Tendências de tecnologia para o mercado financeiro
Para as instituições financeiras, a tecnologia é essencial para acelerar o crescimento do negócio, criar novos produtos e serviços personalizados
O Brasil se destaca como um dos países mais avançados na transformação digital das instituições financeiras. Recentemente, o país implementou com sucesso o Pix, um sistema pioneiro de pagamentos instantâneos, e continua avançando nas implementações do Drex, a moeda digital brasileira, e do Open Finance.
Para as instituições financeiras, a tecnologia é essencial para acelerar o crescimento do negócio, criar novos produtos e serviços personalizados, automatizar processos, aprofundar a diferenciação entre empresas e gerar novos modelos de negócios.
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No futuro, a Internet das Coisas (IoT), as realidades aumentada e virtual e o blockchain continuarão a revolucionar o setor financeiro. A integração dessas tecnologias permitirá uma coleta de dados em tempo real mais eficiente, experiências de clientes mais imersivas e personalizadas, e transações ainda mais seguras.
Destaco algumas outras tendências importantes para o setor financeiro:
Segurança da informação e proteção de dados
Com a crescente digitalização dos serviços financeiros, a segurança da informação tornou-se uma preocupação significativa. As instituições precisam garantir a proteção dos dados dos clientes contra ameaças cibernéticas, como hackers e ataques de phishing. Atualmente, 50% dos bancos possuem um profissional de cibersegurança alocado em squads, mas 79% das instituições enfrentam dificuldades para encontrar profissionais qualificados nessa área, segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A quantidade média de profissionais terceirizados atuando em segurança cibernética aumentou 89% no último ano. Em 2024, 25% dos bancos projetam aumentar o número de profissionais na área de segurança cibernética, e 79% das organizações planejam investir em arquitetura, infraestrutura e ferramentas tecnológicas.
Integração de tecnologias emergentes
Embora muitas empresas financeiras tenham avançado na adoção de tecnologias digitais, ainda há desafios em integrar novas tecnologias emergentes como blockchain, inteligência artificial e automação de processos de maneira eficaz em suas operações.
Competição de fintechs e novos modelos de negócios
As fintechs e outros novos entrantes estão desafiando as instituições financeiras tradicionais com modelos de negócios inovadores e soluções tecnológicas disruptivas. As empresas estabelecidas precisam responder a essa competição adaptando-se rapidamente e encontrando maneiras de diferenciar seus serviços para manter a relevância no mercado.
Experiência do cliente
Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à experiência do cliente no setor financeiro. As empresas enfrentam o desafio de fornecer serviços digitais intuitivos, eficientes e personalizados que atendam às expectativas dos clientes em um mercado cada vez mais competitivo.
Investimento em infraestrutura tecnológica
Algumas instituições financeiras ainda enfrentam desafios com infraestrutura tecnológica desatualizada, o que pode limitar sua capacidade de inovar e oferecer serviços digitais de alta qualidade. Atualizar e modernizar sistemas legados pode ser um processo complexo e custoso, mas é necessário.
Maturidade do uso da cloud
A cloud já é amplamente utilizada no setor financeiro, trazendo benefícios como escalabilidade, eficiência operacional, flexibilidade no armazenamento e agilidade para mudanças. Porém, a adoção não é homogênea em todos os serviços e produtos.
Segundo pesquisa da Febraban, 79% dos entrevistados pretendem aumentar o investimento em cloud. Mas é importante lembrar que diferentes operações estão em fases diversas de migração para a cloud e, uma vez estabelecida, a infraestrutura em Cloud passa por um processo de constante evolução, especialmente em alguns domínios de negócio. Além disso, a prática de FinOps (Financial Operations) tem se tornado crucial nesse contexto, permitindo que as instituições financeiras gerenciem seus custos na nuvem de maneira mais eficiente.
A FinOps integra práticas de governança financeira,oferecendo visibilidade e controle sobre os gastos, e promovendo uma cultura de responsabilidade e otimização de custos, essencial para maximizar o retorno sobre os investimentos em Cloud, além de evitar desperdícios no sistema.
Tokenização
A tokenização emerge como um meio de democratizar o acesso a investimentos em diferentes áreas, como agronegócio e energia renovável, facilitando também o financiamento dessas atividades. O Banco Central estabeleceu a tokenização e as criptomoedas como áreas prioritárias para regulamentação em 2024.
Maior adoção de criptomoedas
Em 2024, o Brasil se destaca como o sexto país com maior adoção de criptomoedas no mundo, segundo uma pesquisa feita pela Triple A, com uma base de 26 milhões de investidores. Essa tendência reflete a rápida aceitação dos brasileiros em relação a novas formas de transação financeira. Falta agora regulamentar o setor de criptomoedas, visando proteger tanto os investidores quanto a integridade do sistema financeiro convencional.
DREX
As expectativas para a implantação da moeda digital nacional são elevadas, com o sistema atualmente em fase de testes. Quatro em cada dez participantes de uma pesquisa da Consensys afirmam que essa inovação terá um impacto significativo em suas vidas.
Open Finance
Segundo o Relatório Anual do Open Finance , o sistema ultrapassou 42 milhões de consentimentos ativos, alta de cerca de 97% na comparação com o ano anterior em 2023. Algo como 15% da população usuária de serviços bancários já compartilha os dados por esse ambiente. No Reino Unido, país modelo de implementação do Open Finance, a penetração é de 13%. Os investimentos realizados pela Estrutura do Open Finance Brasil somaram R$ 95 milhões, 53% superior ao montante registrado em 2022.
Desde o início da implantação do sistema, os desembolsos chegam a quase R$ 220 milhões. De acordo com o relatório, mais de 70% desse valor foi para o desenvolvimento de infraestrutura tecnológica e segurança cibernética.
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos, como a necessidade de políticas públicas que promovam a inclusão digital. Segundo a Anatel, cerca de 76% dos brasileiros sofrem de analfabetismo digital, não possuindo habilidades básicas sobre o assunto. Isso dificulta a expansão do mercado das instituições financeiras.
Há também a necessidade de promover programas para a educação financeira, já que muitos brasileiros têm dificuldade de utilizar todo o potencial das soluções que o mercado oferece.
Também é preciso mais investimentos em capacitação profissional -principalmente para os de áreas não tecnológicas- para que possam lidar com essas novidades e maximizar seus benefícios. A dificuldade de contratação de colaboradores com habilidades específicas, principalmente no setor de cibersegurança, também preocupa.
Mesmo com essas dificuldades, o futuro continua promissor. Investimentos contínuos em infraestrutura e regulação robusta garantirão que o Brasil não apenas supere os desafios atuais, mas também consolide sua posição como líder global na transformação digital do setor. A inovação contínua e a melhoria das práticas operacionais garantirão serviços financeiros mais seguros, eficientes e acessíveis a todos.
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