Rodrigo Xavier, CEO da V8.Tech, quer ser 1º brasileiro a fazer escalada express no Everest

Executivo já subiu montanhas na Tanzânia e na Bolívia e conta como experiência influencia em sua vida profissional

Author Photo
11:30 am - 03 de agosto de 2024
Rodrigo Xavier, CEO da V8.Tech Foto: Divulgação

Há dez anos, Rodrigo Xavier fundou a V8.Tech. Esse poderia ser seu grande projeto de vida, se na mesma época ele não decidisse escalar sua primeira montanha. O que, nas palavras dele, mudou a sua vida.

Desde então, ele já praticou montanhismo na Tanzânia e na Bolívia e se prepara para, no ano que vem, se tornar o primeiro brasileiro a subir o Everest em menos de um mês. “Quando você olha para uma montanha, como o projeto do Everest, é um projeto de anos. É uma meta de longo prazo que você precisa montar um roteiro, ter planejamento, tem etapas que precisam ser conquistadas, cada detalhe importa. É como se fosse um planejamento estratégico de uma empresa. Tem a questão do time, quem te apoia, com quem você ta no dia a dia na montanha, é a mesma coisa na empresa”, diz ele.

Confira os melhores momentos da entrevista exclusiva ao IT Forum:

IT Forum: Como a sua história com a escalada começou?

Rodrigo Xavier: É uma história interessante. Em 2015, minha esposa estava grávida da nossa segunda filha e naquela época eu estava mergulhado no mundo corporativo, pesava quase 30kg a mais, estava com a saúde debilitada. Eu tinha 30 anos e entendi que se continuasse daquele jeito, poderia não ver minha filha adulta. Eu trabalhava com um colega que falou que poderíamos escalar uma montanha. Ele disse: ‘é um projeto de longo prazo, um sonho grande, a gente escolhe uma montanha bacana, vamos ter que entrar em forma e o objetivo está lá na frente.’

Nós escolhemos o Kilimanjaro, que é geralmente a primeira montanha dos alpinistas e, em seis meses, eu perdi 20 e poucos quilos, fui pra Tanzânia, escalei e me apaixonei pelo montanhismo.

Você se prepara por tanto tempo para um objetivo, chega lá e é um ambiente muito inóspito, dependendo da altura você pode ficar duas semanas ou até dois meses escalando, como é o caso do Everest. Você quase não toma banho, dorme no chão, passa muito frio. Por que você sai do conforto para isso? Porque acaba se reconectando com uma série de valores, tem uma questão espiritual muito forte e quando volta para o dia a dia é uma retomada de eixo. O importante muda de olhar. O importante é você abrir o chuveiro e ter água quente.

Leia também: 8 executivos de TI que praticam esportes olímpicos

Tem a questão da família, do que realmente importa. A montanha, em muitos casos, te coloca no limite de vida e morte e saber a importância das pessoas que estão me esperando te dá força para seguir em frente.

IT Forum: Depois do Kilimanjaro você já escalou outras montanhas e, agora, está se preparando para subir o Everest…

Rodrigo Xavier: Eu vou para o Everest em abril do ano que vem. Eu estou me preparando para isso escalando uma série de montanhas. Fui para a Bolívia agora no começo de maio, fiz três montanhas em um nível bem difícil, incluindo a Sajama (maior montanha da Bolívia, com 6.542 metros de altitude) e vou para o Kilimanjaro novamente. Nessa, vou levar meu filho, que tem 15 anos, para escalar a primeira vez. E provavelmente vou fazer mais uma entre novembro e janeiro desse ano,

No caso do Everest, estamos falando da altitude, uma expedição de longo prazo (são mais de três semanas na montanha) e um desafio enorme de clima, já que é muito frio, cerca de -10º graus e muito gelo. Eu quero subir a montanha inteira, mas tem uma questão peculiar.

Eu quero ser o primeiro brasileiro a tentar fazer uma escalada expressa. A expedição normal leva entre 45 e 60 dias porque tem um processo de aclimatação na montanha. Você sobe os níveis de altitude passo a passo, sobe 5 mil metros, volta, 6 mil e volta.

