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Saiba porque a transformação digital NÃO funciona

Basta digitar “Why digital strategies fail” ou “Digital transformation failure rate” e aparecerão dezenas de artigos e estudos (alguns deles bons, porém pagos) mostrando índices de falhas alarmantes nas estratégias de transformação digital das empresas.

Desde 2015 todas as grandes consultoras (Forbes, KPMG, Deloitte, McKinsey, Wipro Digital, Gartner etc.) publicaram estudos e, segundo elas, o índice de falha no processo de transformação digital nas empresas está entre 50% e 84%. É inegável que a transformação digital, que para muitos é a única tábua de salvação das empresas, não está funcionando.

Após quatro anos e centenas de milhões de dólares mal gastos em tecnologia (talvez bilhões), ainda tem pessoas e empresas que acreditam que a transformação digital se refere somente à tecnologia.

Já ficou claro que as estratégias digitais ou processos de transformação digital (como preferirem) não funcionam em sua maioria, isso é um fato. Como contra dados não há argumentos, a questão agora é saber o porquê.

Após ler uma dezena de artigos, publicados pelas mesmas consultoras, do tipo “10 razões porque as transformações digitais falham…”, poderíamos fazer um resumo tosco (porém realista) e dizer que os denominadores comuns são:

• Falta de alinhamento entre expectativa e resultados dos processos de transformação digital;
• Falta de alinhamento entre a transformação digital e negócio;
• Falta de alinhamento entre todo o processo de transformação e a cultura organizacional.

Ou seja, nenhum se refere à tecnologia…

A transformação digital impacta o negócio (processos, produtos, serviços, modelos de negócio e resultados) e impacta pessoas (clientes, colaboradores e parceiros), portanto a cultura organizacional.

Aplicar tecnologia para fazer mais e melhor o que a empresa faz hoje é muito básico e simplório.
Se você tem um carro 1.0 indo na direção errada e somente pensa em tecnologia, a solução seria trocar o carro mil por um F1, e sabe o que acontece? Você vai ser muito mais rápido e chegar antes… ao destino equivocado.

Pensar que a tecnologia vai resolver todos os problemas das empresas e da humanidade, é o nosso maior problema!

Neste processo de transformação que estamos vivendo na sociedade e nas empresas, tem muitas variáveis que devemos considerar.

• Novas gerações orientadas a propósito;
• Quatro gerações simultâneas no mercado de trabalho;
• Sociedade exponencial;
• Transtorno dissociativo corporativo;
• Deflação tecnológica;
• Desmaterialização;
• Economia colaborativa;
• Conscientização.

Todos estes fatores impactam ao negócio e muitos deles nos mostram claramente que os modelos atuais estão esgotados. Portanto, as empresas devem usar a tecnologia para fazer mais do mesmo ou para transformar seus negócios?

Neste processo de transformação complexo e multifatorial temos que ser capazes de ver que os riscos e oportunidades não estão na tecnologia e sim no impacto que ela causa.

A sua empresa sabe medir o impacto da tecnologia?

Normalmente estes impactos, quando positivos (oportunidades), são convertidos em retorno para o acionista (importante e necessário), o problema são os impactos negativos (ameaças) que são escondidos detrás de uma crença hipócrita repetida até a saciedade pelos empresários e executivos como forma de aliviar a consciência: “eu gero emprego e pago imposto, faço a minha parte”.

Independentemente se a transformação digital for bem ou malsucedida, ela gera impacto na empresa (negócios) e na sociedade (ser humano), que eu denomino como transformação digital ativa.

Se a transformação digital que eu faço vai impactar o demais, obviamente a transformação digital feita pelos demais também vai me impactar, transformação digital passiva.

Neste momento, não há empresa que não esteja fazendo ou pensando em fazer transformação digital, portanto é preciso buscar ferramentas e metodologias para analisar os impactos da transformação digital de entrada, porque inevitavelmente estes impactos vão levar a empresa a repensar seus modelos de negócio.

Eu me atreveria dizer a lei de Pareto (80/20) também se aplica aos impactos da transformação digital, 20% na transformação digital ativa e 80% na transformação digital passiva.

As empresas só olham para os 20%, ignoram ou desconhecem os 80% e esperam que as coisas funcionem.

A maioria nem chega aos 20% porque não incluem a cultura organizacional no processo, RH deve correr atrás para se adaptar…

Por todos estes motivos a maioria das transformações digitais falham, enquanto o mundo está se transformando tem gente achando que vão resolver os problemas das empresas vendendo cibersegurança, internet das coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e cloud.

Muitas pensam que o importante é a tecnologia e não sua aplicação, não pensam no impacto social nem no impacto meio-ambiental do negócio, e no máximo consideram as pessoas como um cliente (e não como ser humano).

Neste momento, tenho certeza que alguns leitores estão pensando como suas empresas se preocupam com o meio-ambiente colocando lâmpada de ‘led’ apagando as luzes quando saem da sala de reunião, alguns inclusive pensam que por ter certificações ISO ou similares são conscientes, outras pensaram como suas empresas são preocupadas com a sociedade porque libera uma manhã os voluntário para visitar um asilo ou orfanato ou pela campanha do agasalho feita com roupas trazidas pelos colaboradores.

Só posso dizer uma coisa, não se engane, isto está MUITO longe do necessário e do possível.

Se uma empresa é consciente, se seu negócio tem práticas humanizadas, não é preciso ter um departamento de RSC para fazer caridade por marketing, como fazem muitos.

Vivemos um momento ímpar de nossa história e temos em nossas mãos a grande oportunidade de transformar a sociedade e o mundo que vivemos em um lugar melhor.
A tecnologia e a inovação, devem ser protagonistas neste processo de transformação, para transformar empresas em organizações rentáveis e conscientes. Porém, isso só será possível se colocarmos as pessoas no centro do processo de transformação digital.

*Marcio Bueno é fundador da BE&SK e criador da Tecno-Humanização

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