TI para o crescimento sustentável deu o tom do Gartner IT Symposium/Xpo 2022

Acabo de chegar do Symposium do Gartner, que neste ano aconteceu em Orlando, nas instalações do Disney Park. Foram quatro dias de intensas atividades, com cerca de 10 mil participantes, mais de 400 sessões técnicas e uma extensa área de exposição.

CIOs de todo o mundo puderem interagir com mais de 170 analistas do Gartner e, principalmente, voltar a desfrutar o excelente networking que só esses eventos presenciais podem promover.

Eu estava lá representando a Techne e expondo nossa plataforma de desenvolvimento low-code, o Cronapp. Participei de uma delegação de 22 empresas brasileiras levadas ao evento pela Apex/Softex em um programa chamado Brasil IT, destinado a promover empresas de TI brasileiras no mercado americano.

Durante o evento, cerca de 600 pessoas, de diversas partes do mundo, visitaram nosso estande. Destas, cerca de 150 eram brasileiros. Segundo o Gartner, a delegação de brasileiros só perdia em número para a dos EUA e Canadá. Éramos 450.

Meu objetivo principal, no evento, foi testar a aderência de nossa plataforma ao mercado americano. Percebi que ele está totalmente aderente e que existe um mercado potencial muito grande para soluções como a nossa.

Mas, o que eu vou relatar aqui é principalmente uma visão resumida do que foi apresentado na sessão de abertura do evento.

O título bem sugestivo, “Faça a Diferença”, exortava os CIOs a exercerem um papel de liderança para garantir às empresas um crescimento sustentável no período pós pandemia. Os palestrantes propunham que os CIOs assumam o papel de coaching digital para vender o potencial da digitalização aos CEOs e conselhos das empresas.

O Gartner apontou que as empresas devem ser mais criteriosas na escolha dos melhores investimentos diante das 3 principais preocupações dos conselhos (de acordo com a pesquisa Gartner): recessão, turbulências e pressões inflacionárias.

As demais preocupações são: escassez de talentos, modelos de negócios em constante mudança, custos de energia e as alterações no comportamento dos clientes.

Outra preocupação muito intensa é a aceleração global nos ataques cibernéticos, com pagamentos médios de resgate da ordem de 800 mil dólares.

Pela escassez de talentos e matéria-prima, nos últimos 3 anos os CEOs não têm priorizado o crescimento. Já os CIOs, que mais investiram em digitalização, esperam 3 vezes mais crescimento.

O Gartner sugere que, através da digitalização, os CIOs podem reverter essa expectativa, dobrando a curva de crescimento para cima.

Ele prevê que o crescimento futuro tende a ser mais preocupado com ESG, já que os clientes cada vez mais vão cobrar esse posicionamento de seus fornecedores.

A meu ver, esse foi o mote principal do evento: TI para o Crescimento Sustentável.

Foram apontadas 3 iniciativas para garantir esse crescimento sustentável:

  • Revolucionar o Trabalho
  • Investimentos Sustentáveis
  • Segurança Cibernética Resiliente

Revolucionar o Trabalho

Uma pesquisa do Gartner indica que os funcionários devem demandar cada vez mais tecnologia em seu ambiente de trabalho (79%) mas, também reconhecem que a melhoria de suas habilidades digitais (75%) é importante para o sucesso do negócio.

Estima ainda que em 2025, 50% das empresas terão estabelecido uma estratégia de experiência digital para seus empregados (atualmente 5%).

Para se tornar um empregador cobiçado no mercado de trabalho o Gartner aponta 3 forças multiplicadoras:

  • Retirar a fricção do trabalho
  • Investir agressivamente em IA aumentada
  • Experimentar com o altamente visível e exagerado

Retirar a fricção do Trabalho

É preciso detectar e eliminar todos os pontos de fricção no trabalho (dificuldade em encontrar informações, dificuldade em encontrar pessoas que possam ajudar, necessidade de criar processos quando eles não existem, processos desatualizados). Alguns passos para isso: eliminar tudo o que é desnecessariamente difícil, o que ninguém quer fazer e investir em habilidades digitais que façam a diferença.

Investir agressivamente em IA aumentada

As empresas devem parar de focar em produtividade para focar mais em impacto.

Os funcionários precisam de ferramentas e tecnologias que os empoderem e aumentem o impacto de seu trabalho, com IA, por exemplo.

Uma citação bastante interessante da área médica: “A inteligência artificial não vai substituir médicos, mas médicos que usam IA vão substituir médicos que não a usam”.

Investir no altamente visível e exagerado

A ideia é que as empresas deem visibilidade a suas inovações arriscadas, mesmo que tenham grande chance de falhar, pois com essa visibilidade a marca se torna mais poderosa e atrai os melhores talentos. A recomendação é que não se tenha medo dos exageros.

O Gartner diz que é falsa a ideia de que “A cultura somente acontece nos escritórios corporativos”. Mas, que a realidade atual é que “A cultura acontece em diversificados espaços digitais e experiências”.

O intraverso é um conceito emergente de escritório virtual que usa tecnologia do metaverso com colabores em reuniões imersivas, nas quais podem interagir, colaborar e inovar. Ele se tornará uma importante ferramenta para o trabalho híbrido. Já existem empresas que fazem seu recrutamento no metaverso.

