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Tecnologia não tem gênero: é hora de aposentar esses estereótipos

No nosso dia a dia, é de praxe caminharmos pelos corredores de empresas de TI e nos depararmos com uma maioria de homens ocupando a maior parte do quadro de funcionários; não apenas nas lideranças, mas também em outras áreas, incluindo as mais técnicas. Nesses últimos anos, embora tenha havido um aumento discreto do número de mulheres no setor de tecnologia, ainda somos minoria.

Quem trabalha nesse mercado costuma achar que esse cenário já era assim desde o surgimento dos primeiros bits e bytes e pensa que associar tecnologia ao gênero masculino é fator cultural. É curioso pensar que, como a lógica de que ‘isso sempre foi assim’ vem sendo construída há tanto tempo, acabou sendo normalizada na nossa sociedade, inclusive para nós mulheres.

Faça um exercício: feche os olhos e imagine a pessoa que está conversando com você do outro lado de um chat com o departamento de TI que você está usando para resolver um problema. Quais as chances de você ter imaginado uma mulher?

Esse pensamento está refletido em um dos principais estudos do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) que mostra que ainda é muito pequena a participação feminina em TI, onde somente cerca de 20% dos profissionais são mulheres no Brasil. Essa ausência de diversidade não é algo exclusivo do mercado brasileiro, pois ao compararmos com os EUA, essa porcentagem aumenta pouco, chegando a 25%. Isso não é negativo apenas no aspecto social, mas também causa prejuízo financeiro para as organizações.

Esta realidade representa uma série de oportunidades perdidas por jovens mulheres com aptidão em matemática e ciência, que podem contribuir e revolucionar grandes empresas, ou até mesmo criar seus próprios projetos. A desigualdade de gênero na ciência da computação é um desperdício que temos de mão de obra e talentos que poderiam alavancar operações, produtos, projetos e negócios.

Mas agora vem a surpresa. O mercado de tecnologia nem sempre foi assim.

Lembro-me quando assisti ao filme “Estrelas Além do Tempo”, que conta a história de Katherine Johnson, Doroty Vaughn e Mary Jackson, três brilhantes matemáticas da NASA que foram responsáveis pelos cálculos que ajudaram a colocar o homem na lua. Em uma das cenas, somos apresentados ao time que será responsável pelos mais novos computadores da IBM na NASA. O espectador é surpreendido por ver que o time era composto apenas por mulheres!! Uma sala inteira de engenheiras e matemáticas interpretando dados fundamentais para um dos maiores feitos científicos da humanidade.

O que quero dizer com isto é que, do ponto de vista histórico, a desigualdade de gênero na ciência da computação é um fenômeno relativamente recente. As mulheres dominavam os trabalhos de computação nos primórdios da indústria de tecnologia, desde a Segunda Guerra Mundial, quando trabalharam com Alan Turin para decodificar mensagens secretas da Alemanha, até os anos 1960, como retratado no filme.

Mas existe esperança no horizonte. Passamos a ter cada vez mais movimentos de inclusão de meninas e mulheres em áreas de STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática) para transformar essa cultura. E, apesar de as mulheres ocuparem apenas um quarto das vagas em ciências matemáticas e da computação, a indústria de tecnologia têm uma das menores desigualdades salariais entre profissionais masculinos e femininos. As mulheres do setor recebem 94% do que os homens recebem, segundo a American Association of University Women.

Ainda há muito a ser feito, e com o apoio de educadores e empresas que estão coordenando esforços para recrutar mais mulheres e criar ambientes de trabalho mais receptivos, a tendência que é consigamos reverter esta realidade. Pessoalmente, eu fico muito feliz quando encontro mulheres como CIO ou CEO de uma empresa de tecnologia. Não podemos nos esquecer que, mais que qualquer outro setor, a TI é movida pela inovação. E não existe inovação sem diversidade de ideias, que por sua vez depende da diversidade de gêneros.

*Kátia Ortiz é Country Manager da ServiceNow no Brasil

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