Quem me conhece sabe que uma das colocações que faço com frequência, é “não é se, mas quando”. Ainda que não tenham sido lançados por enquanto, os veículos autônomos já fazem parte do sonho de consumo de grande parte dos brasileiros. No entanto, a tecnologia pode ir muito além do que se espera: os carros inteligentes não só trazem extrema praticidade aos seus proprietários como também podem causar uma grande transformação na indústria de seguros. Um estudo americano produzido pela startup de seguros Metromile, inclusive, mostrou que o preço do seguro pode sofrer uma redução de 80% com a chegada dos carros autônomos.
Assim, com seu registro de direção quase sem falhas, este tipo de veículo deve trazer uma economia de US$ 1 mil anualmente – o que representa cerca de R$ 4 mil para o bolso dos brasileiros. Isso porque, de acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, 90% dos acidentes de trânsito são causados pelo processo de decisão do motorista. Um carro inteligente, neste caso, diminuiria de forma significativa os riscos de acidentes e, consequentemente, os gastos do seguro.
De qualquer forma, os autônomos não devem acabar com a necessidade de seguros tão cedo. Ainda encontramos todo um ecossistema favorável para os acidentes, principalmente no Brasil. Seria necessário renovar a infraestrutura das cidades para que os veículos inteligentes vivessem em perfeita harmonia com o ambiente, sem que nenhum tipo de falha acontecesse.
Diante de um cenário como este, é preciso continuar reforçando também, principalmente ao consumidor brasileiro, a importância da contratação de um seguro. Afinal, 70% dos veículos não têm seguro no país. E a diminuição dos preços por conta do lançamento dos carros autônomos pode ser uma grande aliada nesse movimento. Isso porque o alto custo – junto à entrega de um serviço, em sua maioria, ineficiente -, é um dos principais motivos da não aquisição de um seguro.
Claro que não é só nestes aspectos que a tecnologia irá impactar a indústria de seguros. A partir do momento que os carros autônomos entrarem em comercialização, as seguradoras podem começar a pensar em uma gama ainda maior de proteção, como, por exemplo, contra hackers. Um serviço diferenciado, aliado ao valor mais baixo, pode ser um fator determinante no processo decisório da contratação de uma seguradora.
O fato é: os veículos autônomos devem chegar para revolucionar. E, já está mais do que claro que isso “não é se, mas quando”. Por isso, cabe a nós, que atuamos no setor de seguros, aproveitar este momento para inovar na construção de serviços e produtos, que atendam às necessidades deste futuro breve. Só assim, conseguiremos alcançar o propósito de proteger cada vez mais vidas no trânsito.
*Por Andre Gregori, ex-BTG Pactual e CEO e fundador do Grupo Thinkseg.
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