Reforçando a máxima de que o ano só acaba quando termina, dezembro chegou com um anúncio importante no mercado de tecnologia corporativa: a Salesforce adquiriu o fornecedor de software de colaboração Slack, em um negócio de US$ 27,7 bilhões.
A aquisição – cujos detalhes vazaram na semana passada – integrará o aplicativo de chat de negócios da Slack com as ferramentas em nuvem da Salesforce, servindo como a nova interface para seu portfólio de produtos Customer 360.
“Juntos, Salesforce e Slack irão moldar o futuro do software empresarial e transformar a maneira como todos trabalham no mundo totalmente digital e de trabalho em qualquer lugar”, disse o presidente e CEO da Salesforce, Marc Benioff, em comunicado. A aquisição foi anunciada após o fechamento dos mercados financeiros nos EUA, na tarde de terça-feira (01).
“A oportunidade que vemos juntos é enorme”, disse Stewart Butterfield, CEO e cofundador da Slack. “À medida que o software desempenha um papel cada vez mais crítico no desempenho de cada organização, compartilhamos uma visão de complexidade reduzida, maior poder e flexibilidade. Pessoalmente, acredito que esta seja a combinação mais estratégica da história do software e mal posso esperar para começar.”
Para a Slack, o acordo significará acesso a mais clientes de grandes empresas e maior influência na concorrência com a rival Microsoft. “O lado positivo é que o Slack consegue um investidor que pode desenvolver o serviço e torná-lo necessário para competir com a Microsoft e o Google”, disse Patrick Moorhead, principal analista da Moor Insights & Strategy.
Para realmente competir com fornecedores de software de colaboração como Microsoft e Google, disse Moorhead, a Salesforce precisará reforçar ainda mais sua proposta em torno de vídeo e produtividade pessoal.
“Enquanto algumas empresas desejam a melhor abordagem da categoria e a remendam por meio de APIs, outras desejam projetos integrados como a oferta da Microsoft (Teams / Office 365) e do Google (Workspaces) hoje”, disse Moorhead. “A Salesforce pode ter que comprar uma empresa como a Zoom e criar o melhor pacote de produtividade para fazer o investimento no Slack valer a pena.”
Desde seu lançamento em 2014, o Slack abalou a indústria de software de colaboração com sua abordagem de comunicação baseada em um canal altamente popular, que provou ser um sucesso entre os usuários que buscam uma alternativa ao e-mail.
Além disso, sua ampla variedade de integrações de terceiros ajudou o aplicativo a se tornar uma parte integrante dos fluxos de trabalho para muitas equipes empresariais – um ponto fraco para algumas ferramentas de colaboração no passado.
Em setembro de 2019, a Slack disse que tinha 12 milhões de usuários ativos diários, com 130 mil clientes pagos, de acordo com seu relatório de resultados financeiros mais recente.
Nos últimos anos, o Slack visa implantações em empresas maiores, com o lançamento de seu produto Enterprise Grid em 2017 abrindo caminho para a introdução de recursos de conformidade e segurança. Sessenta e cinco das empresas Fortune 100 são usuárias do Slack; entre os clientes da Slack’s Fortune 500 estão a Starbucks e a Target.
Ao mesmo tempo, o Slack enfrentou ventos contrários significativos nos últimos anos. O mais notável foi a crescente concorrência da Microsoft, que estreou sua plataforma Teams há três anos, após supostamente cogitar sua própria oferta de aquisição para a Slack em 2016.
O Teams, disponível sem custo extra para assinantes do Office 365, tem 115 milhões de usuários ativos diariamente, com a adoção crescendo durante a pandemia e o bloqueio da força de trabalho que se seguiu. O crescimento da Slack este ano foi percebido como fraco em comparação, já que outros no mercado de software de colaboração, especialmente Zoom, viram as receitas disparar conforme os funcionários mudaram para trabalhar em casa em massa.
Além do mais, a Slack – que concluiu sua listagem direta no ano passado – continua não lucrativa, embora as perdas tenham reduzido significativamente ano a ano, de acordo com os resultados do segundo trimestre para o ano financeiro de 2021. O preço de suas ações também despencou, caindo quase pela metade em relação ao nível de IPO, antes de subir acentuadamente com o boato de uma aquisição na semana passada.
A aquisição da Slack adiciona a uma lista considerável de grandes aquisições pela Salesforce. Entre eles estão a ferramenta de visualização de dados Tableau (US $ 15,3 bilhões) e a plataforma de integração MuleSoft (US $ 6,5 bilhões), bem como a compra de US $ 750 milhões do aplicativo de produtividade colaborativa Quip em 2016.
As aquisições anteriores têm alguma semelhança com a compra da Slack, disse Jason Wong, analista vice-presidente da equipe de desenvolvimento e design de aplicativos do Gartner. “Em grandes aquisições como MuleSoft, Tableau e agora Slack, suas comunidades e ecossistemas foram fatores importantes na estratégia do Salesforce”, disse ele.
“A plataforma do Slack já se integra a mais de 2,4 mil aplicativos e sua capacidade de permitir que parceiros, desenvolvedores profissionais e até mesmo desenvolvedores cidadãos usem abordagens de baixo e nenhum código para construir extensões e aplicativos em sua plataforma é adequada para o manual de estratégia do Salesforce. ”
A Salesforce vendeu aplicativos voltados para os funcionários ao longo dos anos, incluindo sua rede social corporativa Chatter e o portal social Community Cloud, bem como sua plataforma Work.com, que ajudou as empresas na resposta da força de trabalho durante a pandemia. Mas adquirir o Slack fornece acesso imediato a uma plataforma de colaboração amplamente usada com milhões de usuários ávidos, pois melhora seus recursos de colaboração interna.
“No Slack, eles agora têm a oportunidade de oferecer mais recursos de propósito geral e colaboração horizontal do fluxo de trabalho do funcionário (WSC) e vincular a experiência do cliente (CX) à experiência do funcionário (EX)”, disse Wong.
A transação deve ser concluída no segundo trimestre do ano fiscal de 2022. Ela deve ser aprovada pelo conselho de diretores da Slack e está sujeita à aprovação governamental e regulatória.
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