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Telecom: em 2020 vamos entregar as mudanças as quais falamos em 2019?

Um dos destaques do Mobile World Congress no ano passado foi certamente a visão do CEO do Grupo Vodafone, Nick Read, sobre a Indústria Móvel, na qual ele comparava a reputação dos prestadores de serviços de Telco Móvel junto a seus consumidores, com a Indústria do Tabaco – mencionando que na Europa as operadoras são vistas como organizações que adotaram uma política bastante protecionista – o que exigiu a implementação de muitas regulações.

Em sua palestra, Nick comentou sobre o grande potencial das operadoras e disse que o segmento de telecomunicação móvel é o grande facilitador da transformação digital. Ele concluiu seu discurso com um grito de guerra pelo setor, entre uma lista de desejos: “quero construir um modelo de negócio pautado na confiança entre as empresas e consumidores e quero também promover relações melhores entre consumidores, reguladores e governos. Isso exigirá maior envolvimento entre a Indústria de Telco e Governos com objetivo de construirmos juntos uma sociedade cada vez mais digital e próspera tanto social como economicamente”.

Compartilho da opinião dele e acredito no desenvolvimento de programas de mudança estratégica em larga escala – sendo esta uma demanda detectada pelas maiores empresas do setor no mundo.

Também, em entrevista ao Financial Times em novembro de 2019, o CEO da Telefonica, José María Álvarez-Pallete, disse que a mudança no setor será impulsionada pela crença de que existe pouco espaço para a fórmula tradicional das telecomunicações e que a Telefonica deverá mudar de uma empresa tradicional de telecomunicações para uma empresa de tecnologia.

Ainda, na conferência GSMA Mobile 360 que aconteceu em Dubai, em novembro do ano passado, o CEO da Etisalat International, Hatem Dowidar, destacou a mudança no setor que o 5G irá causar. “5G é a oportunidade às operadoras para assumirem a liderança e manterem o máximo de valor na indústria de telecomunicações. Como operadoras, investimos muito e a tecnologia 5G trará um mundo de novas possibilidades. Enquanto nas gerações anteriores, outros setores nos causaram uma disrupção, agora temos o potencial de causar essa disrupção no mercado todo e o impulsionar o crescimento do setor de telco”.

Sobre expansão e crescimento, o Orange Group anunciou seu plano estratégico chamado Engage 2025 e o Presidente e CEO do Orange Group, Stéphane Richard, disse que para apoiar essa ambição de crescimento até 2025, a Orange terá que se reinventar e se adaptar a um mundo em constante mudança. A inteligência artificial e os dados estarão no centro dessa reinvenção, tanto para melhorar a experiência do cliente quanto para tornar nossas redes mais inteligentes e toda a empresa mais ágil.

A mudança em Telecom está ocorrendo a uma taxa sem precedentes. Mas não há uma fórmula mágica e o que funciona para uma operadora – pode não funcionar para outra. A Orange se saiu extremamente bem com o Orange Bank. Nos primeiros dois anos de operação, o Orange Bank conquistou 500 mil clientes e planeja ter 5 milhões de clientes na Europa e 10 milhões de clientes na África até o final de 2023.

No entanto, uma pesquisa da Light Reading 2020 Vision Executive Summit, mostrou resultados em que apenas 12% dos entrevistados consideraram que as empresas de telecomunicações deveriam se tornar bancos. Do total, 88% consideram que as empresas de telecomunicações devem evitar se tornar bancos. Por isso, não há uma fórmula única que sirva para todas as estratégias de mudança e que garanta o sucesso.

No mundo digital e no BSS (Business Support Systems) pautado na tecnologia 5G, é sabido que nem todas as operadoras são iguais, portanto existem diferentes opções para a implementação de sistemas com sucesso. A chave é tornar a mudança o mais livre de riscos e gastos possível.

Alguns recursos podem contribuir para a migração ao Digital First, são eles:

Codesenvolvimento

Para algumas operadoras maiores que podem ter requisitos exclusivos, existe a opção de co-desenvolvimento, no qual são fornecidas equipes de desenvolvimento para trabalharem em conjunto com as equipes de desenvolvimento de TI da operadora. Usando o DevOps em um ambiente de CI / CD (integração contínua / desenvolvimento contínuo), a equipe usa uma biblioteca de microsserviços do produto principal como base para o desenvolvimento.

Nova abordagem digital

Há um surgimento de digital primeiro (digital first), em que submarcas de produtos ou serviços são lançados pelas operadoras. Eles são configurados em divisões separadas da operadora e implementados com base em uma nova plataforma de negócios digital de ponta a ponta. Usando APIs Abertas, é possível trabalhar com parceiros para fornecer uma suíte digital de ponta a ponta cobrindo todas as funções de telco, desde cobrança até faturamento e política de CRM baseado na web e gerenciamento de experiência do consumidor. Sem integração legada ou migração de dados, essa nova abordagem digital de ponta a ponta pode ser implementada em menos de 100 dias.

Sistemas adjuntos

Muitas vezes, uma operadora sabe que deve alterar seu BSS, mas os pensamentos (e custos) de uma migração do sistema de cobrança atrasam a ação. O que vimos funcionar extremamente bem é a adição de sistemas digitais e 5G no BSS anteriormente implementado (legado). Um bom exemplo disso é a sobreposição de um sistema de cobrança legado existente com um sistema de cobrança em tempo real. Todo o tráfego é coletado e classificado em tempo real pelo sistema de cobrança e, em seguida, os CDRs (Call Detail Record) ou bilhete de tarifação, são enviados ao sistema de cobrança legado para cobrança.

Sistemas de substituição

Algumas operadoras estão executando sistemas que estão enfrentando o fim da vida útil ou que não foram projetados para lidar com serviços digitais e 5G e esses precisam ser trocados. Isso envolve a migração de dados, portanto, é essencial ter os conjuntos de ferramentas automatizados para permitir a mudança para o ambiente digital.

É importante que o digital e o sistema BSS 5G sejam nativos da nuvem, usem APIs abertas e sejam baseados em microsserviços. Estes são itens importantes para permitir a mudança que as principais operadoras desejam implementar em 2020.

*Martin Morgan é vice-presidente de Marketing da Openet

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