja uma conexão de mais dispositivos simultâneos, o que inclui computadores, relógios e até mesmo os carros. Com mais dispositivos próximos um do outro, também há o desafio da densidade da conexão. Um sistema 4G pode suportar até 2 mil equipamentos ativos em um quilômetro quadrado e o 5G consegue suportar 50 vezes mais — até 100 mil equipamentos.

Porém, para que isso aconteça, será preciso superar os obstáculos relacionados à infraestrutura. Além do backhaul da rede das operadoras, será preciso ter uma rede que funcione de forma eficaz e com alta performance na última milha, ou seja, que leve um bom desempenho aos consumidores finais. Os equipamentos de conectividade em geral precisarão acompanhar essa alta performance e, para isso, precisam permitir altas taxas de transmissão de dados, ser interoperáveis e seguir uma padronização. Dentre os equipamentos que sustentam a parte ativa da rede estão: switches, roteadores, equipamentos DWDM, transceptores ópticos, entre outros.

Nesse cenário, a fibra óptica e antenas também compõem as soluções (de transmissão) para suportar a tecnologia 5G. Dispositivos como máquinas de fusão, que são indicadas a trabalhos em instalação e manutenção de redes ópticas internas e externas, complementam a infraestrutura.

Para se ter uma ideia, dos mais de R$ 48 bilhões captados com a venda de lotes no Leilão do 5G, estima-se que cerca de R$ 40 bilhões serão investidos em infraestrutura de rede para melhorar a conectividade como um todo no país. Com essa projeção, a implementação e funcionamento do 5G traz oportunidades para os provedores de internet que estiverem com suas redes prontas para receber a tecnologia.

De acordo com a pesquisa TIC Provedores 2020, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) em 2021, nove em cada 10 provedores de acesso à Internet no Brasil disponibilizam fibra óptica aos seus clientes. Com isso, cresce a possibilidade de parceria entre os ISPs, operadoras e fornecedores, com o objetivo de utilizarem as tecnologias já existentes e montarem seus próprios PoPs (pontos de presença) – centros responsáveis por proverem acesso local à internet aos consumidores.

Paralelo a isso, também é importante pensar que a adição de equipamentos de TI em toda a rede exigirá maior atenção com a gestão e com a proteção dessa rede. Os data centers modulares estão se mostrando alternativas atraentes aos gestores das redes e ISPs, uma vez que eles permitem a implementação rápida, gestão da rede à distância via celular ou dispositivo móvel, expansão flexível da capacidade de armazenamento, redução do espaço físico e melhor eficiência energética.

Ou seja, o 5G vem ganhando corpo nesses últimos meses e por traz dessa tecnologia existe uma indústria em plena ebulição, pelo que já foi e está sendo atualizado, e pelo que será gerado em termos de novos negócios (serviços e produtos) e novas oportunidades de receita. De fato, a tecnologia 5G irá mudar a comunicação e as relações do ser humano com as máquinas, ampliando a atuação da automação, da Internet das Coisas e da Inteligência Artificial (IA), impactando positivamente à educação, saúde e diversos serviços essenciais à população.

*Severino Sanches, presidente da AGORA

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