E tem uma técnica nova, que surgiu nos últimos três ou quatro anos, de aclimatação em casa. Com ele, eles conseguiram diminuir o ciclo para 22 dias. E eu já estou testando isso. Eu testei na Bolívia, foi muito bom e estou na expectativa de subir o Everest em menos tempo.

Para isso, eu tenho uma barraca que eu monto em cima da minha cama e ela simula a altitude. Enquanto eu durmo, vou subindo a altitude até 7 mil metros.

IT Forum: Como o montanhismo influencia também na vida profissional?

Rodrigo Xavier: Ajuda muito porque são desafios muito similares. Quando você olha para uma montanha, como o projeto do Everest, é um projeto de anos. É uma meta de longo prazo que você precisa montar um roteiro, ter planejamento, tem etapas que precisam ser conquistadas, cada detalhe importa. É como se fosse um planejamento estratégico de uma empresa. Tem a questão do time, quem te apoia, com quem você ta no dia a dia na montanha, é a mesma coisa na empresa.

Ajuda até na gestão de crise, porque na montanha você chega em situações de vida e morte e a gestão de crise faz toda a diferença.

IT Forum: Também te ajudou na fundação da V8.Tech?

Rodrigo Xavier: A V8 nasceu no final de 2014 e eu fui para o Kilimanjaro no começo de 2015. Ou seja, quando eu fui, a V8 já existia, mas quando eu tomei a decisão, a empresa não existia ainda.

O montanhismo ajudou porque foi uma mudança de vida completa. E no montanhismo você aprende a calcular os riscos, a gente amadurece muito nisso. O empreendedorismo é um exercício constante de assumir riscos. Porque senão a gente nunca dá o próximo passo. Na montanha a mesma coisa. Eu aprendi muito com isso e a gente vem conseguindo aplicar muitos desses contextos no dia a dia da empresa.

IT Forum: Falando sobre a V8.Tech… como está sendo 2024 para a empresa?

Rodrigo Xavier: Tem sido um ano muito bom para nós. Fechamos o primeiro semestre com crescimento de 18% em relação ao ano passado. E fechamos 2023 em um ritmo muito forte de crescimento, com aproximadamente 30%, e estamos em uma média muito forte de crescimento basicamente orgânico.

Nós temos dois pilares, de cloud e digital desde desenvolvimento, com soluções voltadas para IA e um portfólio amplo que atende a necessidade dos clientes. Esse ano vai ser histórico do ponto de vista de resultado.

IT Forum: Vocês estão focados em alguma vertical de negócios específica?

Rodrigo Xavier: A gente toca em todas as indústrias, mas atuamos muito forte no segmento financeiro. Nosso foco está em grandes clientes que investem em tecnologia e que entendem que tecnologia pode ser um diferencial para o negócio.

IT Forum: Quais são os próximos passos para a V8.Tech?

Rodrigo Xavier: Esse ano estamos fazendo dez anos de mercado. É um ano muito especial, viemos crescendo muito nos últimos anos e, em 2024, estamos especialmente investindo em um projeto interno de transformação cultural para remodelar o que será a V8 nos próximos 10 anos.

É uma ressignificação cultural. Muitas das nossas pessoas chegaram na pós-pandemia, então quando olhamos para a densidade populacional, 15% estavam com a gente e 85% chegaram já no mundo híbrido. Por isso, tivemos uma cultura sendo criada recentemente quase como uma miscelânia em relação ao que veio antes e o que veio depois. Para o futuro, estamos enxergando uma cultura baseada em habilidades e estamos nos redesenhando para isso. A gente acredita em algo mais descentralizado com os funcionários sendo usados por suas habilidades ao invés de hierarquias.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

Author Photo
Laura Martins

Editora do IT Forum. Jornalista com mais de dez anos de atuação na cobertura de tecnologia. É a quarta jornalista de tecnologia mais admirada no Brasil, pelo prêmio “Os +Admirados da Imprensa de Tecnologia 2022” e tem a experiência de contribuições para o The Verge.

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.