Transformação digital gera hiato social, analisa presidente de entidades de TI

A sociedade passa, atualmente, por um cenário de diversas transformações. No campo da TI, fala-se na transformação digital, e esta é uma realidade inegável e em curso avassalador, mas vem acompanhada de outras mudanças nos âmbitos econômico, político e social que não apenas respingam sobre o próprio andamento e evolução das aplicações tecnológicas, como estas se inserem, participam e impactam o cotidiano de pessoas físicas e jurídicas.

A análise é de Diogo Rossato, presidente do SEPRORGS, entidade que representa as empresas de Informática do Rio Grande do Sul, e do CETI – Conselho das Entidades de TI do Estado.

O gestor ressalta que a transformação em curso traz consigo uma nova abordagem dos negócios, que deve passar pelo entendimento e adaptação a um processo de digitalização e automação, no qual a tecnologia desempenha papel chave, incorporando uma nova economia voltada a potencializar as oportunidades para os indivíduos por meio da inovação contínua.

“Há um poder transformador na Tecnologia da Informação e Comunicações, que desafia a sabedoria convencional da Era Industrial e desencadeia formas completamente diferentes de trabalhar, de criar coisas, de consumir, de lançar produtos e de atender os clientes”, comenta Rossato.

O presidente destaca que a chamada transformação digital remete toda a sociedade a um processo de mudança estrutural gigantesco, que o dirigente nomeia como “hiato social”, um processo que traz consigo alguns problemas sociais.

“Isso se dá principalmente pelo fato de que a Tecnologia da Informação reduz a necessidade de certos empregos mais rapidamente do que cria novos, perfazendo este hiato”, avalia Rossato. “Se, por um lado, novas formas de programação de computadores trazem mais agilidade e produtividade, por outro agravam, num primeiro momento, as desigualdades sociais, uma vez que algoritmos, robôs e automóveis autodirigidos despontam como possibilidades de acabar com diversos postos de trabalho manuais, deslocando as pessoas para funções mais qualificadas”, complementa.

Não por menos, o tema tem angariado atenções mundiais. Recente estudo da IDC indica que, ainda em 2017, um a cada três CEOs das três mil maiores corporações da América Latina vai estabelecer a transformação digital entre as prioridades de seus planejamentos de TI. Entretanto, pesquisa da ESG (Enterprise Strategy Group) mostra que as empresas, no geral, não estão preparadas o suficiente para esta Transformação, e que somente 21% das que já concluíram a digitalização de seus processos de TI e negócios obtiveram diferenciais competitivos como resultado.

Na avaliação de Rossato, isso indica a necessidade de rever as estratégias, fazer um amplo diagnóstico das demandas e perceber o real contexto macro e micro da transformação digital, analisando o cenário interno da empresa e o ambiente e comunidade nos quais ela se insere, levando em conta todo um mercado, universo e sociedade.

“Só depois disso será possível estabelecer qual o nível e que práticas e soluções devem ser adotadas para adentrar a digitalização. Em outras palavras, aderir ao movimento de transformação é uma ação mandatória, mas não repentina: refletir, analisar e adequar o “step by step” deste processo é fundamental para a saúde do negócio, do ambiente do qual faz parte e, principalmente, de todas as pessoas envolvidas direta e indiretamente nele”, destaca o gestor.

Para ele, um dos maiores desafios de todo este processo será a preparação das pessoas para lidar com as rápidas e infindáveis transformações.

“Vejo que a maioria das faculdades e universidades não estão preparadas para dar aos jovens as habilidades de que eles precisam para entrar no mercado de trabalho de hoje e do futuro. Temos grandes desafios pela frente, as habilidades de que vamos precisar serão extremamente diferentes das habilidades de hoje. Já estamos em processo de desenvolvimento de diversas novas competências, mas a competência mais exigida em um futuro próximo, nesta atmosfera global de transformação, será a adaptabilidade, bem como a valorização da relação de colaboração e de compartilhamento das nossas experiências”, finaliza Rossato.

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