Transformação exige profissional 4.0. Prepare-se

Na abertura do IT Forum+, que acontece de 16 a 19 de agosto, na Bahia, especialistas traçaram projeções para o futuro e suas implicações socioeconômicas

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10:53 pm - 16 de agosto de 2018

O Brasil é o único País que não tem uma cadeira de estudos do futuro ligada à presidência. Foi com essa fala que Gil Giardelli, professor convidado de Stanford e da Fundação Dom Cabral (FDC), além de futurista, abriu o IT Forum+, que acontece de 16 a 19 de agosto, na Praia do Forte, na Bahia.

Sob o tema A História do Amanhã, o especialista traçou sua visão sobre o que vem pela frente, fazendo um mix das suas experiências em viagens pelo mundo e ainda impressões de projetos de inovação dos quais participa ou tem conhecimento.

Para ele, uma das áreas que mais sofrearão impacto da transformação é a educação. Ele lembrou que já em 1981, um economista citava que os trabalhadores terminariam permanentemente desempregados. Talvez ele não soubesse dos impactos da tecnologia, positivos e negativos, na sociedade, mas já avisava que mudanças drásticas poderiam acontecer em razão da automação. “Nosso mundo está engessado a conceitos do século passado, incapaz de entender os empregos no futuro. As habilidades de ontem já não valem mais”, provocou ele.

Giardelli, que acaba de voltar de um período de imersão tecnológica na China, apontou que o país já entendeu os sinais dos novos tempos. “Vi uma China reluzente, inovadora. Uma China que troca empregos de apertar parafuso por robôs”, assinalou. Ainda na Ásia, em Tóquio, Giardelli encontrou grupos interdisciplinares estudando juntos com a ajuda da internet, unindo ciências humanas, exatas e biológicas.

Para ele, todo o mundo construído no pós-guerra já não cabe mais e a pergunta que fica é: como faremos com a educação das crianças? Elas continuarão a decorar as fórmulas do PI e de Bhaskara? A verdade é que a sociedade em busca de transformação já não pode mais viver nos padrões antigos. E isso vale não só para os profissionais, como também as empresas que buscam inovar todos os dias. “Todo mundo quer mudança. Qual é a sua estratégia? Quem não tem faz parte da estratégia de alguém”, refletiu.

Profissional 4.0 e a economia

Samuel Pessôa, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fez uma série de referências histórias para apontar a evolução do trabalho e por que a mudança tecnológica impactou e ainda impactará os empregos.

Citando a revolução industrial, pautada pelo carvão, Pessôa lembrou que essa fase aumentou a demanda por trabalhadores desqualificados e reduziu o minucioso trabalho dos artesãos.

Na segunda revolução, regida pela energia elétrica e o motor de combustão, aconteceu o oposto. Houve a mecanização de processos, gerando demanda por trabalhadores mais técnicos e qualificados, além dos talentos batizados de White Colors, aqueles que ficavam nos escritórios. A TI, por sua vez, substituiu atividades repetitivas e rotineiras. “Houve a substituição de algumas atividades que aumentam a renda do País e ampliam a demanda por atividades que não substituídas”, comentou.

Ele lembrou que a revolução atual, a das máquinas, divide opiniões sobre o futuro do trabalho. Há quem diga que será um verdadeiro desastre para a sociedade e já quem cite que o impacto não será tão forte. “O futuro não será tão tenebroso quanto achamos. Novas profissões e demandas por trabalho serão demandadas. O problema é sobre o impacto da revolução na desigualdade”, sentenciou.

Um dos desafios de longo prazo, avaliou, é de fato o desenvolvimento educacional, sistema que ficou estagnado nas últimas décadas. “A força de trabalho não está preparada para no mundo que vivemos, nem mesmo para o século 20. Como teremos uma 4ª revolução industrial com uma força de trabalho despreparada”, questionou.

Mar de oportunidades

Adelson de Sousa, presidente da IT Mídia, juntou-se aos acadêmicos para argumentar que há vários desafios pela frente, mas, ao mesmo tempo, oportunidades se abrem. Um dos exemplos citados por ele foi o Movimento Brasil Digital, que atualmente reúne 27 empresas que querem promover inovação e inclusão no País, fomentando mudanças no governo, infraestrutura, educação, empreendedorismo e inclusão.

“Precisamos criar consciência nas lideranças políticas e a partir disso atacar a educação para preparar pessoas para profissões do futuro, requalificar em massa e preparar infraestrutura digital do País. Fazer escolhas setoriais”, apontou.

Na visão de Pessôa, o primeiro passo da mudança é, efetivamente, criar consciência do problema, mobilizar o País e investir na educação na infância, fase crítica do processo de aprendizado das pessoas. Já Gil argumentou que é preciso pavimentar o caminho com iniciativas que conectem as pontas, como Movimento Brasil Digital.

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