Solução de pagamento quer democratizar energia fotovoltaica

Edmond permite que integradores parcelem equipamentos e instalação para clientes finais. Crise hídrica e demanda por energia aquecem mercado

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9:01 am - 06 de dezembro de 2021
Alessandra Zuza, diretora de meios de pagamentos da Edmond Alessandra Zuza, diretora de meios de pagamentos da Edmond

Se até pouco tempo atrás os interessados em ter energia fotovoltaica precisavam pagar os equipamentos e a instalação à vista, nos últimos anos, instituições financeiras criaram produtos para facilitar a negociação. Nesse sentido, nasceu a Edmond, green fintech especializada em meios de pagamento digitais e software as a service (SaaS) exclusivos para o setor de energia limpa solar.

Em entrevista ao IT Forum, Alessandra Zuza, diretora de meios de pagamentos da empresa, explica que a Edmond se relaciona diretamente com o integrador – profissional que faz a conexão entre as distribuidoras de equipamentos fotovoltaicos e os clientes interessados – facilitando o pagamento por meios digitais.

Ao fazer seu cadastro na plataforma, a empresa realiza uma consultoria financeira e o onboarding do sistema. O integrador escolhe os serviços desejados e em sua negociação com clientes, tem a liberdade de colocar em quantas vezes no cartão de crédito será feita a transação. A empresa também disponibiliza máquina de cartão para os clientes que assim o desejarem.

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Nesse processo, um dos diferenciais da Edmond é a facilidade de aprovação. “Quando um cliente tenta passar o cartão na maquininha no varejo, as transações possuem um tíquete médio baixo. No caso da energia solar, são R$ 30 mil ou R$ 40 mil, então a probabilidade de aprovação é muito baixa. Mas, como a Edmond é vista como uma empresa de energia renovável, as aprovações superar 99% no cartão de crédito”, revela Alessandra.

Diferente dos financiamentos em bancos convencionais, onde somente o equipamento é contemplado, a Edmond permite o pagamento da instalação. Porém, ao pagar tudo ao integrador, isso poderia gerar uma bitributação ao profissional. Para sanar o problema, a fintech conta, também, com uma solução de Conta Gráfica. Dessa forma, quando o cliente final realiza o pagamento, o profissional escolhe as porcentagens que serão repassadas automaticamente. “Por exemplo, 60% vão para o distribuidor, 10% para o instalador e o restante para o integrador. Dos R$ 200 milhões que já transacionamos, evitamos 30% de bitributação”, diz a executiva.

Para Alessandra, as possibilidades de pagamento são responsáveis por aumentar a procura da energia solar no país. Com as novas soluções (saindo apenas da opção à vista), a conversão dobrou. Mas, ainda hoje, a cada dez propostas que o integrador envia, apenas quatro são aprovadas.

“O desafio é promover para o integrador uma mudança de hábito. Porque é necessário mostrar para ele que existem novas formas de fechar negócio. Ou seja, existe uma questão de uma digitalização educacional”, frisa. A Edmond foca, nos próximos meses, em diversos produtos para criar um ecossistema completo ao integrador.

Ainda em dezembro, será lançado o Seguro que possibilitará novas receitas além de vender o sistema. O seguro poderá ser feito tanto para novos projetos ou de usinas instaladas e terá valor médio de R$ 199 anual, e poderão ser asseguradas usinas de até mais de R$ 1 milhão. Quando fechar negócios, o integrador terá 10% de cashback no Edmond Bank. Além disso, a empresa lançará cartão de crédito, capital de giro e boleto parcelado.

Em seus nove meses de vida, a empresa já transacionou R$ 200 milhões e o foco é chegar a R$ 1 bilhão – ainda sem prazo estimado pois a China (país de origem dos equipamentos) virou sua produção para o mercado interno. Atualmente, a Edmond possui 20 mil integradores em sua plataforma.

Energia pré-paga no Brasil

De acordo com Alessandra, o Brasil está entre os dez países com a maior matriz energética o mundo, mas tem apenas 2% do potencial realmente em uso. Mas a expectativa é que o Marco Legal da Geração Distribuída (PL 5829/19, que aguarda apreciação do Senado após ser aprovado na Câmara) traga um futuro promissor ao segmento e uma corrida para novas instalações, investimentos na ordem de R$ 16 bilhões de reais . “Caso a PL seja aprovada, o mercado sofrerá uma disruptura semelhante às vendas de telecom”.

Ou seja, os consumidores poderão comprar a energia de qualquer empresa que tiver como gerá-la, sem a obrigação de contratar a concessionária da região. O Brasil tem vários galpões, por exemplo, e os telhados são um ótimo local para instalar as usinas, que poderão ser comercializadas de maneira pré-paga para certo período ou até em planos de assinatura, como por 12 meses.

A expectativa, segundo a executiva da Edmond, é que isso aconteça nos próximos três anos, pois há uma grande pressão no governo principalmente pela crise hídrica vivida atualmente. Quando aprovada, a fintech pretende se posicionar como um ecossistema para a compra da energia pré-paga.

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