Talentos aquém da demanda: como o setor privado está mudando o cenário

Com corrida pela digitalização e profissionais de TI disputados, resposta vem de iniciativas privadas importantes em andamento

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5:15 pm - 09 de junho de 2022
programadores programadores

O Brasil tem vocação para a inovação e está avançando na aceleração digital, porém tem um grande desafio pela frente: investir na formação de profissionais de tecnologia. Um estudo da Brasscom aponta demanda de 797 mil talentos de tecnologia até 2025. São números que refletem o crescimento acelerado do setor de TI e a transformação digital nas empresas, que vem impactando diversos departamentos e tornando a competição por talentos cada vez mais global.

Com a corrida pela digitalização em diferentes setores da economia, os profissionais de tecnologia são cada vez mais disputados, chegando até a ultrapassar as fronteiras do Brasil. A adoção de ferramentas online de colaboração e do modelo de trabalho híbrido fizeram com que profissionais brasileiros passassem a ser vistos por empresas de outros países, desencadeando um cenário de “exportação” de talento, mesmo que muitas vezes não saiam do seu país, mas atuem de forma remota.

As tendências no mundo do trabalho indicam que a maioria das grandes empresas pretende implantar novas tecnologias a curto prazo. O Fórum Econômico Mundial já prevê que até 2025, cerca de 85 milhões de empregos serão focados em digitalização e automação. Ou seja, um cenário altamente promissor e competitivo para quem deseja atuar com tecnologia. Mas como apoiar a qualificação de talentos, dado que no Brasil o número de formandos com perfil tecnológico é de apenas 53 mil por ano, três vezes menor que a demanda anual?

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A resposta pode vir de algumas iniciativas privadas importantes que já estão em andamento. Grandes organizações do setor de Tecnologia vêm criando parcerias com tradicionais instituições de educação, como por exemplo SENAI, Senac, rede dos Institutos Federais e Centro Paula Souza, para lançar programas de capacitação em tecnologia. Entretanto, o esforço de capacitação não pode ser desassociado do modelo pedagógico de um país, e nesse sentido é premente que o Brasil acelere os esforços de conectividade das escolas e as transforme em escolas digitais.

O uso de tecnologia não somente apoia o desenvolvimento de habilidades em STEM (acrônimo em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática), fundamentais para o setor de tecnologia, mas cria uma cultura de capacitação nas mais diversas ferramentas digitais. E esse é um fator determinante para o sucesso de uma economia digital e para garantirmos uma inclusão digital verdadeira.

O universo corporativo já entendeu que as empresas que irão se diferenciar são as que mais investirem em educação e preparação. Por isso as empresas têm assumido cada vez mais esse papel e atuado também com treinamentos intensivos, como bootcamps e hackatons, que aceleram a entrada de talentos no mercado.

O último Censo GIFE 2020, que entrevistou 131 organizações no Brasil, provou que o investimento privado em educação vem sendo prioritário. Todos os respondentes mencionaram uma área temática específica como foco de atuação das 1.015 iniciativas em operação pelas organizações participantes do Censo GIFE e a área de educação foi a prioridade das iniciativas da maioria dos pesquisados (58%).

Isso demonstra uma certa maturidade do empresariado na árdua missão de retenção e atração de talentos, uma vez que as iniciativas educacionais privadas atuam como um facilitador para a transformação da carreira e oportunizam uma verdadeira transformação da realidade socioeconômica de milhares de pessoas. Na Cisco, por exemplo, o programa global Cisco Networking Academy, que oferece capacitação na área de TI e negócios, chegou à marca inédita de 103 mil estudantes no Brasil em um único ano. A iniciativa está presente em todos os estados brasileiros, possui mais de 500 academias parceiras e acaba de atingir a marca de 500 mil alunos impactados no País desde sua chegada há mais de 20 anos.

O nível de educação está diretamente ligado à produtividade e ao valor agregado na economia de um país. Então, se queremos progredir como sociedade, precisamos melhorar os investimentos em educação.  Na prática, a solução é complexa, mas já está sendo bem trabalhada pelos diferentes atores da sociedade, e aqui destaco as organizações privadas, obtendo excelentes resultados e permitindo que os talentos no Brasil tenham ótimas oportunidades de trabalho junto às melhores empresas.

A vocação do País para o crescimento continua valendo. E, se encarado de frente, o desafio de ainda termos poucos profissionais formados em Tecnologia, em breve, fará parte do nosso passado.

* Ricardo Mucci é country manager da Cisco do Brasil

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