Seguradoras acreditam que disruptura digital cresce dramaticamente no Brasil
Empresas de todas as vertentes da indústria estão sendo impactadas pela transformação digital de seus negócios, que se tornou imperativo para companhias que querem se manter competitivas. No ramo das seguradoras, isso não é diferente e, para elas, a disruptura digital alcançou um nível sem precedentes, de acordo com relatório feito pela Accenture.
Com base em uma pesquisa com cerca de 450 executivos de seguros, o relatório Tech Vision para Seguros 2016, intitulado Pessoas em primeiro lugar: a primazia das pessoas na era do seguro digital, o levantamento afirma que a próxima onda da tecnologia – a qual engloba internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), ecossistemas baseados em plataforma e inteligência artificial – está amadurecendo e deverá transformar a própria natureza da organização de seguro e o que ela faz.
De fato, 90% das seguradoras no mundo e 100% das brasileiras disseram esperar que o ritmo da mudança tecnológica aumente rapidamente ou a uma taxa sem precedentes, nos próximos três anos. Além disso, 83% das seguradoras acreditam que a IoT vai promover mudança significativa ou transformação completa na indústria. No Brasil, este percentual sobre para 91%.
O relatório aponta que as tendências digitais identificadas, como automação inteligente, força de trabalho líquida, economia de plataforma, disrupção previsível e confiança digital, oferecem às seguradoras oportunidade de mudar do modelo de negócio tradicional para um em que elas possam avaliar e mensurar riscos diretamente, individualmente e em tempo real, bem como ajudar clientes a evitar perdas.
Para aproveitar ao máximo essas tendências, no entanto, seguradoras vão precisar transformar drasticamente suas força de trabalho e cultura, na opinião de John Cusano, líder global da prática de Seguros da Accenture. “Seguradoras digitais estão contratando funcionários mais interessados em tecnologia, criativos e analíticos, e agora elas estão competindo pelos melhores talentos de ciência, engenharia, tecnologia e matemática”, aponta.
Ainda de acordo com o executivo, seguradoras também estão introduzindo cada vez mais 'automação inteligente', a qual “pode consumir e analisar grandes quantidades de dados e executar processos complexos para complementar esaa nova força de trabalho”, conta. “As empresas precisam ter visão de futuro para desenvolver sua cultura e adotar todas essas mudanças.”
O relatório identifica quatro pilares fundamentais necessários para implementação de uma cultura digital bem-sucedida.
1. Construído para mudança
Seguradoras digitais estão desenvolvendo novas habilidades, processos, produtos e formas de trabalhar. Elas estão mudando para uma força de trabalho flexível e capaz de acompanhar o ritmo acelerado das mudanças, o que exige evolução dos conjuntos de habilidades. A maioria dos entrevistados (97% no Brasil) acredita que o treinamento de sua força de trabalho tornou-se mais importante hoje do que era há três anos. Além disso, 78% no mundo (e 77% no Brasil) acreditam que uma “força de trabalho mais líquida” ou mais fluida vai melhorar a inovação por meio da introdução de pensamento e indivíduos mais diversificados no processo.
2. Orientado a dados
As novas tecnologias estão possibilitando que seguradoras usem dados para formar uma base mais sólida para a tomada de decisões em todos os níveis da companhia de seguros. A maioria das seguradoras (86%) acredita que o uso de “automação inteligente” estimulado pela inteligência artificial irá dar vantagem competitiva significativa, permitindo-lhes inovar e criar novos processos de negócios. No Brasil, este percentual é de 100%. Grande parte (82%) das seguradoras no mundo disse que a automação impulsionada pela inteligência artificial vai ser perfeitamente incorporada a cada aspecto do negócio nos próximos cinco anos.
3. Abraçar a disrupção
Seguradoras precisam abraçar a disrupção e adotar tecnologias que permitam fazer de forma diferente. Novas plataformas e ecossistemas permitirão ter compreensão mais profunda das novas necessidades de clientes, parceiros e funcionários. De fato, 94% das seguradoras (100% no Brasil) acreditam que a adoção de modelo de negócio baseado em plataformas e o envolvimento em ecossistemas de parceiros digitais são fundamentais para o sucesso. Além disso, 83% acreditam que tais modelos de negócios farão parte da estratégia de crescimento central da organização dentro de três anos.
4. Conscientização do risco digital
O movimento em direção ao digital criou muitos novos riscos para seguradoras, incluindo novas ameaças à segurança, demanda pelo uso transparente de dados sensíveis, e perguntas sobre uso ético de novas tecnologias. De fato, 78% das seguradoras globalmente (e 83% das brasileiras) acreditam que estão expostas a mais riscos do que estão preparadas para lidar. A “confiança digital” terá de ser integrada ao processo de desenvolvimento de tudo o que elas fizerem para evoluir.
Não se trata de usar mais tecnologia, mas permitir que pessoas – consumidores, trabalhadores e parceiros de ecossistemas – conquistem mais com a tecnologia”, afirma Cusano. “Trata-se de mudar a cultura corporativa para ver a tecnologia como um meio para ajudar pessoas a se adaptar e aprender, criar novas soluções, promover a mudança e revolucionar o status quo.”
A Accenture Research realizou a pesquisa global com 3,1 mil executivos de negócios e de TI, em 11 países e 12 indústrias, para obter insights sobre a adoção de novas tecnologias. O relatório da indústria de seguros é baseado em uma amostra de 445 entrevistados de companhias de seguros em todo o mundo. A pesquisa ajudou a identificar questões importantes e prioridades para a adoção e investimento de tecnologia. Os entrevistados eram em sua maioria executivos C-level e diretores, com alguns líderes funcionais e de linha de negócios, em empresas com receita anual de pelo menos US$ 500 milhões, com a maioria das empresas com receita anual superior a US$ 6 bilhões.
