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ViBe aposta em modelo freemium na telemedicina

Com o número de startups do setor de saúde dobrando entre 2018 e 2020 – segundo a Distrito, o número de healthtechs cresceu 118% no Brasil, de 248 para 542 no período -, é possível observar alguns modelos de negócio inusitados surgindo. Um deles é o da ViBe Saúde, que acaba de anunciar um aporte de R$ 54 milhões de um grupo de investidores europeus para expandir serviços de telemedicina e ganhar escala em um modelo freemium.

Você não leu errado.

São dois modelos de negócios da healthtech: o primeiro, mais tradicional e voltado para empresas, inclui uma série de recursos de promoção e manutenção da saúde para funcionários; o segundo, para usuários finais, é baseado em consultas médicas por telemedicina sem custos e planos de assinatura para clientes que queiram mais serviços. Consultas com psicólogos, nutricionistas e outros profissionais de saúde também podem ser feitas pela plataforma e pagas a parte, assim como pronto-atendimentos para casos mais urgentes.

Leia mais: Healthtechs crescem na pandemia, mas ainda buscam por mercado saudável

Segundo Ricardo Joseph, cofundador e COO da empresa, o objetivo do aporte é expandir o modelo da empresa, que conta com corpo clínico próprio e baseia o atendimento em atenção primária – que tem na clínica geral e na atenção multidisciplinar seus expoentes e é capaz de resolver a maioria das demandas de saúde da população.

O maior público-alvo da empresa são os cerca de 160 milhões de brasileiros que não tem planos de saúde e dependem do sistema público.

Em 2020, o aplicativo ViBe – que tem versões para Android e iOS – superou 600 mil downloads em cinco meses após o lançamento da versão que incorpora a telemedicina. Apenas em dezembro foram 25 mil consultas digitais. O objetivo é alcançar 5 milhões de downloads até o fim de 2021, com 10 mil consultas por dia (1,5 milhão no ano).

Em termos de atuação B2B, a empresa assinou recentemente um acordo com o braço de consultoria e corretagem da Rede D’Or São Luiz, a D’Or Consultoria. A parceria prevê que a ViBe forneça serviços de atendimento continuado e promoção para pacientes do setor privado, vinculando atenção primária digital e promoção à saúde aos atendimentos presenciais de especialistas.

A parceria prevê que a startup atue em um White Label – sob o nome de “Cuidar”.

 

Evolução

A empresa começou oferecendo programas de promoção e saúde corporativa, agregando os recursos de telemedicina depois. “Vimos que o foco em engajamento corporativo era algo que não ia decolar. Olhando de forma holística, a saúde assistencial era o próximo passo”, conta Joseph.

Foi essa visão integrada de saúde, menos centrada na plataforma, que levou a ViBe a oferecer um modelo fortemente inspirado pela estratégia de saúde da família (ESF) do SUS. Os profissionais de saúde que atendem no aplicativo são contratados pela empresa, o que também é um diferencial apontado pelo executivo.

“É um grande desafio para o setor reter o usuário, não entrar na comoditização. Estamos provendo cuidado contínuo, e essa assinatura que vamos lançar é para um médico de família orientar de maneira sistêmica e holística. Esse é um pilar importante”, explica. “Queremos ter equipe própria para ter controle de qualidade [assistencial]. Atenção primária é para isso, acolher as pessoas.”

Atualmente o foco da companhia é aumentar o número de usuários – tarefa para a qual deve servir o aporte recente – principalmente para as chamadas classes C e B. Haverá, no futuro, limitações de uso antes que seja necessário fazer uma contratação – os planos devem ser lançados no fim de fevereiro deste ano.

“O usuário vai saber quantas consultas tem no total, e depois pode optar por fazer uma assinatura. Mas a ideia é que ele fale sempre com o médico de família primeiro. Ela [a assinatura] vai dar desconto no atendimento com psicólogos, que não é totalmente liberado”, comenta o executivo. “Também teremos descontos em remédios e a possibilidade de comprar na hora. São coisas que poderemos agregar aos poucos.”

A expectativa do COO é que inicialmente 5% dos usuários ativos se tornem de fato assinantes, com aumento gradual e futuro até o limite de 25%, conforme a marca e os serviços ganhem força. A expectativa é que três quartos da receita da ViBe venham do B2C, embora planos futuros para atender PMEs também gerem expectativa.

 

Vivendo bem

Ao contrário do que parece, o nome da empresa não tem nada de místico ou energético. O primeiro nome da empresa fundada por Ricardo Joseph e Ian Bonde (atual CEO) era Viva Bem, cujo maior foco era promoção à saúde e teleorientação. Da junção das primeiras sílabas veio o nome atual.

Os fundados não são médicos: ambos passaram por consultorias de gestão estratégica, e do contato com hospitais e operadoras surgiu a ideia da ViBe. O primeiro objetivo era coletar dados colhidos de wereables dos usuários para monitorar aspectos da saúde e propor linhas de cuidado – o que a empresa ainda faz.

“Ainda temos esses elementos que uma plataforma de telemedicina pura não tem, e uma visão mais holística de saúde. Nosso foco hoje é claro: oferecer telemedicina e psicologia, mas de uma forma integrada, tratando também de alimentação, saúde mental, atividade física etc”, explica Joseph.

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