Sociedade 5.0: tecnologia para pessoas ou pessoas para tecnologia?

Ultimamente, tenho refletido bastante sobre tendências no universo tecnológico e cheguei à conclusão de que “pessoas” é a principal delas. Para a minha surpresa, descobri que muitos colegas compartilham da mesma visão: de que a tecnologia nada mais é do que o meio para transformar e beneficiar a sociedade de modo geral.

Porém, essa visão traz algumas questões:

  • Como garantir que a tecnologia será realmente usada a favor da sociedade, fugindo dos cenários catastróficos que Hollywood projeta em alguns filmes “futuristas”?
  • Como garantir que ela não seja um fator perpetuador da desigualdade social?
  • Como incluir quem não é nativo digital nas transformações que já estão aqui e serão aceleradas?

Creio não haver respostas absolutamente certas ou erradas a essas perguntas. Por isso, proponho uma reflexão a partir do conceito de Sociedade 5.0 e como ela pode ser nossa aliada para uma tecnologia centrada em pessoas (e não o contrário) e ajudar a obter tais respostas.

A Sociedade 5.0 e as novas organizações da sociedade baseadas na tecnologia

Não é de hoje que a tecnologia molda o nosso comportamento como sociedade. Basta pensar na Revolução Industrial para entender esse movimento: depois do aumento da capacidade de produção, que ocorreu durante o período, a sociedade foi organizada em torno do consumo, originando o que chamamos de Sociedade 3.0.

Já a nossa geração cresceu e se desenvolveu no mundo digital. Junto com os computadores, nasceu a Era da Informação — ou Sociedade 4.0 —, em que o elevadíssimo volume de processamento de dados trouxe mudanças estruturais na sociedade, permitindo, por exemplo, que a comunicação se tornasse muito mais rápida, independentemente da distância entre os interlocutores.

Mas, e as próximas gerações? Como a sociedade se organizará a partir das revoluções tecnológicas que estão se acelerando?

A resposta está no conceito de Sociedade 5.0, em que tecnologias como Big Data, Internet das Coisas e Inteligência Artificial serão a base sobre a qual, nós, os seres humanos, vamos estruturas nossas vidas de forma a facilitar o atendimento às nossas necessidades, liberando tempo e energia para que possamos ser cada vez mais orientados ao que nos define como humanos: criatividade, criação, engenharia, artes, filosofia, análise crítica e por aí vai.

O conceito é bastante abrangente, mas, em linhas gerais, a Sociedade 5.0 vai ao encontro do que acredito que seja o caminho mais saudável e sustentável para a tecnologia: posicionar as pessoas no centro da inovação e da disrupção tecnológica.

Por que eu acredito na Sociedade 5.0?

Pensando nos três desafios elencados no início deste artigo, enxergo o conceito de Sociedade 5.0 como o fator decisivo para superá-los, porque esse modelo tem valores muito bem definidos, que vão ao encontro das nossas necessidades para o bom uso da tecnologia. Entenda quais são.

Os três valores essenciais da Sociedade 5.0:

Qualidade de vida

Enquanto existe a visão alarmante de que os robôs roubarão os nossos empregos, eu enxergo os benefícios da automação: diminuir trabalho manual e liberar nossos esforços para atividades realmente humanas, aumentando nossa qualidade de vida e, automaticamente, trazendo avanços para a nossa saúde e gerando maior longevidade.

Inclusão

É impossível falar de evolução social se não falarmos de inclusão. Nesse sentido, a Sociedade 5.0 tem como uma de suas responsabilidades criar condições para que as pessoas tenham acesso à capacitação e infraestrutura necessárias para não ficarem excluídas do processo de desenvolvimento tecnológico.

Sustentabilidade

Enquanto a Sociedade 4.0 teve no consumo o principal cenário para evoluir, a Sociedade 5.0 tem como um de seus pilares a adoção de tecnologias menos nocivas ao planeta, como a implementação de energias renováveis e abandono dos combustíveis fósseis, por exemplo.

Dando passos rumo à Sociedade 5.0

O que mais me fascina no conceito de Sociedade 5.0 é ver o ser humano no topo da hierarquia da inovação. Internet das Coisas, Computação em Nuvem, Robótica e Inteligência Artificial tornam-se o meio para atingir o objetivo final: uma sociedade mais saudável, inclusiva e sustentável.

É por isso e para isso que devemos acordar todos os dias e lutar incansavelmente para extrair o nosso melhor e de quem está nesta jornada com a gente. E faço questão de ressaltar a nossa autorresponsabilidade para com o futuro da sociedade. Afinal, a tecnologia é agnóstica, mas o uso dela, não.

E você, acredita que estamos caminhando rumo à Sociedade 5.0?

* Jefferson Anselmo é vice-presidente sênior da NTT para a América Latina

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