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Tecnologia para evitar destruição da Amazônia quer virar Lei Federal

Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento da Amazônia teve aumento de 278% em julho, em comparação com o mesmo período de 2018. Em Juara, Mato Grosso, mais de 300 mil árvores foram cortadas da Floresta Amazônica nos últimos meses.

Em algumas áreas, os danos são permanentes e sem possibilidade de regeneração completa. Uma série de ações estão sendo tomadas, ao redor do país, para conter o desmatamento. Muitos deles, inclusive, têm a tecnologia como aliada.

Como exemplo, temos o projeto Código da Consciência, que visa restringir o uso de maquinário pesado em áreas protegidas. Ele é gratuito, de código aberto, e pode ser uma ferramenta importante na luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia.

O projeto usa mapas georreferenciados das áreas protegidas do mundo. Eles são reunidos pelo World Database on Protected Areas (WDPA), atualizado mensalmente por ONGs, comunidades e governos. Ele também possui API aberta.

Ele funciona como uma combinação do sistema de GPS das máquinas com o banco de dados das áreas protegidas. Assim, as máquinas podem ser detectadas  se entrarem em uma área proibida para elas.

O cacique Raoni Metuktire, líder Kayapó e parceiro do projeto, alerta para que “os fabricantes de tratores e os chefes todos venham e vejam isso [o desmatamento].”

Segundo o cacique, a ideia não é parar de uma vez a operação dos tratores, mas sim que eles “parem quando chegarem à nossa terra, à nossa floresta” para que a Amazônia continue existindo. “É para que tenhamos consciência e para que a floresta fique de pé”, acrescenta.

Código aberto

Cacique Raoni Metuktire, líder Kayapó. Foto: Instituto Raoni/Divulgação.

O projeto é gratuito e pode ser obtido por qualquer empresa interessada nesta página. A viabilidade da implementação do Código da Consciência também inclui o desenvolvimento de um chip com GPS, 4G e armazenamento de dados, além do próprio código. Ele foi desenvolvido com baixo custo para diversas máquinas.

Um dos parceiros no desenvolvimento do projeto, junto com institutos, associações e empresas parceiras, é o estúdio criativo AKQA. Seu diretor executivo de criação, Hugo Veiga, explica que “o projeto oferece às fabricantes de veículos pesados, pela primeira vez, a oportunidade de também participarem da solução desse problema.”

Veiga também relaciona que a viabilidade econômica do projeto é possível, já que uma fabricante poderia, em suma, perder clientes com objetivos ilegais, mas com as “vantagens econômicas de assumir essa postura em um mundo cada vez mais consciente”.

“A destruição ilegal da natureza impacta todos, seja na diminuição da biodiversidade, na violência contra comunidades, na degradação do solo ou, em última instância, no aquecimento global”, explica Veiga.

Agora, os responsáveis pelo projeto estão em contato com CEOs das dez maiores fabricantes de equipamentos de construção do mundo. O objetivo é explicar a importância de um compromisso pela conservação global e que as novas máquinas já saiam das fábricas com o código instalado.

Grandes empresas com atividades econômicas relacionadas à Amazônia também estão sendo contatadas, para que exijam de seus fornecedores e parceiros o Código da Consciência nas máquinas que já operam na região.

Por fim, o projeto visa transformar a iniciativa em lei federal no Brasil, mas também em outros que também sofrem com este problema, como Papua-Nova Guiné, Indonésia, Congo e Austrália.

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