Waze e CargoX: o que é preciso para ser uma startup unicórnio

Resolver grandes problemas, se sentir bem com sua equipe e, se tiver uma boa ideia, comece; estas são dicas dos fundadores de CargoX e Waze

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6:19 pm - 30 de outubro de 2019

O sonho de toda startup é se tornar um unicórnio? E, quando chegam lá, quais são os próximos passos? Ou, ainda: qual é o caminho mais certo para “chegar lá”?

“O melhor de você criar uma empresa é que te dá a possibilidade de trabalhar com as pessoas que você gosta”, disse Federico Vega, fundador da CargoX.

A startup, que já captou mais de US$ 95 milhões de investidores e hoje fatura mais de R$ 500 milhões, tem como mote resolver um grande problema. A ideia central é conectar caminhoneiros e entregas, permitindo que os caminhões “não rodem vazios” em nenhum momento.

“Nós temos 1.3 milhão de caminhões ativos, praticamente, na plataforma”, explica o executivo. Ele diz que esse alto volume se dá porque os usuários indicam outros amigos, e assim por diante. “Estamos cadastrando mil caminhões por dia”, completou.

Para Vega, criar uma startup significa olhar profundamente para um problema e tentar resolvê-lo. “O problema são startups que fazem um negócio só por fazer”, disse. Ele acrescenta que essa jornada significa resolver um problema verdadeiro e grande, que tenha impacto da sociedade.

Tornando-se unicórnio

No caso de tornar-se um unicórnio, Vega ainda acrescenta que focar em ser a pessoa mais rica no mundo das startups “é um grande problema”.

“A startup tem que focar, primeiro, em resolver um problema que existe, que é grande”, aliado ao fato de trazer pessoas boas para trabalhar no projeto. “É um erro focar no valuation da empresa”, disse o executivo.

“O importante é: quando você vai trabalhar todo dia, você está feliz que está resolvendo um problema que existe?” – Federico Vega, fundador da CargoX.

“Um unicórnio será alguém que claramente será líder em um mercado grande o suficiente”, afirma Uri Levine, empreendedor e cofundador do Waze. Como desafios, ele relaciona a aderência de mercado, ou sobre como “você sabe gerar valor e criar valor também aos usuários”.

Outro ponto é: “como você vai criar valor de vida para o seu usuário, consumidor, cliente.” Sabendo-se que a receita que você ganha não é mais baixa do que a gasta para reter usuários, o caminho começa a ficar mais claro.

Um outro ponto é ter as respostas certas para o elemento do crescimento. “Normalmente, você verá que muitas startups têm o que eu chamo de fator ‘descolado’. Muitos dos unicórnios o tem”, disse ele.

O tal fator “descolado”, na visão de Levine, é despertar o pensamento de curiosidade do mercado. “E, normalmente, quando todos esses elementos estão alinhados, então você está pronto para se tornar um unicórnio”, acrescenta.

Uma dica? Start!

Também pergunto se uma startup que nasce para resolver problemas também pode acabar criando outro problema. Numa rápida analogia, Levine fala sobre uma estrada: se você faz um desvio por causa do trânsito, pode levar o trânsito para o outro lado.

“Então, é muito possível que algumas startups que estão resolvendo um problema, na realidade estão criando um problema diferente”, disse Levine.

Em junho de 2013, o Google adquiriu o Waze por US$ 1,3 bilhão. Na época, o Facebook supostamente também estaria interessado em adquirir a plataforma.

Levine, que tem participação em startups como Moovit, SeeTree e Engie, diz que o processo de vender o Waze para o Google foi fácil. “Foi um evento que mudaria minha vida e eu tinha em meu pipeline ideias para criar novas startups. Então, nesse sentido, a decisão de vender [o Waze] foi fácil”, afirmou.

“Quando os empreendedores me perguntam o que eu recomendaria ou não, sobre vender, eu digo que este é um evento que pode mudar a vida deles”, disse. A dica do empreendedor, é: se significa isto, pense muito bem. Mas, se você sente que não, “nem pense direito”.

No caso de vender a própria startup, ele diz que “se você acredita que vai criar mais startups, então se sinta livre” para pensar no processo de vendê-la.

A dica de Levine para quem pensa em criar uma startup, ou sonha em criar uma, é “simplesmente começar”. “Em muitos casos, os desafios acontecem antes da decisão de criar uma startup. Então, eu diria: comece”, completou.

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