Uber registra 3.000 casos de violência sexual em 2018, 235 de estupro

Dados são referentes a corridas realizadas nos Estados Unidos; entre 2017 e 2018, mais de 6.000 denúncias foram recebidas

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9:28 am - 06 de dezembro de 2019

Na quinta-feira (5), a Uber divulgou um relatório de segurança com dados sobre corridas nos Estados Unidos. Nas 84 páginas do documento, a empresa detalha denúncias de assédio sexual que recebeu nos últimos dois anos.

A empresa, que vem recebendo no país ações judiciais de passageiras com alegações de que foram agredidas, revela dados significativamente preocupantes. No ano de 2018, foram 235 relatos de estupro contra 229 em 2017; denúncias de tentativa de estupro foram 280 em 2018, contra 307 em 2017.

Os dados não refletem, porém, todos os casos de abuso sexual em todos os 65 países em que atua. Nos EUA, a empresa revela que mais de 45 viagens pelo aplicativo são realizadas por segundo. No ano passado, 1,3 bilhão de corridas foram feitas no país.

Em 2018, a Uber recebeu 1.560 denúncias de “apalpar”, ante 1.440 em 2017. Denúncias de beijos indesejados, sejam no peito, nádegas ou boca, foram 376 em 2018, ante 390 em 2017; a análise também leva em conta denúncias de beijos indesejados em outras partes do corpo: em 2018, foram 594, ante 570 em 2017.

Entre 2017 e 2018, a Uber recebeu 5.981 denúncias de abuso sexual – 3.045 em 2018, 2.936 em 2017. À NBC News, o diretor jurídico da Uber, Tony West, relata que cada incidente “representa um indivíduo que sofreu um trauma horrível”.

“Mas não estou surpreso com esses números. E não estou surpreso porque a violência sexual é muito mais difundida na sociedade do que eu acho que a maioria das pessoas imagina”, afirmou.

“Temos mais trabalho a fazer”

No Twitter, o CEO da Uber, Dara Khosrowshani, disse:

“Suspeito que muitas pessoas ficarão surpresas com o quão raros são esses incidentes; outros entenderão que ainda são muito comuns. Algumas pessoas apreciarão o quanto fazemos em segurança; outros dirão que temos mais trabalho a fazer. Todos eles estarão certos.”

Em outubro deste ano, a Uber lançou a ferramenta U-Elas como parte do projeto Elas na Direção. O projeto-piloto acontece em Campinas (SP), Curitiba e Fortaleza, mas deverá ser expandida para mais cidades em 2020.

O aplicativo da empresa também integrou um “botão de emergência” para contatar a polícia; em outra medida, passou a permitir a gravação de áudio durante as corridas como medida cautelar.

O relatório de segurança foi preparado em conjunto com o Centro Nacional de Recursos de Violência Sexual e o Instituto Urbano.

Como citado por Karen Baker, diretora executiva do Centro Nacional de Recursos de Violência Sexual, o relatório “é sem precedentes”. “É absolutamente o que precisa acontecer para tirar isso das sombras”.

“Acho que a Uber está estabelecendo um novo padrão de responsabilidade corporativa e transparência”, afirmou Baker.

Ainda no Twitter, Khosrowshani disse que a Uber será, a longo prazo, “uma empresa melhor por dar esse passo hoje — porque acredito firmemente que as empresas abertas, responsáveis e sem medo são as empresas que obtêm sucesso”.

Entramos em contato com a Uber para saber se há um relatório específico com recorte para casos de violência sexual também no Brasil. Até o momento de publicação desta matéria, a empresa não havia retornado o contato.

Com informações de: Uber, NBC News, Twitter – Dara Khosrowshani.

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