Em resumo, a ideia é Tecnologia de Informação se tornará o novo epicentro da marca empresarial, da estratégia de talentos e da cultura organizacional.

Investimentos Sustentáveis

Outra ideia central apresentada em toda a conferência foi a de realizar investimentos responsáveis, comprometidos com ESG.

Segundo o Gartner, no passado, os investimentos digitais já produziram resultados financeiros como aumentar em 19% o NPS e em reduzir em 45% os custos operacionais.

A média das empresas já disponibiliza 65% dos serviços de forma digital, enquanto os líderes digitais já disponibilizam 80% de seus serviços.

A próxima fase de digitalização vai privilegiar os resultados sustentáveis, criando um ciclo virtuoso onde as tecnologias digitais aumentam a sustentabilidade e essas aumentam a maturidade digital.

Um exemplo disso é o investimento em IA na otimização de rotas, que reduz os custos e emissão de gases, produzindo resultados financeiros e sustentabilidade ao mesmo tempo.

O Fórum Econômico Mundial estima que a digitalização poderá reduzir de 4% a 30% as emissões até 2030.

Para promover investimentos responsáveis com retornos sustentáveis o Gartner indica 3 frentes:

  • Investimentos em infraestrutura inteligente conectada
  • Alavancar fontes autônomas
  • Reduzir, através da digitalização, o uso de energia

Infraestrutura Inteligente Conectada (ICI)

Segundo o Gartner, as infraestruturas viárias e de cidades, tendem a se tornar cada vez mais inteligentes e conectadas. Exemplos: pontes conectadas a carros informando a existência de gelo na pista; sensores de tráfego, semáforos e iluminação inteligente que são capazes de diminuir crimes, acidentes viários e diminuir a emissão de gastes e consumo de energia.

Fontes Autônomas

São tecnologias para unir fornecedores a clientes. Possibilitam que o cliente tenha acesso a centenas de fornecedores, automatizando o processo de compra (usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e processamento natural de linguagem), reduzindo os ciclos de compras de meses para dias ou até horas.

Reduzir o uso de energia através da digitalização

O Gartner prevê que até 2030, tecnologias digitais contribuirão entre 10% e 20% para a redução de emissões de carbono necessárias para limitar o aquecimento global.

A área de TI deverá otimizar a utilização de servidores e armazenamento, incluindo a eficiência energética entre os critérios de escolha de fornecedores e acelerar o movimento para a nuvem.

O Gartner propõe o uso de EMOs (Energy Management and Optimization systems) coletando dados e promovendo decisões quase em tempo real, através do uso de sensores e IA. O uso de micro-redes (geradores de energia locais, como painéis solares, eólicos etc.) com IA e machine learning podem suprir falhas de fornecimento (furacões, por exemplo) e ao mesmo tempo gerar receita, vendendo energia para a rede pública, quando as condições de preço forem favoráveis.

Segurança Cibernética Resiliente

Uma das grandes preocupações, atuais e futuras, dos CIOs e CEOs, são os ataques cibernéticos. 66% das empresas sofreram algum tipo de ataque no último ano, sendo que 80% dos ataques provêm do crime organizado.

Como a segurança cibernética impacta fortemente a confiança da marca e o valor das empresas e como segurança completa não existe, é preciso priorizar investimentos.

  • Gerenciando a superfície de ataque
  • Protegendo os resultados dos negócios
  • Usando PLA (Protection Level Agreement) atrelado aos resultados do negócio

A segurança na força bruta precisa se transformar em uma segurança resiliente que se ajusta continuamente de acordo com o cenário externo as necessidades do negócio.

88% dos conselhos veem segurança como um risco do negócio, não como um risco tecnológico.

As superfícies de ataque aumentam consideravelmente quando se move para a nuvem, com micro serviços, servidores e bancos de dados espalhados pelo mundo. De acordo com a BlackKite, 58% das vítimas de ransomware têm portas ou datas compartilhadas livremente na internet.

A proposta do Gartner é usar EASM (External Attack Surface Management) para orquestrar todas as ações e investimentos em toda a cadeia de suprimento de software da organização.

Através de ferramentas de SCA (Software Composition Analysis) se consegue, de maneira automática e em tempo real verificar as falhas na cadeia de suprimento de software e priorizar e corrigir as vulnerabilidades que estão sendo exploradas ativamente. Apesar da enorme gama de vulnerabilidades existentes, somente uma pequena parte está sendo explorada em um determinado momento. Então, ao monitorar ativamente as ameaças existentes é possível priorizar aquelas que estão sendo exploradas no momento.

Actions

  • Revolucione o trabalho criando uma marca habilitada pela TI (IT enabled brand)
  • Faça de IT o epicentro de sua estratégia de talentos
  • Investimentos responsáveis com retornos sustentáveis (do tipo 2 por 1) buscando tanto resultados financeiros quanto ESG)
    • Investimentos em infraestrutura conectada inteligente
    • Alavancar fontes de energia autônomas
    • Reduzir consumo de energia através da digitalização
  • Criar um ciclo virtuoso entre digital e sustentabilidade
  • Proteção sustentável – segurança cibernética resiliente
    • Gerenciar a superfície de ataque
    • Proteger os resultados dos negócios
    • Usar PLA, Acordo de nível de proteção, acoplado aos resultados de negócios

* Mauricio Melo é CEO da Techne

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